Empresa de bitcoin é processada em R$ 10 milhões por vazar dados de clientes

MPDFT abriu ação civil pública contra fintech brasileira Atlas Quantum por vazar dados pessoais de 264 mil clientes

Felipe Ventura
• Atualizado há 3 anos

O MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) processou o Atlas Quantum, empresa que atua com arbitragem de bitcoins, por vazar dados pessoais de 264 mil clientes — inclusive de seu próprio CEO. A ação civil pública pede uma indenização de R$ 10 milhões por danos morais coletivos.

Durante uma investigação do MPDFT, o Atlas Quantum informou que sofreu um acesso não-autorizado no dia 25 de agosto de 2018. No mesmo dia, grupos de bitcoin no Facebook circularam uma lista com dados pessoais de 264.189 clientes.

A planilha incluía nome, e-mail, telefone e saldo em bitcoins. Na época, a fintech disse que não houve roubo de criptomoedas em custódia nem vazamento de senhas.

Esse tipo de vazamento é mais perigoso por incluir o saldo de cada cliente: algumas pessoas tinham mais de R$ 100 mil em bitcoins. O Tecnoblog teve acesso à planilha, que mencionava o CEO Rodrigo Marques, um ex-diretor de marketing do Atlas Quantum, e alguns membros de nossa equipe do TB. Havia também três contas de gerenciamento chamadas “Projeto Atlas”, “Quantum” e “Amortization”.

Atlas Quantum pode pagar R$ 10 milhões (ou fazer acordo)

No processo, o MPDFT diz que o Atlas Quantum “não tomou os cuidados necessários para garantir a segurança dos dados pessoais de seus clientes”. Sua sede fica em Delaware e obedece às leis dos EUA, mas ela tem pelo menos três empresas constituídas no Brasil com status de matriz.

A indenização pedida é de R$ 10 milhões, que seriam revertidos para o FDD (Fundo de Defesa de Direitos Difusos), voltado para projetos de defesa do consumidor e outros interesses coletivos. Claro, a empresa poderia fazer um acordo extrajudicial e pagar bem menos que isso, como foi o caso da Netshoes e do Banco Inter.

O Atlas Quantum administra recursos acima de US$ 30 milhões e tem mais de 240 mil clientes em cerca de 50 países. No entanto, quase todos os seus clientes são brasileiros: “consta o +55 (Brazil Country Code) no começo dos números de telefones informados”, diz o MPDFT.

A fintech trabalha com arbitragem de criptomoedas através de um algoritmo chamado Quantum: ele compra bitcoin em casas de câmbio onde a criptomoeda está mais barata, e a vende simultaneamente em exchanges onde ela está mais cara.

Em comunicado ao Tecnoblog, o Atlas Quantum diz que “não foi informado sobre o processo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), mas reafirma o compromisso com a transparência de todas as suas ações. Reiteramos que o fato não ocasionou qualquer risco de perda dos investimentos, bem como adotamos todas as medidas necessárias para evitar prejuízos aos nossos clientes”.

Com informações: MPDFT. Atualizado em 28/04.

Relacionados

Escrito por

Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.