Um tribunal da Coreia do Sul condenou Lee Jae-yong, líder e herdeiro da Samsung, a cinco anos de prisão pela sua participação em um gigantesco escândalo de suborno e corrupção que envolve elites políticas e empresariais do país. O executivo está detido desde fevereiro.
De acordo com a sentença, Lee Jae-yong foi considerado culpado da acusação de subornar Choi Soon-sil, amiga bastante próxima de Park Geun-hye, ex-presidente da Coreia do Sul. Choi Soon-sil teria usado as suas conexões políticas para assegurar que o governo aprovasse a fusão de duas unidades da Samsung em 2015 (Samsung C&T e Cheil Industries), operação que, na prática, aumenta o controle da família de Lee Jae-yong à frente do conglomerado.
O dinheiro do suborno, estimado em 43 bilhões de wons (o equivalente a R$ 115 milhões, aproximadamente), foi repassado a organizações sem fins lucrativos controladas por Choi Soon-sil, segundo os promotores. Lee Jae-yong também foi acusado de repassar generosas quantias para financiar a formação de Chung Yoo-ra, filha de Choi Soon-sil, no hipismo.
Lee Jae-yong chegou a confirmar que as transações foram realizadas, mas afirmou que nenhuma delas buscava favorecer a sua participação na Samsung. Mas um tribunal de Seul entendeu que as operações tinham ligação com práticas de corrupção. O executivo também foi considerado culpado das acusações de ocultação de bens no exterior, perjúrio e desfalque de fundos.
Impeachment
A trama toda está sendo considerada um dos casos mais graves de corrupção da Coreia do Sul, tamanha a proporção do escândalo. Choi Soon-sil teria aproveitado a sua proximidade com a então presidente Park Geun-hye para extorquir dinheiro de companhias de grande porte, com destaque para a Samsung.
Encurralada, Park Geun-hye pediu desculpas na TV, demitiu secretários, trocou o ministro das Finanças e realizou várias outras ações, mas não teve jeito: em dezembro de 2016, a presidente sofreu impeachment. Ela e Choi Soon-sil também estão presas.
Com relação ao processo de Lee Jae-yong, nunca uma personalidade tão poderosa sofreu uma condenação como essa, razão pela qual a decisão está sendo bem recebida na Coreia do Sul. Mas os promotores acham que cinco anos de condenação é pouco: eles haviam pedido 12 anos.
A defesa vai recorrer, mas não será fácil
Como esperado, a defesa de Lee Jae-yong irá recorrer. A condenação foi dada por um tribunal menor, portanto, é possível também que os advogados tentem levar o caso para uma instância superior.
Outros líderes de grandes empresas da Coreia do Sul já se envolveram em problemas com a lei, mas não sofreram nenhuma punição severa. Lee Kun-hee, pai de Lee Jae-yong e também ex-líder da Samsung, é um grande exemplo: ele já foi condenado por suborno e evasão fiscal, mas recebeu perdão “por sua contribuição com a economia nacional”.
Mas Lee Jae-yong pode não ter a mesma “sorte”. A principal razão para o escândalo em questão estar sendo investigado com profundidade é o fato de a população da Coreia do Sul — principalmente os jovens — estar cada vez mais engajada no combate à corrupção.
Só para exemplificar, Park Geun-hye sofreu impeachment depois que a população foi às ruas para protestar. A maior manifestação reuniu cerca de dois milhões de pessoas, um número gigantesco, principalmente se levarmos em conta que a Coreia do Sul tem 50 milhões de habitantes.