Por que o corretor de texto do iPhone erra tanto?

O Business Insider conversou com Ken Kocienda e conseguiu pistas sobre o que está acontecendo com o corretor de texto do iPhone

Melissa Cruz Cossetti
• Atualizado há 1 ano e 9 meses

O corretor de texto automático às vezes dá nos nervos. Você já tentou escrever alguma coisa, mas o telefone continua mudando para outra? Pode parecer que ele está trabalhando contra você, em vez de ajudar em alguma coisa. Mas se o corretor automático, no caso do iPhone, já tem mais de 10 anos, por que ele ainda erra tanto?

O que é a correção automática?

“A correção automática usa o dicionário do teclado para verificar a ortografia das palavras enquanto você as digita. Esse recurso corrige automaticamente as palavras com grafia incorreta. Para usá-lo, basta digitar em um campo de texto”, diz a Apple.

O que é texto preditivo?

Um pouquinho diferente, o texto preditivo permite escrever e completar frases inteiras com apenas alguns toques. “Enquanto digita, verá opções de palavras e frases que provavelmente digitará em seguida, com base em suas conversas anteriores e estilo de escrita”, completa a fabricante. É um pouco mais avançado.

Iphone / Josh Felise / Unsplash

Geralmente, a ferramenta funciona muito bem, mas às vezes se recusa completamente a entender o que você digitou. Ken Kocienda, ex-engenheiro da Apple na “Era do Ouro de Steve Jobs” conta que quando inventou a correção automática — desde o código que entende seus toques na tela até o momento em que ele descobre o que você pretende digitar — apresentou a Jobs da mesma forma que ele apresentava o iPhone.

“Ele queria que o trabalho falasse por si mesmo”, explicou à CNBC.

“Steve não gostava de muita conversa ou descrição sobre demos e protótipos antes de estar olhando para eles. É necessário que seja óbvio … as pessoas quando estão interagindo com software, só querem que ele faça o que propõe”, completou.

Tensões à parte, Jobs gostou da ideia, e o corretor segue firme até hoje, errando ou não.

O Business Insider conversou com Kocienda e conseguiu algumas pistas sobre o que está acontecendo, desde sempre, no iOS. Mas, antes disso, precisamos entender como a correção automática funciona: quando você digita algo, há muito trabalho acontecendo em segundo plano. O telefone analisa a entrada e a compara a dicionários. Depois, tenta interpretar corretamente a palavra ou frase que você quer digitar.

Exemplo (em inglês):

Quando digita “fopd”, o iPhone entende e muda para “food” porque “fopd” não é uma palavra, e falta apenas uma letra para “food”. Mas nem todo exemplo é óbvio.

É aqui que a coisa se complica.

U, I e O

De acordo com Kocienda, as vogais U, I e O são muito próximas fisicamente no teclado do aparelho. Então, uma palavra como “put”, “pit” ou “pot” é muito desafiadora.

Essa é a parte mais difícil e não corrigir ortografia ou gramática, mas interpretar o que estava querendo dizer a partir do que escreveu. Quase sempre o corretor automático acerta, mas os usuários tendem a notar a sua existência apenas quando ele erra.

Teclado do iPhone

“Se ele fizer o que deveria fazer (corretamente) 19 vezes e, em seguida, na 20ª vez, cometer um erro, esse erro elimina os sentimentos positivos que as pessoas têm pelas 19 vezes em que funcionou”, disse o engenheiro, em sua defesa mais do que merecida.

Se for do seu interesse fazer alguns ajustes, principalmente no que diz respeito a alguns xingamentos que você tenta fazer por mensagem mas são sempre barrados pelo corretor automático, tem jeito. No iOS, vá para Configurações > Geral > Teclado > Toque em “Adicionar atalho” ou “Substituição de texto”. Aí você pode adicionar uma nova palavra ou um atalho que completa para uma palavra específica ao digitar letras.

Mas, vai ficar assim para sempre?

Desde que a tecnologia foi criada, ela vem melhorando. No futuro, porém, o aprendizado de máquina pode criar uma correção automática de texto mais precisa.

Porém, seja qual for a tecnologia, não podemos perder de vista o objetivo original da autocorreção: tornar a digitação rápida e precisa, de forma que o software desapareça, diz o especialista.

Errando muito ou pouco, a correção automática está longe de ser perfeita, mas nossas mensagens ficariam muito piores sem ela. E, nos Ajustes, sempre há como melhorá-la.

Com informações de: BI e CNBC

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.