O que é o HarmonyOS?

HarmonyOS é um sistema operacional idealizado pela chinesa Huawei para celulares, tablets, TVs e afins; descubra mais detalhes

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 1 ano
HarmonyOS é um sistema operacional anunciado pela chinesa Huawei em 2019 para funcionar em celulares, tablets, smartwatches, TVs, painéis de carros e outros dispositivos. O projeto tem a proposta de atender a múltiplos equipamentos para, entre outras razões, facilitar a integração entre eles.
O que é HarmonyOS?

Pense em um sistema operacional para celulares. Provavelmente, você pensou no Android ou no iOS. Mas há outras opções, entre elas, o HarmonyOS. Esse é um projeto criado pela Huawei para ser um sistema tão ou mais interessante do que o Android, não só em smartphones, mas em tablets, TVs e outros dispositivos. Quer saber mais? Continue lendo.

Uma definição do HarmonyOS

HarmonyOS é um sistema operacional anunciado pela chinesa Huawei em 2019 para funcionar em celulares, tablets, smartwatches, TVs, painéis de carros e outros dispositivos. O projeto tem a proposta de atender a múltiplos equipamentos para, entre outras razões, facilitar a integração entre eles.

A integração vale não só para funções — como permitir que o usuário atenda no tablet a uma chamada para o seu celular —, mas também para a migração de aplicativos.

Como exemplo, imagine um desenvolvedor que criou um jogo para celulares e, depois, decide permitir que o título seja instalado diretamente em uma TV. Como ambos os dispositivos têm o mesmo software como base, esse trabalho tende a não ser tão complicado.

Isso porque o HarmonyOS é baseado em microkernel, de modo que o núcleo do sistema operacional lide apenas com tarefas essenciais, deixando o resto para módulos complementares.

Essa abordagem permite que a base do sistema operacional seja a mesma em todos os dispositivos (pelo menos essa é a intenção). Cabe aos módulos adicionar os recursos condizentes a cada tipo de dispositivo que roda o HarmonyOS.

 O HarmonyOS tem a proposta de rodar em múltiplos dispositivos (imagem: divulgação/Huawei)
O HarmonyOS tem a proposta de rodar em múltiplos dispositivos (imagem: divulgação/Huawei)

Por que o HarmonyOS se existe o Android?

Há indícios de que o HarmonyOS estava em desenvolvimento pelo menos desde 2012. Mas não é que ele levou sete anos para ser lançado. Talvez, a Huawei não tivesse urgência em criar esse sistema operacional. Mas tudo mudou em 2019. Digamos que, naquele ano, a companhia foi forçada a tratar o HarmonyOS como prioridade.

Na época, a Huawei estava na mira do governo dos Estados Unidos. A administração do então presidente Donald Trump colocou a companhia em uma lista de organizações que ameaçam a segurança do país.

Motivo principal: no entendimento das autoridades americanas, a Huawei (e outras companhias chinesas) forneciam, a organizações dos Estados Unidos, equipamentos que coletavam dados confidenciais. Supostamente, esses dados eram repassados ao governo da China.

As consequências foram avassaladoras. Organizações americanas não podem negociar com empresas que fazem parte da tal lista, pelo menos não sem autorização. Como consequência, a Huawei não pôde mais receber componentes de companhias como Qualcomm para fabricar celulares, por exemplo.

A pior restrição envolve o Android. A Huawei até pode lançar dispositivos baseados nessa plataforma, mas sem o ecossistema do Google. Para a grande maioria das pessoas, usar um smartphone Android sem Play Store, Gmail, Google Maps e serviços relacionados é impensável.

Por outro lado, a China é o país que concentra a maior base de clientes da Huawei. E, por lá, o ecossistema do Google tem uma participação pouco expressiva (para não dizer inexistente) no mercado por causa do amplo controle sobre a internet local exercida pelo governo chinês.

Com um sistema operacional próprio, a Huawei pode atender à gigantesca base de consumidores chineses e, ao mesmo tempo, deixa de ser dependente do ecossistema do Google.

A companhia chinesa nunca declarou, explicitamente, que o HarmonyOS (ou Hongmeng, como o projeto era chamado antes de seu anúncio oficial) foi lançado como forma de enfrentamento às sanções americanas. Mas é inegável que o sistema operacional pode cumprir esse propósito.

HarmonyOS 3 em um tablet (imagem: divulgação/Huawei)
Central de segurança do HarmonyOS 3 (imagem: reprodução/Huawei)

Dispositivos e versões do HarmonyOS

A Huawei não estava exagerando quando divulgou o HarmonyOS como um sistema para múltiplos dispositivos. Para você ter noção, a primeira versão foi direcionada, basicamente, a smart TVs e ao roteador Huawei WiFi AX3, como explica o Tech Advisor.

O HarmonyOS 2 foi a primeira versão a efetivamente rodar nos smartphones da marca, a exemplo dos modelos Huawei P50 e P50 Pro. Na verdade, essa versão foi preparada para rodar em mais de 100 dispositivos da Huawei, incluindo tablets e smartwatches.

A segunda versão do sistema também trouxe evidências de uma característica que, aparentemente, a companhia tentou esconder: a de que, ironicamente, o HarmonyOS seria baseado no Android (mas sem componentes do Google).

De todo modo, o sistema é capaz de rodar aplicativos Android, com possível exceção daqueles que dependem das APIs Google Mobile Services (GMS).

HarmonyOS 3 (imagem: reprodução/Huawei)
HarmonyOS 3 (imagem: reprodução/Huawei)

Em julho de 2022, o HarmonyOS 3 foi lançado com aprimoramentos na interface e em funções de privacidade, entre outros recursos. Nessa versão (a última lançada até o fechamento deste texto), a Huawei avançou na já mencionada característica de integrar dispositivos compatíveis com o sistema, tanto quanto possível.

Na ocasião do anúncio oficial do HarmonyOS 3, a plataforma já marcava presença em cerca de 300 milhões de dispositivos, de acordo com a própria Huawei.

Esse número inclui unidades vendidas em vários países, mas a maior parte está mesmo localizada na China. Sobre dispositivos novos, um dos primeiros a terem o HarmonyOS 3 como base foi o tablet MatePad Pro 11.

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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