Exames neurológicos comprovam: reuniões virtuais cansam mais que presenciais

Eletroencefalogramas de alunos que assistiram a uma palestra online mostram níveis de fadiga, tristeza e sonolência maiores que aqueles que estavam na sala de aula

Giovanni Santa Rosa

O fenômeno conhecido como “fadiga do Zoom” é mais real do que se pensava. Um estudo realizou exames neurológicos e cardíacos após reuniões virtuais e comprovou que elas realmente provocam cansaço, tristeza, sonolência e sentimentos negativos.

A pesquisa foi feita por universidades da Áustria. Os especialistas realizaram eletroencefalogramas (EEG) e eletrocardiogramas (ECG) em 35 estudantes universitários após uma palestra de 50 minutos de duração. Enquanto um grupo estava em uma sala de aula convencional, o outro estava em uma videoconferência.

Este é o primeiro estudo publicado a usar ferramentas de diagnóstico médico para estudar a “fadiga do Zoom”. Pesquisas anteriores recorriam apenas a questionários.

Os exames cardíacos e cerebrais mostraram que o grupo que acompanhou a aula de modo online tinha sinais significativamente maiores de fadiga, tristeza, sonolência e sentimentos negativos, assim como menos atenção e engajamento.

Homem com as mãos no rosto, aparentando cansaço
Cansaço, sonolência e irritação são maiores em quem participa de reuniões online (Imagem: Christian Erfurt/Unsplash)

Nos questionários aplicados, eles relataram sentir mais cansaço, sonolência e irritação do que os que estavam em uma palestra presencial. Eles também relataram estar menos animados, felizes e dispostos.

“A ausência de sinais não-verbais mais sutis nas interações virtuais inibe a riqueza da comunicação, dificultando o engajamento e a conexão dos participantes”, diz Gernot Müller-Putz, engenheiro biomédico da Universidade de Tecnologia de Graz, na Áustria, e um dos autores do estudo.

Entre as consequências deste cansaço, os pesquisadores apontam a potencial deterioração da qualidade da comunicação e da colaboração. Isso pode ter impactos tanto profissionais quanto pessoais.

O que fazer para reduzir a “fadiga do Zoom”?

A principal recomendação dada pelos autores é fazer pausas depois de 30 minutos de reunião. Outra dica é ativar a opção que mostra apenas a câmera de quem está falando, como uma forma de reduzir a intensidade do contato visual.

Além dos aspectos práticos, os cientistas dizem que desenvolvedores de ferramentas do tipo podem procurar formas de replicar as dinâmicas sutis das interações presenciais, para reduzira carga cognitiva das reuniões virtuais.

Em um estudo anterior sobre a “fadiga do Zoom”, realizado em 2021 por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, também traz dicas importantes:

  • reduzir a janela da videoconferência, para que as cabeças pareçam mais distantes;
  • fechar a janela que mostra sua própria imagem;
  • colocar a câmera mais longe de você, para não precisar ficar parado no enquadramento da imagem;
  • desligar o vídeo e sua câmera de vez em quando, ficando só com o áudio da reunião.

Com informações: Spectrum

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.