Supercomputador mais rápido do Brasil é desligado por falta de dinheiro para conta de luz

E isso pode causar danos irreversíveis ao Santos Dumont, que custou R$ 60 milhões

Paulo Higa
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

O supercomputador Santos Dumont é o mais potente da América Latina e funciona no Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis (RJ), processando dados de estudos sobre o vírus zika, mal de Alzheimer e camada pré-sal. Pena que ele precisou ser desligado, mesmo estando com pesquisas atrasadas: o laboratório está sem dinheiro para pagar a conta de energia elétrica.

A máquina é composta por 18.144 núcleos de processadores Intel Xeon E5–2695v2 de 2,4 GHz, divididos em 756 nós de computação, que estão interligados para formar o supercomputador de 380 metros quadrados. Cada nó possui 64 GB de memória DDR3, resultando em pouco mais de 47 TB de RAM, e alguns deles são especializados em certas tarefas, contando também com chips gráficos Nvidia Tesla K40 e coprocessadores Xeon Phi.

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Para manter todos os processadores funcionando, o Santos Dumont chega a gastar R$ 500 mil em energia elétrica num único mês, o equivalente a um bairro com três mil famílias. Esse valor corresponde a 80% da verba que o laboratório recebe do governo federal. Como o orçamento não foi reajustado, ficou inviável manter o supercomputador ligado.

Um dos problemas de desligar o Santos Dumont é que seis pesquisas já estão atrasadas e 75 ainda nem começaram, entre projetos na área de energia, petróleo, gás e saúde. O supercomputador conseguiu processar cadeias de proteínas que podem ser utilizadas em tratamentos contra o mal de Alzheimer em apenas três dias. Laboratórios comuns não chegaram ao mesmo resultado em mais de três anos de estudo.

Mas a grande questão é que o Santos Dumont tem peças que podem “sofrer danos se ficarem sem uso”, como conta Wagner Leo, coordenador de tecnologia do laboratório, em entrevista à rádio CBN. E há apenas mais um supercomputador brasileiro na lista dos 500 mais rápidos do mundo, o Cimatec Yemoja, do Senai, como lembra o Gizmodo Brasil. Ele fica em Salvador e tem capacidade de processamento de 405 teraflops, pouco mais de um terço dos 1,1 petaflops do Santos Dumont.

O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações está “em busca de uma suplementação orçamentária” para o laboratório, mas não há previsão para que o repasse aconteça. Inaugurado em janeiro, o supercomputador custou R$ 60 milhões.

Leia | O que é um supercomputador? [Características e usos]

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.