Quênia suspende startup que oferece criptomoeda a quem escanear íris

Idealizado por CEO do ChatGPT, Worldcoin paga US$ 50 para usuários; autoridades querem investigar segurança e privacidade da coleta biométrica

Giovanni Santa Rosa
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Orb, equipamento da Worldcoin usado para leitura da íris
Orb, equipamento da Worldcoin usado para leitura da íris (Imagem: Divulgação/Worldcoin)

O Worldcoin é um projeto ambicioso — e controverso. Ele se propõe a escanear a íris de toda a população global para criar um sistema único de autenticação. Além disso, promete distribuir renda, pagando quem se cadastrar. O governo do Quênia, um dos primeiros países a receber a iniciativa, decidiu proibir a coleta de dados.

A Autoridade de Comunicações do Quênia vai avaliar o Worldcoin devido à “falta de clareza sobre segurança e armazenamento” dos dados das íris escaneadas, bem como à “incerteza” em relação à criptomoeda oferecida a quem se cadastra.

O Quênia não é o único país a ficar de olho (com o perdão do trocadilho) no Worldcoin. França, Alemanha e Reino Unido são alguns dos países que estão avaliando se o projeto viola leis de privacidade.

Projeto paga US$ 50 por pessoa

Segundo reportagens do site Rest of World e do jornal queniano The Standard, muitas pessoas no país se interessaram em escanear suas íris devido ao pagamento de 25 Worldcoins, que equivalem a cerca de US$ 50 ou R$ 240.

A maioria dos participantes teria sido atraída pelo dinheiro e não estava ciente dos objetivos do projeto — uma situação que se repete em Hong Kong e em Bangalore (Índia).

Com a suspensão das atividades, autoridades do Quênia precisaram dispersar filas de milhares de pessoas.

Worldcoin foi idealizado por fundador da OpenAI

A pessoa por trás do Worldcoin é Sam Altman, que criou a startup Tools for Humanity. Altman também é um dos fundadores e atual CEO da OpenAI, que desenvolve o ChatGPT e o Dall-E.

O Worldcoin foi anunciado em junho de 2021. Ele promete fazer um pagamento em uma criptomoeda própria a cada pessoa que escanear sua íris em um equipamento específico, chamado Orb — uma esfera prateada, do tamanho de uma bola de boliche.

Em maio de 2023, o aplicativo World foi lançado em mais de 80 países, e o Brasil está na lista. Ele funciona como carteira de criptomoedas e passaporte para login sem senhas, por meio da World ID, carteira de identidade registrada em uma blockchain.

O lançamento oficial da Worldcoin aconteceu em 24 de julho de 2023, quando as Orbs começaram a funcionar em 35 cidades de 20 países. No Brasil, o projeto está presente em três locais na cidade de São Paulo.

Durante o período beta, mais de 2 milhões de pessoas fizeram o registro de seus dados biométricos. Uma reportagem da MIT Technology Review aponta que muitas não receberam o dinheiro prometido.

Com informações: The Verge, Rest of World

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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