Empresa de bitcoin é processada em R$ 10 milhões por vazar dados de clientes
MPDFT abriu ação civil pública contra fintech brasileira Atlas Quantum por vazar dados pessoais de 264 mil clientes
MPDFT abriu ação civil pública contra fintech brasileira Atlas Quantum por vazar dados pessoais de 264 mil clientes
O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) processou o Atlas Quantum, empresa que atua com arbitragem de bitcoins, por vazar dados pessoais de 264 mil clientes — inclusive de seu próprio CEO. A ação civil pública pede uma indenização de R$ 10 milhões por danos morais coletivos.
Durante uma investigação do MPDFT, o Atlas Quantum informou que sofreu um acesso não-autorizado no dia 25 de agosto de 2018. No mesmo dia, grupos de bitcoin no Facebook circularam uma lista com dados pessoais de 264.189 clientes.
A planilha incluía nome, e-mail, telefone e saldo em bitcoins. Na época, a fintech disse que não houve roubo de criptomoedas em custódia nem vazamento de senhas.
Esse tipo de vazamento é mais perigoso por incluir o saldo de cada cliente: algumas pessoas tinham mais de R$ 100 mil em bitcoins. O Tecnoblog teve acesso à planilha, que mencionava o CEO Rodrigo Marques, um ex-diretor de marketing do Atlas Quantum, e alguns membros de nossa equipe do TB. Havia também três contas de gerenciamento chamadas “Projeto Atlas”, “Quantum” e “Amortization”.
No processo, o MPDFT diz que o Atlas Quantum “não tomou os cuidados necessários para garantir a segurança dos dados pessoais de seus clientes”. Sua sede fica em Delaware e obedece às leis dos EUA, mas ela tem pelo menos três empresas constituídas no Brasil com status de matriz.
A indenização pedida é de R$ 10 milhões, que seriam revertidos para o FDD (Fundo de Defesa de Direitos Difusos), voltado para projetos de defesa do consumidor e outros interesses coletivos. Claro, a empresa poderia fazer um acordo extrajudicial e pagar bem menos que isso, como foi o caso da Netshoes e do Banco Inter.
O Atlas Quantum administra recursos acima de US$ 30 milhões e tem mais de 240 mil clientes em cerca de 50 países. No entanto, quase todos os seus clientes são brasileiros: “consta o +55 (Brazil Country Code) no começo dos números de telefones informados”, diz o MPDFT.
A fintech trabalha com arbitragem de criptomoedas através de um algoritmo chamado Quantum: ele compra bitcoin em casas de câmbio onde a criptomoeda está mais barata, e a vende simultaneamente em exchanges onde ela está mais cara.
Em comunicado ao Tecnoblog, o Atlas Quantum diz que “não foi informado sobre o processo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), mas reafirma o compromisso com a transparência de todas as suas ações. Reiteramos que o fato não ocasionou qualquer risco de perda dos investimentos, bem como adotamos todas as medidas necessárias para evitar prejuízos aos nossos clientes”.
Com informações: MPDFT. Atualizado em 28/04.