A Consumer Reports é uma organização sem fins lucrativos que há décadas avalia diversos tipos de produtos e, com base nisso, cria listas de recomendações. Em contrapartida, a instituição não poupa críticas quando conclui que algo é ruim. A Microsoft sabe bem disso: recentemente, a Consumer Reports passou a não recomendar a compra de modelos da linha Surface.

Surface Pro
Surface Pro

Os critérios de avaliação da organização têm como base uma série de testes, mas também consideram pesquisas realizadas com os consumidores. É aqui que a situação ficou complicada para a Microsoft: um questionário respondido por mais de 90 mil donos de dispositivos Surface apontou que uma de cada quatro unidades da linha apresentou algum tipo de problema nos dois primeiros anos de uso.

Entre os problemas mais frequentes estão travamentos, desligamentos repentinos e tela que deixa de responder aos toques. São falhas que afetam severamente a confiabilidade da linha, afinal, o usuário fica sob o risco de perder as informações da última sessão ativa.

Por conta disso, a Consumer Reports decidiu remover os selos de recomendação do Surface Laptop (nas versões de 128 GB e 256 GB) e do Surface Book (128 GB e 512 GB). Como que para justificar a existência prévia desses selos, a entidade destacou que a Microsoft é relativamente nova no segmento de hardware e, por isso, somente neste ano foi possível colher informações suficientes para estimar a confiabilidade dos produtos.

Surface Book
Surface Book

Não demorou para a Microsoft reagir. A companhia enviou um comunicado à Consumer Reports e à imprensa dizendo que todas as gerações da linha Surface superam os seus predecessores em desempenho e confiabilidade. A companhia também afirma que as taxas de devolução da linha são compatíveis com a média da indústria para dispositivos da mesma categoria.

Na resposta, a Microsoft diz ainda que acredita que o levantamento não reflete com precisão as verdadeiras experiências dos usuários da linha Surface. A companhia não está sozinha: em redes sociais e fóruns, muitas pessoas questionam, por exemplo, o fato de a Consumer Reports não deixar claro quais os critérios considerados em suas avaliações.

Veja também: Surface Laptop bate recorde (ao contrário) no iFixit: impossível de abrir sem destruí-lo

Porém, Paul Thurrott, jornalista conhecido por ter fontes bastante confiáveis quando o assunto é Microsoft, teve acesso a um documento interno da empresa que indica que, se as estimativas da Consumer Reports não são precisas, também não fogem muito da realidade.

O documento aponta, por exemplo, que a taxa de devolução do Surface Book foi de 17% na época de lançamento e se manteve acima de 10% nos seis meses seguintes. Já o Surface Pro 4 teve taxa de devolução de quase 16% no lançamento e, alguns meses depois, passou a registrar menos de 8%.

Gráfico de revolução - Microsoft Surface

Mas há também sinais de otimismo no documento. Começa com a crença da Microsoft de que os resultados da Consumer Reports são inflados com opiniões de usuários que relatam problemas pontuais, que podem ser corrigidos com relativa facilidade.

Mais do que isso, a Microsoft reconhece muitos dos problemas na linha, mas aponta que os mais importantes foram solucionados progressivamente com correções de software. A expectativa, agora, é a de que esses esforços fiquem evidentes nas próximas avaliações da Consumer Reports e ajudem a linha Surface a ter o status de antes. Pelo menos é nisso que a companhia estará focada a partir de agora.

Com informações: The Verge

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.