Paciente consegue jogar xadrez em computador usando implante da Neuralink

Jovem com tetraplegia diz que conseguiu controlar laptop usando apenas o pensamento, graças a chip da Neuralink implantado em janeiro

Giovanni Santa Rosa
Por
Neuralink / chip N1
Chip N1, da Neuralink, usado para processar sinais cerebrais (Imagem: Reprodução / Neuralink)

Em uma live, a Neuralink mostrou Noland Arbaugh, uma pessoa com tetraplegia, jogando xadrez em um laptop. Primeiro paciente a receber um implante cerebral da empresa, em uma cirurgia realizada em janeiro, Arbaugh diz que basta olhar para algum lugar da tela para mover o cursor até lá.

“Não é perfeito. Eu diria que enfrentamos alguns problemas”, comenta. “Ainda tem muito trabalho pela frente, mas já mudou minha vida. Eu sinto que isso vai mudar o mundo.” Arbaugh diz também ter conseguido jogar Civilization VI por oito horas, tendo que parar apenas para recarregar o implante. Ele descreveu o processo como usar a Força, dos filmes da franquia Star Wars.

A transmissão foi feita pela conta da Neuralink na rede social X (antigo Twitter). Elon Musk, cofundador da empresa, republicou o vídeo, dizendo que é possível “controlar um computador e jogar video game através apenas de pensamentos”. Anteriormente, Musk havia dito que o produto se chamará Telepathy.

Implante é um avanço, mas não é inédito, dizem cientistas

Kip Ludwig, ex-diretor do programa de engenharia neurológica do NIH, nos Estados Unidos, afirmou que o que a Neuralink mostrou não é uma “descoberta revolucionária”. Mesmo assim, ele considera que é um “bom ponto de partida”.

“Ainda estamos nos primeiros dias pós-implante, e será necessário muito aprendizado por parte da Neuralink e do paciente para maximizar a quantidade de informação de controle que pode ser alcançada”, disse o cientista à Reuters.

Implante da Neuralink
Implante da Neuralink é colocado no cérebro por um robô cirurgião (Imagem: Reprodução / Neuralink)

O Wall Street Journal também lembra que controlar um computador por um implante cerebral não é uma novidade — isso já foi feito há 20 anos. Mesmo assim, há avanços notáveis: a transmissão de dados não necessitou de fios, e o paciente conseguiu conversar ao mesmo tempo em que controlava o computador.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em janeiro, o cientista Miguel Nicolelis, professor emérito da Universidade Duke (EUA), disse que o que a Neuralink faz é “só fumaça”. Max Hodak e Tim Hanson, cofundadores da Neuralink, foram alunos de Nicolelis. Ambos não estão mais na empresa.

Na avaliação do cientista, pacientes com paralisia não querem se submeter a uma neurocirurgia e a seus riscos, e é possível tratar estes casos com técnicas não invasivas.

A Neuralink não é a única empresa explorando o campo das interfaces cérebro-máquina. Synchron, Precision Neuroscience, Paradromics e Blackrock Neurotech são alguns nomes da área.

Com informações: Reuters, The Wall Street Journal, Folha de S.Paulo

Receba mais sobre Neuralink na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

Relacionados