Cientistas divulgam a primeira imagem de um buraco negro

Buraco negro está na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz de distância, e tem 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol

Felipe Ventura
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• Atualizado há 1 semana

Hoje é um dia histórico para a astronomia: cientistas divulgaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagem real de um buraco negro. Ele está localizado na galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz de distância, e a foto mostra o horizonte de eventos: trata-se da fronteira na qual a força da gravidade é tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar.

Esta é mais uma evidência que suporta a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. O cientista previu que o espaço possui regiões infinitamente densas e compactas nas quais nada escapa à força da gravidade — são os buracos negros. Eles “sugam” a luz e são invisíveis por definição.

No entanto, de acordo com a teoria da relatividade, o campo gravitacional faz com que a luz se curve ao redor do buraco negro. Isso forma um anel brilhante e cria uma “sombra”: trata-se do contorno do buraco negro e de sua fronteira (horizonte de eventos). É isso o que vemos na imagem: um “anel de fogo” circundando uma região central escura.

Este buraco negro é realmente enorme: sua massa equivale a 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol. Ele “é muito maior que a órbita de Netuno, e Netuno leva 200 anos para dar a volta ao Sol”, explica Geoffrey Crew, cientista pesquisador do Haystack Observatory, em comunicado.

Buraco negro foi visto por rede de telescópios na Terra

O buraco negro supermassivo está no aglomerado de Virgem, a cerca de 500 quintilhões de quilômetros da Terra; esse número é um 5 seguido de vinte zeros. Ou seja, não é exatamente fácil tirar uma foto dele, mas isso foi possível graças a uma colaboração internacional de 200 astrônomos.

A imagem foi capturada por oito radiotelescópios espalhados em quatro continentes, inclusive na Antártida, no que o MIT chama de “um telescópio virtual do tamanho da Terra”. A técnica se chama interferometria de longa linha de base (VLBI na sigla em inglês).

Radiotelescópios que formam a rede global chamada Event Horizon Telescope (EHT)

Basicamente, o mesmo sinal astronômico é coletado por vários radiotelescópios, e então tudo é reunido em uma só observação. Supercomputadores do Instituto Max Planck e do Haystack Observatory combinaram petabytes de dados brutos dos telescópios para formar a imagem que você vê aqui.

Futuras imagens de buracos negros devem ser ainda mais nítidas, porque a rede global de radiotelescópios vai aumentar: ela é chamada de Event Horizon Telescope (EHT) e vai incluir telescópios da Groenlândia, França e EUA. Isso significa que os cientistas poderão capturar mais dados de uma mesma região do espaço.

Com informações: MIT, Engadget.

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Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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