Qual a diferença entre antivírus grátis e pago?

Conversamos com especialistas que explicaram pontos importantes a serem considerados na hora de cuidar da sua segurança

Melissa Cruz Cossetti
Por
• Atualizado há 1 ano e 7 meses
Antivirus / Pixabay

Dependendo de a quem você pergunta, pagar por um software antivírus é um bom investimento ou total bobagem. Nenhum ponto de vista, porém, é preciso. Você pode encontrar boas razões para escolher um antivírus pago e outras para economizar.

Para usuários do Windows, principalmente, alguma medida de segurança é necessária. As empresas de software antivírus certamente lucram com isso, mas também há muitas opções gratuitas. No lado grátis, estão alguns nomes sólidos e de boa reputação como Avast/AVG, Avira e Bitdefender (além das edições grátis dos seus concorrentes pagos).

A Microsoft oferece o basicão Microsoft Security Essentials para Windows Vista e Windows 7. No Windows 8.1 e Windows 10 é integrado e se chama Windows Defender.

Existem outras tantas fabricantes de antivírus “PRO” como Bitdefender, McAfee, Norton, ESET e Kaspersky Lab. Os pagos geralmente oferecem uma série de recursos adicionais, que podem ser úteis ou um pouco exagerados, dependendo de muitos fatores.

Conversamos com especialistas em segurança que explicaram pontos importantes a serem considerados na hora de decidir por pagar ou não uma solução antivírus.

O antivírus gratuito é diferente de um antivírus pago?

A resposta curta é sim. É lógico. Ninguém vai cobrar para oferecer exatamente o que já oferece de graça. Há uma série de recursos extras embutidos apenas para pacotes premium como VPNs, anti-ransomware, proteção contra crypto-jacking, cofre de senhas ilimitado, entre outros, que quase sempre ou são vendidos por fora ou não constam lá.

A questão é avaliar, dependendo do antivírus que escolher — observe listas de desempenho da AV-Test para Windows, macOS, Android, uso doméstico ou corporativo — e investigar comparativos do fabricante para saber qual recurso é “free” ou é “fee”.

Geralmente, versões pagas oferecem cerca de três níveis de proteção e de um a cinco dispositivos (entre computadores, celulares e tablets). Acompanhe os itens, anote quais deles são importantes e leve-os em consideração na hora de escolher pagar ou não.

Monetização da proteção

Camilo Gutierrez, chefe do laboratório da ESET na América Latina — empresa eslovaca que trabalha com versões grátis de teste por tempo limitado — explica, também, que há outros fatores a olhar nos produtos: a monetização. Soluções de segurança gratuitas podem mostrar anúncios e usar dados de clientes em marketing. Não que isso seja um problema, pelo contrário, mas é importante que você saiba que isso vai ocorrer.

“Devemos lembrar que por trás de qualquer solução cibernética existe uma empresa que deve subsistir de alguma forma. Então, o conceito de que é gratuito está no fato de que o usuário não paga uma quantia direta de dinheiro, mas a solução monetiza de outras maneira, para manter a empresa funcionando. Isso ocorre geralmente com publicidade”, diz.

Fabian Fruhmann, porta-voz da Avira, explica que na versão “pro” a segurança é igual, mas há mais benefícios: suporte, são priorizados no processo de verificação e scanner de arquivos em nuvem e usa-se o antivírus sem nenhum anúncio no software. “Usuários de ambos os produtos experimentam os mesmos recursos do Avira de segurança”, diz.

Isso pode ser insignificante. Mas, em alguns casos, caixas pop-up incessantes insistem para o usuário se inscrever na versão paga e, em PCs mais modestos, os torna lentos. Além dos anúncios, alguns programas de antivírus grátis também podem alterar a página inicial e o mecanismo de busca padrão do seu navegador, o que irrita bastante.

Proteção em camadas

Roberto Rebouças, diretor-executivo da Kaspersky Lab no Brasil, explica que a companhia russa aposta em uma proteção mais robusta na versão paga e, para que se possa ter segurança efetiva, existe necessidade de trabalhar com proteção em camadas.

“Praticamente todos as soluções gratuitas oferecem o básico, algumas oferecem firewall pessoal, mas apenas as pagas trabalham com análise de comportamento (importante contra ransomware), nuvem (contra falhas desconhecidas, ou  “0-day”), reputação de sites (contra mensagens de phishing e fraudes) e prevenção de exploração de falhas”, listou.

Updates e detecção proativa

É preciso pensar em que tipo de informação você deseja proteger e em qual cenário. O que nos deixa no escuro sobre o fato de um antivírus gratuito ser “mais forte” ou “mais fraco”. Uma diferença notável podem ser novas ameaças, produtos pagos com monitores de comportamento mais elaborados são mais propensos encontrar ameaças não exploradas.

“Quanto à frequência de atualizações dependerá da empresa e das características das tecnologias de proteção. Por essa razão, é importante que o usuário verifique se a solução que ele decidiu adotar tem tecnologias proativas de detecção, e não apenas um mecanismo que depende de atualizações para uma operação correta”, alerta Gutierrez.

Se levarmos em conta que muitas dessas soluções gratuitas não possuem todos os recursos de segurança disponíveis por razões óbvias, o usuário pode ficar desprotegido contra certos tipos de ameaças mais complexas e que se escondem no computador.

Sistemas operacionais antigos

Parece mentira, mas ainda tem muita gente usando sistemas operacionais ultrapassados. De acordo com dados do StatCounter, 33% das máquinas com Windows ainda usam Windows 7, outras 2,2% Windows XP e 0,60% Windows Vista (nov/2018).

Esses sistemas ou já não recebem mais updates de segurança ou recebem ajustes pontuais, estando muitas vezes em máquinas com hardware igualmente ultrapassados.

“A falta de proteção contra exploração de vulnerabilidades [em antivírus gratuitos] deixa os usuários que possuam sistemas operacionais mais antigos ou que estejam desatualizados desprotegidos, por melhor que seja a solução”, lembrou Rebouças.

Devo pagar por um antivírus?

Quem já sofreu perdas financeiras sabe muito bem o preço que pagou. E, sem dúvida, os motivos que levam alguém a migrar de uma solução gratuita para uma paga são diversos e vão desde o excesso de anúncios, passando pelo tipo de informação que deseja cuidar, entendendo se o uso é em computadores domésticos ou corporativos, até o valor cobrado pela proteção na máquina (ou por máquina) por prevenção.  

Que tipo de usuário é você?

“Se um usuário não manuseia informações confidenciais ou importantes, possui boas práticas de segurança e se mantém atualizado sobre os golpes e ameaças do momento, pode usar uma solução gratuita. Mas, se em vez disso, manipular informações sensíveis, transações comerciais forem feitas online ou passarem por vários usuários, é melhor usar uma solução de segurança que tenha várias tecnologias de detecção”, encerra Gutierrez.

Ou seja, em caso de famílias numerosas, com crianças e adultos que ainda têm dificuldades para manter um comportamento seguro na internet, pode ser interessante usar uma proteção paga. Nunca se sabe o que essa turma pode aprontar. Tratando-se de empresas, mais ainda. Há responsabilidades com dados de clientes e funcionários.

Suporte e atendimento

Além disso, contar com serviço de atendimento ao usuário, principalmente para uso comercial, pode ser uma forte razão para os clientes que frequentemente têm dúvidas sobre como devem fazer as atualizações em grande volume num parques de máquinas.

Sendo assim, se você é o único usuário e sabe se cuidar, tudo bem optar por uma versão gratuita se o orçamento estiver apertado. Mas, se você compartilha a máquina com a família, não tem controle absoluto de quem a usa e precisa do computador para fazer transações financeiras ou guardar dados sensíveis, leve em consideração pagar.

Uma última questão a se considerar é que, embora muitas vezes você possa contar com outros softwares gratuitos para cobrir as brechas deixadas pelo antivírus grátis, como um sistemas de controles de pais, VPN ou recursos que são incorporados em navegadores, misturar e combinar soluções de proteção pode se tornar complicado.

Sempre que há um conflito entre programas ou aparece um aviso sobre uma possível ameaça, pode ser difícil saber qual dos produtos que você está usando causou o problema ou se está acusando “falso positivo”. Soluções mais integradas evitam isso.

Como escolher o seu antivírus?

  1. Dê preferência aos softwares melhor posicionados na lista do AV-Test;
  2. Compare, em cada fabricante, os recursos ausentes na versão grátis;
  3. Se optar pela versão paga, compare os preços em cada nível de proteção;
  4. Observe também quantos dispositivos são contemplados por uma licença;
  5. Anote quais tipos de proteção você considera essencial e não abra mão.

Relacionados

Escrito por

Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

Temas populares