O Google quer achar uma utilidade para a computação quântica

Concurso do Google vai distribuir US$ 5 milhões para as melhores propostas de algoritmos quânticos para tentar resolver problemas do mundo real

Giovanni Santa Rosa
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Sycamore, computador quântico do Google (Imagem: Divulgação / Google)

O Google está oferecendo US$ 5 milhões (cerca de R$ 24,7 milhões) para quem sugerir usos reais para computadores quânticos — algo que ainda falta no desenvolvimento desta tecnologia. A premiação será dividida entre os vencedores e finalistas de uma competição de algoritmos, realizada em parceria com a fundação X Prize, especializada neste tipo de concurso, e a instituição suíça Gesda.

A competição tenta resolver um problema envolvendo a computação quântica: até agora, as promessas de acelerar desenvolvimento de medicamentos e ajudar a compreender a matéria escura, para dar dois exemplos, não passaram do campo hipotético. Por enquanto, só ficou provado que a computação quântica pode realizar tarefas com velocidades maiores que computadores tradicionais, mas estes benchmarks não têm aplicações no mundo real.

“Grande parte da comunidade de pesquisa esteve menos concentrada em tentar combinar estas velocidades mais abstratas a aplicações específicas do mundo real e em tentar descobrir como computadores quânticos poderiam ser usados”, avalia Ryan Babbush, cientista que lidera as iniciativas do Google na área.

“A competição está batendo em uma tecla muito importante. Precisamos descobrir o que fazer com um computador quântico”, considera Nicolás Quesada, professor da Escola Politécnica de Montreal, no Canadá.

Já Bill Fefferman, professor da Universidade de Chicago (EUA), considera que vai ser necessário mais desenvolvimento técnico na área até achar usos relevantes. “Eu não estou otimista que, nos próximos três anos, seremos capazes de descobrir algoritmos e implementá-los no hardware existente”, pondera Fefferman.

Wafer de silício para chips quânticos (imagem: divulgação/Intel)
Wafer de silício para chips quânticos (Imagem: Divulgação / Intel)

Vencedor nem precisa resolver problema

Existem duas formas de participar. Em uma delas, pesquisadores terão que desenvolver algoritmos quânticos. Serão premiados aqueles que poderiam solucionar problemas reais, mesmo que isso não aconteça na prática. A ideia é conseguir mais possibilidades de uso.

A outra possibilidade é mostrar como um algoritmo quântico já existente poderia ser aplicado a um problema do mundo real que não havia sido considerado anteriormente.

As soluções serão avaliadas por critérios como tamanho do impacto, alinhamento com as Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU e viabilidade de execução nas máquinas quânticas disponíveis atualmente ou no futuro próximo.

A cifra de US$ 5 milhões será distribuída entre três vencedores, que receberão US$ 1 milhão cada (R$ 5 milhões), cinco segundos lugares, com US$ 200 mil cada (R$ 990 mil), e 20 semifinalistas, com US$ 50 mil para cada (R$ 250 mil).

Com informações: New Scientist e Gizmodo

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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