Youtubers que fazem resumo de filmes em 10 minutos estão sendo presos

Polícia japonesa já prendeu ao menos seis youtubers por infração de direitos autorais desde junho de 2021 por resumirem filmes em 10 minutos no YouTube

Bruno Ignacio
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Imagem de página derrubada no YouTube

Que pirataria é crime todos sabemos, mas ainda assim a fazemos. No entanto, a polícia japonesa está cada vez menos tolerante quando se trata de infrações de direitos autorais. Nesta semana, um homem foi preso no Japão por postar resumos de 10 minutos de filmes no YouTube, incluindo um do drama coreano vencedor do Oscar Parasita. Em 2021, outras cinco pessoas foram detidas pelo mesmo motivo.

O youtuber japonês postou recentemente 10 edições curtas de filmes na internet. Yukio Takasugi, de 48 anos, gerenciava o canal “Fast Cinema” no YouTube. Ele chegou a ser abordado pelas autoridades múltiplas vezes, e até falou com a mídia japonesa sobre o assunto, alegando “não estar fazendo nada de errado”.

Youtuber resumia filmes em 10 minutos

Em seu canal, Takasugi editava e narrava filmes de horas de duração em resumos de apenas 10 minutos. Seria uma forma de suprir uma demanda gerada por pessoas que se interessam por um título, mas que não têm o tempo ou a disposição para ver o filme todo. Assim, um “gostinho” do longa poderia ajudar o espectador a decidir se vai ou não vê-lo inteiro.

No entanto, seu trabalho foi considerado pirataria pelas autoridades japonesas. Não demorou para que o grupo antipirataria Content Overseas Distribution Association (CODA) acionasse a polícia contra o youtuber. O homem foi levado para questionamento ainda em dezembro 2021, mas seguiu postando seu trabalho. No entanto, foi somente nesta semana que as autoridades finalmente prenderam Takasugi.

De acordo com um comunicado em japonês publicado pelo CODA e traduzido pelo Tecnoblog, a Polícia da Província de Miyagi e a Delegacia de Polícia de Shiogama prenderam um homem suspeito de violar a lei de direitos autorais no dia 15 de fevereiro. Ainda que o grupo não tenha identificado o nome do indivíduo, todos os detalhes indicam claramente que se trata de Takasugi

“Em junho de 2021, quando a primeira pessoa que fazia esse tipo de postagem de ‘filmes rápidos’ foi presa, ele afirmou durante uma entrevista: ‘Em abril de 2020 comecei a produção e publiquei uns cinquenta vídeos. Todo mês recebia 100.000 ienes, no total já recebi cerca de 1.500.000 ienes’ (US$ 13 mil). Além disso, o suspeito confirmou que sabia que esse tipo de comportamento/atitude é crime.”

CODA em comunicado sobre prisão de youtuber

Embora ele tenha editado, narrado e publicado muitos “filmes rápidos”, o CODA cita apenas três, incluindo o drama coreano Parasita. “Além disso, descobrimos também que ele pedia para que seus seguidores se tornassem assinantes de seu canal no YouTube por 500 ienes ao mês para disponibilizar esse tipo de video”, acrescenta a organização.

Japão leva pirataria muito a sério

Produtos piratas (Imagem: Peter Dutton/Flickr)
Pirataria (Imagem: Peter Dutton/Flickr)

A prisão de Takasugi não é a primeira do tipo no Japão. Em junho de 2021, três pessoas foram presas por postaram o mesmo tipo de conteúdo: resumos de 10 minutos de filmes e séries no YouTube. Em julho, outras duas pessoas foram detidas pelo mesmo motivo.

Diferente do Brasil, Estados Unidos e outros países, a lei de direitos autoriais no Japão é rígida e inflexível, sem muitas brechas ou exceções para que os acusados se defendam. Por exemplo, um réu recebeu 2 anos de prisão mais uma multa de 2.000.000 ienes. Outro recebeu 18 meses de reclusão e terá que pagar 1.000.000 ienes. Sim, os japoneses levam pirataria muito a sério.

No caso de Takasugi, o CODA destacou no documento que uma dos maiores problemas legais envolvendo a publicação das edições de 10 minutos é que o youtuber monetizou um trabalho que não lhe pertence. A organização antipirataria concluiu, dizendo que “continuará a tomar medidas” para identificar uploaders desse tipo de conteúdo e denunciá-los às autoridades.

Com informações: TorrentFreak

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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