Prefeitura de São Paulo quer colocar regras para dark kitchens

Dedicadas ao delivery e com dimensões quase industriais, dark kitchens incomodam vizinhos com barulho de turbinas e cheiro de gordura

Giovanni Santa Rosa

A pandemia aumentou a procura por delivery. Para dar conta da demanda, muitas redes recorreram a dark kitchens. Este nome é dado a cozinhas montadas em galpões e dedicadas exclusivamente a entregas, sem identificação na fachada, muito menos serviço no local. O ritmo frenético de trabalho, porém, passou a incomodar vizinhos. Para tentar resolver a questão, a Prefeitura de São Paulo quer regulamentar estes estabelecimentos.

Em um projeto de lei enviado à Câmara Municipal na segunda-feira (30), a Prefeitura propõe algumas regras para as dark kitchens.

Uma delas diz respeito ao funcionamento entre 1h e 5h. Elas precisarão ter adequação acústica e não gerar incômodo. Caso contrário, é proibido operar.

Outra mudança é que os serviços de delivery não poderão usar calçadas. Isso vale tanto para carga e descarga quanto para acomodação de motocicletas e bicicletas.

Para contornar isso, os proprietários deverão alocar um espaço dentro do galpão para os prestadores de serviço. O projeto de lei determina uma vaga para cada 12 m² de área de cozinha.

Além disso, as cozinhas deverão ter um laudo técnico em relação à emissão de gases, vapores e odores.

Vizinhos reclamam de dark kitchens

As regras pretendem diminuir os incômodos e problemas causados pelas dark kitchens aos vizinhos. Muitos desses estabelecimentos estão localizados em bairros residenciais de São Paulo, como Lapa, Mooca e Paraíso.

Entre as reclamações dos moradores, estão o barulho alto dos exaustores, a movimentação de motos de entregadores, o mau cheiro e a gordura impregnada em roupas.

As dark kitchens são galpões onde ficam instaladas várias cozinhas, frequentemente de mais de uma rede. Em uma das unidades da Lapa, há espaço para até 35 cozinhas.

O estabelecimento é da Kitchen Central, braço brasileiro da CloudKitchens, fundada por Travis Kalanick, ex-Uber.

Ainda não há previsão para o projeto de lei ser discutido na Câmara Municipal de São Paulo.

Com informações: G1 1, 2, Folha de S.Paulo.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.