Cientistas divulgam a primeira imagem de um buraco negro
Buraco negro está na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz de distância, e tem 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol
Buraco negro está na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz de distância, e tem 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol
Hoje é um dia histórico para a astronomia: cientistas divulgaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagem real de um buraco negro. Ele está localizado na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz de distância, e a foto mostra o horizonte de eventos: trata-se da fronteira na qual a força da gravidade é tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar.
Esta é mais uma evidência que suporta a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. O cientista previu que o espaço possui regiões infinitamente densas e compactas nas quais nada escapa à força da gravidade — são os buracos negros. Eles “sugam” a luz e são invisíveis por definição.
No entanto, de acordo com a teoria da relatividade, o campo gravitacional faz com que a luz se curve ao redor do buraco negro. Isso forma um anel brilhante e cria uma “sombra”: trata-se do contorno do buraco negro e de sua fronteira (horizonte de eventos). É isso o que vemos na imagem: um “anel de fogo” circundando uma região central escura.
Este buraco negro é realmente enorme: sua massa equivale a 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol. Ele “é muito maior que a órbita de Netuno, e Netuno leva 200 anos para dar a volta ao Sol”, explica Geoffrey Crew, cientista pesquisador do Haystack Observatory, em comunicado.
O buraco negro supermassivo está no aglomerado de Virgem, a cerca de 500 quintilhões de quilômetros da Terra; esse número é um 5 seguido de vinte zeros. Ou seja, não é exatamente fácil tirar uma foto dele, mas isso foi possível graças a uma colaboração internacional de 200 astrônomos.
A imagem foi capturada por oito radiotelescópios espalhados em quatro continentes, inclusive na Antártida, no que o MIT chama de “um telescópio virtual do tamanho da Terra”. A técnica se chama interferometria de longa linha de base (VLBI na sigla em inglês).
Basicamente, o mesmo sinal astronômico é coletado por vários radiotelescópios, e então tudo é reunido em uma só observação. Supercomputadores do Instituto Max Planck e do Haystack Observatory combinaram petabytes de dados brutos dos telescópios para formar a imagem que você vê aqui.
Futuras imagens de buracos negros devem ser ainda mais nítidas, porque a rede global de radiotelescópios vai aumentar: ela é chamada de Event Horizon Telescope (EHT) e vai incluir telescópios da Groenlândia, França e EUA. Isso significa que os cientistas poderão capturar mais dados de uma mesma região do espaço.