NFTs da Ubisoft são um fiasco e quase ninguém está comprando

Desde o lançamento da plataforma Ubisoft Quartz, em 7 de dezembro, apenas 18 NFTs de Ghost Recon Breakpoint foram vendidos

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 6 meses
Ubisoft Quartz (Imagem: Divulgação/Ubisoft)
Ubisoft Quartz (Imagem: Divulgação/Ubisoft)

A tentativa da Ubisoft de entrar no mercado de NFTs parece estar sendo um fiasco. Logo após o anúncio da plataforma Ubisoft Quartz, no início de dezembro, a empresa enfrentou a fúria da comunidade, mas quis continuar com o projeto mesmo assim. Depois de duas semanas no ar, somente 18 tokens não fungíveis de Ghost Recon Breakpoint foram vendidos. Não dá para dizer que é uma surpresa.

Uma das primeiras pessoas a comentar sobre a falha da plataforma de NFTs da Ubisoft foi a artista de personagens sênior de Apex Legends, Liz Edwards. No Twitter, a funcionária da Respawn Entertainment disse ter visitado os marketplaces responsáveis pelas transações do Ubisoft Quartz — Objkt e Rarible. Lá, ela viu que apenas 15 tokens haviam sido comercializados, até a última segunda-feira (20).

Os NFTs de Ghost Recon Breakpoint podem ser comprados com uma criptomoeda chamada Tezos que, na cotação desta terça-feira (21), vale R$ 23,93. Hoje, ao entrar no Rarible, é possível encontrar 10 NFTs vendidos pela quantia de 208,38 Tezos. Enquanto isso, no Objkt, 8 NFTs foram comercializados por 100,49 Tezos. No total, isso dá 308,87 Tezos, que equivale a R$ 7.391,25.

Segundo dados disponíveis no Objkt, a Ubisoft já teria emitido mais de 3 mil NFTs até agora. Vale pontuar, porém, que a empresa distribuiu alguns tokens de graça para jogadores nos primeiros dias. Mesmo assim, vender 18 unidades de qualquer produto dentro de um universo de milhares disponíveis é um pouco decepcionante.

Outro ponto que precisa ser levado em consideração é que cada NFT emitido tem um custo. Não se sabe quanto a Ubisoft precisou desembolsar para criar as “licenças” desses mais de 3 mil itens, mas dá para afirmar que não foi de graça.

NFTs exigem até 600 horas de jogo para serem usados

Por enquanto, o Ubisoft Quartz só pode ser usado por pessoas que jogam os games da Ubisoft. Em outras palavras, somente jogadores de Ghost Recon Breakpoint podem realizar transações na plataforma. Além disso, os três tipos de itens disponíveis — uma arma, uma calça e um capacete — exigem certas “conquistas” para serem usados.

A arma requer um personagem no nível quatro, a calça pede 100 horas de jogo, e só dá para equipar o capacete após jogar por 600 horas. Como o período de distribuição já acabou, a única forma de conseguir esses itens é comprando os NFTs de cada um.

Nem os funcionários da Ubisoft aprovam os NFTs

A inclusão de NFTs em videogames tem sido criticada pela maior parte dos jogadores nas redes sociais. Na última semana, a desenvolvedora GSC Game World, responsável pela franquia Stalker, havia anunciado que Stalker 2 teria conteúdos com blockchain. Depois de receber críticas pesadas da comunidade, a produtora voltou atrás e cancelou o projeto.

No caso da Ubisoft, os próprios funcionários da empresa não veem NFT com bons olhos. Desenvolvedores da Ubisoft Paris que fazem parte do sindicato francês Solidaires Informatique consideram blockchain “uma tecnologia inútil, cara e ecologicamente mortal. Em comunicado, o sindicato ainda disse o seguinte:

“A Ubisoft entrou recentemente no mercado de blockchain e tokens não-fungíveis (NFT). Uma decisão que foi amplamente criticada por nossos jogadores, não trazendo melhorias ou benefícios para nossos jogos. Muitos de nós da empresa pensam da mesma maneira e dizem que blockchain é prejudicial, inútil e sem futuro”.

Funcionários da Ubisoft membros do Solidaires Informatique.

Com informações: Eurogamer, Yahoo Finance.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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