A busca desenfreada por curtidas e comentários está afetando a vida selvagem. É cada vez maior o número de pessoas que tiram selfies com animais exóticos e as publicam nas redes sociais. O problema é que, frequentemente, esse tipo de ação causa sofrimento aos bichos. Pressionado por ONGs, o Instagram decidiu reagir: a partir de agora, o serviço vai dificultar (um pouco) a busca por conteúdo desse tipo.

Falamos do assunto aqui no Tecnoblog em outubro, quando a ONG World Animal Protection divulgou um relatório que denuncia maus-tratos a animais em Manaus (AM) e Puerto Alegria, Peru. Cobras, jacarés, bichos-preguiça e outros animais são disponibilizados em pontos turísticos dessas regiões para que visitantes possam tirar fotos com eles mediante pagamento.

Bicho-preguiça - selfie (foto por World Animal Protection)

O problema é que a maior parte dos turistas não consegue perceber que esses animais estão em condições degradantes. A World Animal Protection encontrou muitos bichos com ferimentos ou sinais de desidratação que olhos leigos não conseguem perceber. Além disso, o simples fato de um bicho ser retirado do seu habitat ou ficar passando de mão em mão é suficiente para deixá-los severamente estressados.

Essa prática existe há muito tempo, mas virou “epidemia” com as publicações online. É por isso que as redes sociais estão sendo pressionadas, especialmente o Instagram. O serviço proíbe publicações que estimulam atividades prejudiciais contra animais, mas nem sempre as fotos transparecem condições de maus-tratos.

Por conta disso, o Instagram passou a exibir um aviso com os dizeres “Projeta a vida selvagem no Instagram” sempre que o usuário pesquisa por hashtags associadas a comportamentos prejudiciais aos animais ou ao meio ambiente. O usuário também terá a opção de acessar um link com explicações sobre o assunto (o material ainda não está traduzido para o português).

As publicações marcadas com as hashtags sensíveis não são bloqueadas. É possível visualizá-las depois do aviso. A intenção do Instagram, neste momento, é a de fazer um trabalho de conscientização, até porque o uso das hashtags não significa que todas as imagens vinculadas a elas retratam maus-tratos a animais.

Aviso - Instagram

Pode parecer uma medida de pouco impacto, mas ela condiz com a preocupação das ONGs de chamar atenção para o problema, razão pela qual a própria World Animal Protection aprova a iniciativa. Nesse sentido, a organização dá algumas recomendações:

Leia | O que viola as Diretrizes da Comunidade do Instagram?

  • Não persiga ou pegue animais selvagens para tirar selfies (coalas e bichos-preguiça, por exemplo, podem ser fofinhos, mas não gostam de ser segurados);
  • Não alimente ou atraia animais com comidas para que eles se aproximem de você para uma foto;
  • Não tire fotos com ou de animais mantidos amarrados ou segurados por alguém;
  • Procure agências de turismo responsáveis; se elas permitirem contato direto com animais selvagens, são grandes as chances de haver problemas ali;
  • Se identificar maus-tratos com animais, relate o problema em plataformas como TripAdvisor ou em redes sociais. A repercussão pode ajudar na conscientização.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.