O Thunderbolt 3 foi padronizado há mais de dois anos, oferece até 40 Gb/s (gigabits por segundo) na transmissão de dados e é compatível com o conector USB-C. Mesmo assim, a gente não vê muitos dispositivos dotados com a tecnologia. É por isso que a Intel tomou uma decisão drástica: vai deixar de cobrar pelo licenciamento do padrão.
Sim, atualmente, os fabricantes que quiserem compatibilizar seus dispositivos com o Thunderbolt 3 devem pagar royalties. Certamente, esse é um dos fatores que fazem a tecnologia estar presente quase que exclusivamente em produtos mais caros, a exemplo da linha MacBook Pro.
Chega a ser irônico, pois a Intel vislumbrou um cenário em que o Thunderbolt seria tão difundido quanto o USB, só que oferecendo muito mais versatilidade, com a tecnologia sendo capaz de transmitir imagens em 4K para um monitor, de transferir dados para um HD externo em altíssima velocidade, de viabilizar aplicações de realidade virtual mais sofisticadas e assim por diante.
Esse padrão universal de comunicação entre dispositivos soou tão promissor que a Apple decidiu apoiar o Thunderbolt: a companhia viu ali a solução para o seu ideal de simplificar as conexões e eliminar a bagunça dos cabos.
Mas, tirando a Apple, poucos fabricantes apostaram na tecnologia. A indústria como um todo reconhece os atributos do Thunderbolt 3, mas ainda prioriza o USB 2.0 e o USB 3.1 porque, embora mais lentos, esses padrões dão conta da maior parte das aplicações e têm custo menor de implementação.
Outro fator que pesa contra a adoção do Thunderbolt 3 é o fato de a Intel não ter se desvencilhado da imagem de proprietária da tecnologia: a empresa dá a entender que esse controle centralizado, digamos assim, facilita o desenvolvimento, pois o padrão não precisa ser aprovado por uma comissão formada por muitas organizações.
Porém, se a Intel é dona do Thunderbolt e a tecnologia ganha bastante espaço no mercado, o que a impedirá de aproveitar esse sucesso para cobrar mais caro pelo licenciamento? Esse é um dos temores que fazem os fabricantes se distanciarem da tecnologia.
Tarde ou não, a Intel decidiu reagir. Até o final do ano, a companhia tornará o Thunderbolt 3 um padrão royalty free. Mas não é só isso: a empresa promete fazer as suas próximas gerações de processadores terem suporte nativo ao padrão.
Esse é um movimento importante, na visão da Intel, porque a integração do Thunderbolt às CPUs não só facilitará a adoção da tecnologia em uma ampla diversidade de equipamentos como ajudará a reduzir o consumo de energia — as baterias dos dispositivos compatíveis não serão “penalizadas”, portanto.
Se essas mudanças trarão resultados positivos, é cedo para sabermos. De qualquer forma, não há dúvidas de que o Thunderbolt vai ganhar uma segunda e promissora chance.
Com informações: PCWorld