Loja oficial de Raspberry Pi explica preços altos no Brasil
CEO da FilipeFlop, revendedora oficial de Raspberry Pi, diz que preço é afetado por custos de importação, custos de venda e impostos
CEO da FilipeFlop, revendedora oficial de Raspberry Pi, diz que preço é afetado por custos de importação, custos de venda e impostos
O Raspberry Pi 400 foi lançado recentemente no Brasil por um preço bem salgado: ele sai por R$ 999,90, contra US$ 70 no exterior. Algo semelhante acontece com os outros dispositivos RPi: eles são concebidos como equipamentos baratos, mas chegam custando caro por aqui. A revendedora oficial FilipeFlop detalha os motivos, explicando que não se trata só de dólar e impostos.
Filipe Macedo, CEO e fundador da FilipeFlop, conta ao Tecnoblog os principais fatores envolvidos na formação de preço: importação e nacionalização do produto; impostos e custos de venda; além das despesas da empresa e a margem de lucro.
O executivo afirma que a FilipeFlop paga para a Raspberry Pi Foundation um valor muito próximo do que é cobrado para o usuário final lá fora. Por exemplo, o Raspberry Pi 400 já custa quase US$ 70 para a empresa – ele não pode revelar o número exato devido a acordos de confidencialidade.
Sobre esse preço de custo, a revendedora paga aproximadamente 60% para nacionalização. Isso inclui frete do Reino Unido para o Brasil, seguro, imposto de importação, armazenagem na alfândega, despachante e taxas de registro da carga.
Essa porcentagem varia conforme a classificação NCM, que representa a categoria de produto usada pela Receita Federal, além de peso e cubagem (relação entre peso e volume da carga). “Um ponto negativo do RPi400 é que os impostos que pagamos ficam muito próximos do que uma pessoa física pagaria, o que pode não acontecer em outras categorias”, diz Filipe.
Então temos os custos de venda: impostos (como ICMS), comissão, custos da plataforma, financiamento do frete, parcelamento sem juros, intermediador de pagamento, entre outros. O CEO estima que isso representa algo perto de 20% sobre o preço final para o consumidor.
Ou seja, temos a seguinte cadeia:
Assim, sobrariam US$ 32, ou 17% do total. Filipe diz que esse valor é destinado a pagar todas as despesas com pessoal (salário, impostos, férias, décimo terceiro), despesas administrativas (espaço físico, estoque, aluguel, manutenção, software, contabilidade, prestadores de serviço) e lucro.
Isso indica que, mesmo se a FilipeFlop vendesse o Raspberry Pi com lucro zero – o que não faria muito sentido, dado todo o trabalho para homologar na Anatel, importar e distribuir – o preço não ficaria muito distante do que é praticado agora.
O CEO faz a ressalva de que esses números estão bem arredondados e a mesma regra não se aplica a todos os produtos: “o propósito aqui não é abrir em detalhes, e sim ter uma ideia da formação do preço”.
A FilipeFlop é representante oficial da Raspberry Pi no Brasil desde 2017; em outubro de 2020, a RoboCore se juntou à lista. Ambas vendem produtos como o Raspberry Pi 3, Pi 4 e Pi Zero W a preços bem semelhantes.