Startup quer distribuir criptomoedas em troca de escanear sua íris
Worldcoin quer criar sistema de identificação biométrica universal para distribuir nova criptomoeda para o mundo todo
Worldcoin quer criar sistema de identificação biométrica universal para distribuir nova criptomoeda para o mundo todo
O famoso empresário do Vale do Silício Sam Altman, anteriormente CEO da Y Combinator, agora está envolvido em um plano pioneiro para ajudar na implementação de criptomoedas na economia global, enquanto cria um sistema de identificação pessoal universal. Através de sua nova startup, Worldcoin, ele pretende oferecer moedas digitais em troca dos dados biométricos das íris do maior número de indivíduos que a empresa conseguir atingir.
O dispositivo que fará o trabalho tem um formato de orbe e realiza a varredura da íris para construir um identificador pessoal único para cada pessoa. A Bloomberg teve acesso a informações privilegiadas de dentro do ambicioso projeto, que já levantou cerca de US$ 25 milhões em investimentos.
De acordo com Altman, a ideia surgiu no final de 2019 e sua intenção é usar as criptomoedas para distribuir dinheiro da maneira mais abrangente possível e ajudar a implementar essa tecnologia nas economias globais. A Worldcoin quer desenvolver uma moeda digital especial para o projeto. Através dela, participantes seriam compensados financeiramente por terem suas íris escaneadas, a fim de criar um identificador pessoal universal.
Nesse sentido, as criptomoedas se tornaram a melhor escolha para conseguir chegar mais facilmente ao maior número de pessoas, mas a Worldcoin ainda pesquisa como atingir a parcela da população que está desconectada. Enquanto sua moeda digital própria não está pronta, voluntários estão sendo compensados principalmente com bitcoin (BTC).
Altman foi um dos três fundadores da Worldcoin, mas atualmente não tem uma função definida nas operações diárias da empresa, atuando principalmente como um consultor. “Estou muito interessado em coisas como renda básica universal, o que vai acontecer com a redistribuição global da riqueza e como podemos fazer isso melhor”, disse à Bloomberg. “Existe uma maneira de usarmos a tecnologia para fazer isso em escala global?”
Outro cofundador da Worldcoin é Alexander Biania, e está trabalhando com Altman nesse projeto. Nesse momento, a empresa ainda está se preparando para uma apresentação formal da empreitada e considerando todas as dificuldades.“Muitas pessoas em todo o mundo ainda não têm pleno acesso aos sistemas financeiros”, disse Biania. “As criptomoedas têm o potencial de nos levar até elas.”
Assim, a promessa da Worldcoin é “uma nova moeda digital global que será lançada dando uma participação a cada pessoa na terra”. A startup também descreve que seu objetivo é ajudar a transição das de economias em todo o mundo para as criptomoedas através de uma abordagem inovadora: “um dispositivo de hardware dedicado que garante a humanidade e a exclusividade de todos que se inscreverem, enquanto mantém sua privacidade e a transparência geral em um blockchain privado”.
Biania também deu mais detalhes sobre o dispositivo: esférico, prateado e do tamanho de uma bola de basquete. Segundo o executivo, o aparelho pode ser facilmente transportado e usado para escanear a íris de pessoas em todo o mundo, criando um banco de dados de identificadores biométricos sem precedentes.
Os testes já começaram, ainda em pequena escala, mas já ocorre em múltiplas cidades. Biania e Altman não especificaram quais e em que países. Porém, eles confirmaram que há pelo menos 20 protótipos circulando todo o mundo. Inicialmente, a produção do aparelho é cara, cada um custa cerca de US$ 5 mil, mas a Worldcoin afirma que o gasto cairá drasticamente conforme eles refinam seu processo de fabricação.
Por mais que o objetivo central do projeto seja a distribuição de renda universal e digitalização do dinheiro no mundo todo, a tecnologia de identificação biométrica pessoal em blockchain surgiu pela necessidade de verificação de identidade.
Biania explicou que o plano deve evitar ao máximo fraudes no sistema, por mais que a coleta desse tipo de informação implique em muitas questões de privacidade. Porém, ele garante que a Worldcoin tornará todo o processo o mais transparente possível para que todos saibam como e onde seus dados estarão sendo usados. Segundo o executivo, cada escaneamento gerará um código numérico único vinculado à iris da pessoa, mas os arquivos de imagem serão excluídos, e não armazenados.
Com informações: Bloomberg