Review Borderlands 3: vamos fazer o caos!
Atire, saqueie e colecione armas em Borderlands 3… Muitas, milhares de armas. Algumas até correm sozinhas
Atire, saqueie e colecione armas em Borderlands 3… Muitas, milhares de armas. Algumas até correm sozinhas
Borderlands 3 é um prato cheio para os fãs do gênero “atirar e saquear” e, apesar da sua fórmula tradicional começar a dar sinais de cansaço, o game é bem divertido e mais desafiador que os títulos anteriores, além de expandir a exploração para outros planetas. O jogo tem legendas em português do Brasil e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Confira o review, a seguir. Esta análise foi feita no PS4.
A série Borderlands, que teve seu primeiro título lançado em 2009, chegou com uma pegada mais underground e despretensiosa, em meio aos jogos de tiro da época. Altamente satírico, com um visual cartunesco e NPCs cativantes, como o irritante (mas adorável) robô Claptrap, o jogo rapidamente caiu no gosto dos gamers que passavam horas (vulgo eu) atirando em psychos e revirando latas de lixo, caixas e corpos atrás de armas e outros equipamentos.
Passados 10 anos, Borderlands 3, lançado no último dia 13 de setembro, traz quase o mesmo pacote que fez da série um sucesso (e isso é bom e ruim), salvo algumas mudanças nas árvores de habilidades, opções de customização, veículos, modos de desafio após o final da campanha, o retorno de alguns NPCs já conhecidos e mais armas, milhares delas, segundo a própria desenvolvedora Gearbox. Mas assim como coletamos o nosso loot querido, vamos aos poucos.
Não sei se você já jogou algum game anterior da série, mas preciso citar algumas coisas de jogos passados nesta parte, até para contextualizar melhor a história. Caso esteja jogando Borderlands 2, por exemplo, e não queira correr o risco de tomar algum spoiler, é só pular para o tópico a seguir.
A história de Borderlands 3 reúne o desfecho dos acontecimentos do segundo jogo (e todas as DLCs), mais o spin-off Tales from the Borderlands, da extinta Telltale Games, e alguma coisa do Borderlands: The Pre-Sequel.
Também para criar um gancho de narrativa melhor para o terceiro jogo, alguns meses antes do lançamento de Borderlands 3, a Gearbox liberou o DLC Commander Lilith & the Fight for Sanctuary, gratuitamente, para todos com uma cópia de Borderlands 2 (ou a Borderlands: The Handsome Collection).
Assim como em todo game da trilogia, você é um Vault Hunter que chega a Pandora em busca das riquezas imensuráveis e guardadas por milênios nas Vaults, ou Arcas. É claro que você não é o único que está em busca das chaves que abrirão essas Vaults. E é aí que você é recrutado, quase que intimado, a se unir aos Crimson Raiders, agora liderados pela poderosa por Lilith, após a morte de Roland, em Borderlands 2.
Lilith, também conhecida como “Firehawk”, te explica que após a derrota do vilão Handsome Jack uma nova ameaça assola a galáxia: os gêmeos Troy e Tyreen Calypso.
O interessante desses novos vilões é que eles são uma sátira clara e escrachada do poder massivo de influência para lavagem cerebral que as redes sociais podem causar. Basicamente, eles são uma espécie de influenciadores do caos, incitando os já insanos psychos a matar e morrer por qualquer capricho deles.
Sua missão é simples (em teoria): evitar que o poder das Vaults, espalhadas por alguns planetas, caiam nas mãos dos irmãos psicopatas. Você não está sozinho nessa e alguns NPCs antigos estão de volta, como os clássicos Claptrap, Moxxi, Ellie, Marcus Munitions e até os protagonistas de Tales from the Borderlands, como Rhys e Vaughn. Outros personagens antigos também retornam, mas estes eu vou deixar que descubram sozinhos.
É muito provável que escreverei mais “Vault Hunter” do que “Caça-Arca” ao me referir aos personagens jogáveis. É bem mais estiloso, mas por motivos de review, tenho que apresentar a versão localizada em nosso idioma também. Dito isso, vamos prosseguir…
Novamente, você tem a opção de escolher entre quatro personagens com estilos de combate distintos, mas que se complementam muito bem no modo multiplayer: Siren (Ninfa), The Operative (O Agente), The Gunner (A Atiradora) e The Beastmaster (O DomaFeras). Todos eles possuem três árvores de habilidades com skills voltadas para sobrevivência, ataque bruto e direto ou de controle de área e inimigos.
Os Vault Hunters em Boderlands 3 são:
Cada Vault Hunter tem três tipos de árvores de habilidades (skill trees) para investir os pontos que conseguir sempre que subir de nível. Cada uma dessas árvores oferece um estilo único para customizar seu tipo de luta.
De uma forma geral, e assim como dito anteriormente, as trees são divididas em habilidades mais voltadas para sobrevivência (com boosts de saúde, proteção para você e seus aliados e etc), dano direto e massivo (seja corpo a corpo ou à distância) e controle de área de forma estratégica.
É claro que cada skill que você pode destravar muda de acordo com o Caça-Arcas que escolher, mas o interessante aqui é que não é necessário ficar preso a apenas uma dessas árvores. Como o level cap do jogo é 50 (ao menos por enquanto), você pode investir pontos em apenas uma das trees ou nas três. Dessa forma, você cria um estilo de luta bem mais personalizado.
Falando em customização, Borderlands 3 traz mais opções para mudar o seu look, até o nome do Vault Hunter é possível trocar. Você pode encontrar skins para roupas, tipos de cabeça, armas e o comunicador tanto da forma tradicional (completando algumas missões ou em drops de inimigos) ou comprando com o Crazy Earl.
Isso mesmo, o velho careca e esquisito do mercado negro de Eridium, que sempre te recebe da maneira “mais simpática possível”, está de volta. Mas se em Borderlands 2 ele vendia mais capacidade de munição e espaços extras na sua bolsa, agora ele mudou de ramo e vende itens cosméticos raros e algumas armas também. As armas nem são tão maravilhosas assim, mas quem não quer uma máscara de cavalo ou um boné com orelhas de gatinho?
Infelizmente, como o jogo é só em primeira pessoa, a única forma de você ver seu Vault Hunter (trabalhado no luxo e customizado) em ação é jogando multiplayer. Assim, você pode pedir para seu amigo tirar um print do seu personagem. Sad, but true. Tirando isso, no modo solo, você só vê seu corpo inteiro rapidamente ao entrar e sair de veículos ou no momento que estiver se customizando. Não custava nada ter um modo em terceira pessoa, opcional que fosse.
Qual o limite para um jogo do tipo Borderlands? A resposta é simples: nenhum. Você quer mais variedade de armas? Então tome milhares delas. Quer balas que rastreiam o alvo? É só comprar. Quer armas que tenham pernas e correm sozinhas? Tem também. Não sei quem foi o gênio que pediu isso, mas foi uma ótima ideia.
Inclusive, se quiser comprar mais capacidade de munição e upgrades para seu inventário agora é só falar com o Marcus Munitions que, aparentemente, roubou o negócio do Crazy Earl – que se viu obrigado a entrar no ramo de itens cosméticos. Mas como o próprio Marcus costuma dizer: “você não vai achar esses itens em nenhum outro lugar. Eu me garanti disso”.
As antigas fabricantes de armas, já tradicionais da franquia, voltaram e com a adição da nova marca “Children of the Vault (COV)”, fabricada pelos inimigos do jogo. Elas são poderosas, tem munição infinita, mas… Quebram com o tempo se aquecerem demais.
Além disso, algumas armas agora têm duplos atributos ou efeitos elementais duplos. Você pode, por exemplo, tem uma shotgun que dê dano elétrico e ácido ao mesmo tempo. Para trocar entre um efeito e outro, basta apertar um botão. Falando em efeitos, além dos já conhecidos, agora você também pode encontrar equipamentos que dão dano radioativo. Só cuidado para não disparar no pé, acidentalmente.
Ao explorar outros planetas com a nave Santuário (sim, sua base agora é numa nave) você terá a oportunidade única de visitar as sedes de algumas das principais fabricantes de armamento do jogo, como a Atlas e a Jakobs. Caso você goste de armas da Jakobs, por exemplo, e estiver fazendo missões no planeta dessa fabricante, há uma chance maior de conseguir esse tipo de arma do que em qualquer outro lugar.
Além de Pandora, suas missões principais e opcionais estão espalhadas por alguns planetas. Tirando alguns momentos específicos em que a gravidade (ou falta dela) pode interferir no gameplay, a forma de jogar Borderlands 3 é exatamente a mesma que Borderlands 2. Os controles são os mesmos também.
Até sair de Pandora e começar sua viagem espacial, a sensação que se tem é de estar jogando um DLC de Borderlands 2 de tão parecido que é o gameplay. Na verdade, de tão parecido que é tudo. E, como disse no início deste review, isso é bom e ruim.
A parte boa é que o terceiro game mantém o estilo shoot and loot que os fãs da franquia amam, além das piadas e sátiras. Mas a série chegou num ponto em que precisa sair um pouco mais da zona de conforto. A ideia da exploração dos planetas é ótima, por exemplo, e te dá um mapa com um outro visual (com inimigos e vida nativa diferentes). O modo desafio, no pós final da campanha, também ajuda a elevar o fator replay.
Não me leve a mal, tudo isso é bem divertido. Você ri horrores com algumas missões, inclusive com as sidequests, que às vezes são até mais interessantes que as missões principais. Mas, Borderlands 3 optou por apostar no seguro, quando podia ousar mais. Como uma jogadora da franquia desde o seu início, a impressão que tenho é mesmo de estar jogando um DLC expandido. Funciona? Sim! Mas não parece bem um jogo novo.
Visualmente falando, não houve nenhum upgrade gráfico realmente notório. A estética cartunesca, marca registrada da franquia, ainda está lá e continua combinando com o contexto do game. Entretanto, os novos planetas dão um certo alívio de mudança, em relação ao quase sempre desértico visual de Pandora – que esteve presente nos dois primeiros títulos.
Os mapas ganharam uma espécie organização em camadas, o que facilita saber se o caminho a seguir fica na parte superior ou inferior de um lugar, por exemplo. Apesar de funcional, ele é bem feinho (dá uma olhada na imagem acima).
A trilha sonora continua agradando, com riffs alternando entre algo mais hardcore, dubstep e rap. A dublagem dos personagens também é excelente e sempre marcante. Não tenho críticas quanto a isso.
Desde Fallout 4 que eu não tenho um personagem que fica preso numa parede ou perco um veículo porque a roda “atolou” numa pedra. Passei por alguns bugs como esses jogando Borderlands 3. Felizmente, não foram muitos e acredito que devam consertar essas coisas num próximo patch.
Ainda sobre bugs, certa vez, um inimigo “badass”, como são chamadas as versões elite de alguns adversários, simplesmente entrou na onda paz e amor e não me atacava. Ele estava armado até os dentes, mas só andava próximo a mim sem dar um tiro sequer. Eu o matei com pena. Gandhi ficaria orgulhoso da atitude de não violência dele.
Em vários momentos, especialmente assim que o jogo sai de um loading para entrar numa nova região, é claramente visível a demora para carregar as texturas do cenário. Durante explosões e tiroteios mais intensos, às vezes o som picotou um pouco e os movimentos dos personagens tiverem leves travamentos. O jogo não deu crash, pelo menos.
“Catch a ride!!!” – Scooter (em memória)
Borderlands 3 é um jogo de tiro em primeira pessoa que foi claramente desenvolvido para agradar os fãs da franquia, com o bom estilo “atirar e coletar”. O game, apesar da jogabilidade bem parecida com seu antecessor, traz como novidades a exploração de outros planetas e um modo end game mais desafiador.
Se você é um novato na série, recomendo fortemente começar com os dois primeiros, depois os spin-offs e só pegar este terceiro mais tarde.
Alguns bugs e texturas precisam ser consertados, mas o título ainda diverte (e muito) àqueles que curtem um shooter despretensioso e que tira sarro de si próprio. Se conseguir um amigo para comprar o jogo com você é sucesso. Borderlands 3 é muito mais engraçado no multiplayer. E, de quebra, você pode pedir para alguém tirar um print do seu Vault Hunter personalizado também.
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