Review Huawei Honor: bateria formidável e câmera mais ou menos
Celular intermediário (mid-end) com sistema Android é o que não falta no mercado. A Huawei chega com tudo ao apresentar o Huawei Honor (modelo U8860-51), smartphone na casa dos mil reais que fica restrito ao site da fabricante — você não vai encontra-lo nas prateleiras de grandes lojas.
Com certeza terá consumidor com o pé atrás por se tratar de uma companhia entrante. Para essa galera vale lembrar que a Huawei tem expertise na produção de dispositivos de telecomunicações, tanto que vende modems 3G para várias operadoras. O assunto aqui é outro. Sem preconceitos, fiquei com uma unidade de teste por dez dias e comento nessa análise minha experiência de uso do aparelho.
Design e pegada
O Huawei Honor tem o form factor (formato industrial) de barra. Nisso não se difere em nada de outros dispositivos na mesma categoria que encontramos no mercado tem algum tempo. Consigo pensar em alguns Xperia e outros da falecida HTC, por exemplo, cujo desenho se parece bastante com o do Honor. Parece-me que a chinesa Huawei preferiu não inovar neste campo justamente para apostar em visual já conhecido, difundido e pouco questionável.
A parte frontal do aparelho nos traz o que é de praxe: falante, câmera VGA, sensor de luminosidade, visor capacitivo de 4 polegadas e botões touch para as ações de exibir opções, retornar à Home Screen, voltar e pesquisar. Falo de uma grande barra negra na qual os botões retroiluminados se sobressaem dependendo da claridade do ambiente. De resto, o foco é absolutamente no visor sobre o qual comento mais durante este review.
As laterais nos trazem, à esquerda, os botões físicos para aumentar e diminuir volume. São compridos e ficam um tanto saltados do corpo do aparelho, diferentemente de outros smartphones nos quais os botões são componentes à parte, mas quase não apresentam relevo. Bom para tatear e diminuir o volume durante a noite. À direita não há botão algum nem qualquer elemento de design. Na lateral superior ficam o botão de desligar e a saída de áudio no padrão de 3,5 mm (seus fones de ouvido continuam úteis caso compre este celular). Abaixo, na lateral inferior, fica o conector microUSB (para transferir dados ou carregar a bateria) e o pequeno orifício do microfone.
Deixo para comentar a traseira do dispositivo por último dado o plástico estilizado que utilizam nessa área do dispositivo. A textura com pequenos furos por toda a extensão da capa traseira pode desagradar alguns, da mesma forma como o selo de “with Google” — dessa vez em plástico liso — pode não agradar. Ainda na traseira temos a câmera de 8 megapixels, a lâmpada de LED e o alto-falante.
Gostei bastante do desenho do Huawei Honor porque ele aposta no que é padrão de mercado. Ao mostrar para um amigo conhecedor de design, fui questionado sobre o porquê de ter comprado um “celular de playboy” e onde estava o meu aparelho pessoal. Tive que explicar que era um produto em teste. Enfim, meu amigo gostou do que viu.
O Huawei Honor tem construção sólida, embora não seja com corpo único (como no caso do Lumia 800 e do iPhone 4S). Não esperaria algo assim em um aparelho mid-end, de toda forma. A pegada agrada, visto que não tive a sensação de segurar um aparelho frágil. A textura na traseira serve, inclusive, como proteção antideslizante. Frescura ou não, torna o Honor menos propenso a cair no chão.
Tela e interface
Visor de 4 polegadas não é uma novidade no mercado. Maior do que o do meu celular de uso cotidiano, mostrou-se bastante agradável para navegar na web e consumir conteúdo online. Tem resolução de 480×854 pixels e densidade de ~245 pixels por polegada. Na mesma categoria (em termos de mercado) temos o Xperia U com densidade de ~280 pixels e o Defy Plus (ou Defy+) com ~265. Portanto, o Honor tem a pior densidade dentre as que eu listei, o que me deixa ressabiado, uma vez que a tela dele é impecável em termos de brilho e de exibição de cores. Não chega a ser um visor de altíssima densidade como o do Galaxy S III, mas engana os olhos de uma maneira positiva.
Por outro lado, a tecnologia de touchscreen empregada pela fabricante chinesa deixa a desejar. Pontos de toque ficam visíveis quando estamos diretamente expostos à luz do sol, o que pode atrapalhar a visualização do conteúdo da tela. Para completar, a sensibilidade não é das melhores. Por vezes você pressiona um botão do teclado, mas o aparelho entende outro.
A Huawei inclui como padrão um teclado virtual chamado TouchPal (disponível na loja Google Play) que promete corrigir eventuais erros de toque — ocasionados pelo touchscreen deficiente, no meu entender. Na prática acontece o oposto: digito “novidade” e o TouchPal entende “mocidade”; “tudo” vira “riso”; e “palmas” acabou como “palmadas”. Curioso é ver a palavra certa ali, na tela, entre os termos que o TouchPal entendeu para a combinação de teclas, só falta saber por que o teclado não usa a primeira e óbvia opção quando pressiono a barra de espaços. Fiquei com o teclado padrão do Android mesmo para evitar confusões num momento qualquer de digitação mais intensa e a fadiga para ficar corrigindo o sistema que deveria me corrigir. Claro que o TouchPal também acerta palavras. Não foi um bom balanço, no meu entendimento. Dá para continuar usando o layout de teclado do TouchPal sem a correção automática.
Algumas vantagens do TouchPal são o acesso rápido a pontuação e outros caracteres especiais, bem como um interessante e diferente comportamento para o que seria o Shift num teclado convencional. Tocar rapidamente num botão e deslizar (o gesto de swipe) para baixo aciona o caractere menorzinho presente no botão. O swipe para cima coloca o caractere em maiúscula.
Aliás, o Gingerbread adotado pela Huawei no Honor sofreu poucas modificações. Tem integração configurada à parte com Twitter e Facebook para reconhecer os contatos da lista telefônica (ou da agenda do Google, no meu caso) e agrupar as atualizações todas num canto só. Claro que, optando por este comportamento, você acaba concordando com um software que vai rodar de tempos em tempos e drenar a bateria do aparelho. Em compensação, cutucar alguma amigo no Face fica bem mais prático com o software que a Huawei adiciona por cima do Gingerbread tradicional. Não sei dizer se é criação da fabricante chinesa ou se foi tecnologia comprada.
A agência de relações públicas da Huawei me disse que a atualização para o Ice Cream Sandwich está prevista para “até o fim de junho”.
Multimídia
Nada de SD Card incluso no kit do Huawei Honor. A fabricante não manda este importante acessório por motivos óbvios: economizar no custo total do aparelho.
Utilizamos um SD Card nosso para testar os recursos multimídia do smartphone. Ele vem com um aplicativo próprio para reprodução de música que funciona muito bem. A capa do álbum aparece em espaço destacado com animações no fundo que acompanham o ritmo e os instrumentos da canção em execução. Também oferece a listagem por compositor, álbum ou por pastas, bem como reprodução em loop ou em ordem aleatória. Creio que não haja muito onde inovar em um aplicativo de música. Faz falta a opção de combinar músicas similares (o que a Apple chama de Genius). De novo: um celular mid-end normalmente não apresenta este tipo de recurso.
Não tem aplicativo nativo para execução de vídeos. Em vez disso, o proprietário pode recorrer à galeria para visualizar os conteúdos multimídia. O resultado comigo não foi dos melhores por causa da falta de compatibilidade com a maioria dos formatos. Minha recomendação: depois de iniciar o Honor pela primeira vez, corra para a loja Google Play e baixe algum app que atenda suas necessidades. O MX Player costuma ser suficiente e fica como recomendação. Para a Huawei deixo meu puxão de orelha. Penso que deveria ter o app de vídeos nativamente disponível e funcional, ainda que custe um tanto mais em royalties para reproduzir os formatos mais comuns.
Pontuo rapidamente sobre o desempenho do MX Player para reprodução de conteúdo. Um vídeo MKV com 720p de qualidade rodou sem engasgos. Sim, a GPU Adreno 205 combinada com a CPU Scorpion de 1,4 GHz dá o ar da sua graça mesmo em conteúdo em alta definição.
Câmera de foto e vídeo
São duas câmeras: traseira com 8 megapixels e frontal com qualidade VGA para videoconferências. Primeiro falo da mais importante, a de 8 megapixels. Decepcionou tanto em ambientes com iluminação natural como aqueles com iluminação artificial e também com cenas pouco iluminadas. O foco automático (não há foco manual) também não se fez presente em muitos momentos, resultando em fotos borradas nas quais não dava para identificar muito bem quais são os elementos da composição. A captura de cores também não me pareceu das melhores; ficou devendo em reproduzir vermelhos muito vibrantes, por exemplo. Veja nas imagens abaixo — elas foram feitas com a câmera do aparelho e não passaram por edição.
A câmera VGA do Honor, como qualquer câmera VGA, não tem imagem de boa qualidade. O Skype também não ajuda, mesmo quando fazemos o teste com dois celulares com videoconferência habilitada em uma rede Wi-Fi de 10 Mbps.
Mais prático você clicar no botão de reproduzir abaixo para ver a gravação de vídeo no Huawei Honor. Uma câmera de fotos que não tem nada excepcional mostrou-se também uma péssima câmera de vídeo. A captura em HD 720p fica borrada e tremida. Tudo bem que no dia em que fiz o teste ventava muito na redação do Tecnoblog, mas nem isso justifica uma imagem tão ruim. Dê play em 720p e você vai perceber que quase não faz diferença ver o vídeo com qualidade de 480p ou em HD. Mais para o fim do vídeo eu tento mudar o foco da câmera para o trecho de um livro. A imagem permanece embaçada e o áudio não fica muito melhor.
https://www.youtube.com/watch?v=G-O2_sPuc5E&feature=share&list=PL3EE0C4FB825B5762
(Vídeo do YouTube — Assista em HD 720p)
Sincronização
Senti falta de um aplicativo para sincronizar os arquivos do computador com o Honor e vice-versa. Vale o bom e velho cabo USB para transferir fotos para o diretório media/Music a fim de que funcione corretamente com o aplicativo de reprodução de canções. O mesmo vale para os vídeos na pasta Video que o MX Player mapeia logo assim que o Android sai do modo de transferência de arquivos.
A assessoria da Huawei forneceu o seguinte comunicado sobre a falta de aplicativo para sincronização.
“Ao conectar o Honor ao computador através do cabo de dados, aparecerá nas notificações do telefone a opção de ativar o armazenamento USB; ativando esta opção você tem acesso ao armazenamento de dados através do windows explorer e pode organizar seus dados da mesma maneira que faz no Windows. Certamente o Google Play tem aplicativos para fazer sincronização, mas fica a critério de cada usuário decidir qual aplicativo usará.”
Penso que o DoubleTwist seja uma boa alternativa para realizar a transferência de arquivos entre PC (Windows ou Mac) e o celular.
Aplicativos
Esse Honor vendido por aqui vem com vários aplicativos de fábrica. Dois deles merecem a nossa atenção: o medidor de tráfego de dados e o Cloud+ Drive.
O primeiro fica ativo sempre que o usuário habilita a transferência por rede de dados para mensurar quantos MB já foram e quantos faltam para comprometer o seu pacote mensal contratado junto à operadora. Pode parecer um recurso banal, mas ajuda muito a manter o controle e não gastar além da conta. Você determina o limite de tráfego mensal e quais são os limites para uso diário, em vários ajustes bastante flexíveis. Assim, depois de configurado, o celular te avisa caso você chegue a um valor próximo do seu limite (por exemplo, quem tem pacote de dados de 300 MB mensais pode ajustar para receber o alerta quando chegar a 295 MB).
Também temos o Cloud+ Drive, o serviço de backup na nuvem da Huawei. Devo confessar que ainda não entendi muito bem como esse aplicativo funciona. Logo na primeira execução ele oferece o backup automático dos conteúdos e já envia os arquivos para os servidores da fabricante. Porém, o Cloud+ Drive não continuou a sincronização posterior com as novas fotos que eu tirei com a câmera e anexos que salvei no aparelho a partir do meu Gmail. Tive que enviar manualmente cada arquivo para a nuvem. Pouco útil se o funcionamento se limitar a isso. O Dropbox, que é muito mais conhecido, oferece 2 GB — frente aos 5 GB que a Huawei garante —, mas dá espaço adicional a quem usa para armazenar fotos com o upload automático ativado no dispositivo. Pode ser uma melhor opção. Entretanto, para quem se contenta com um repositório de arquivos, o Cloud+ Drive é uma escolha fácil, acessível e funcional, ainda que com menos recursos.
Atrelado ao serviço do Cloud+ há o recurso de localizar o dispositivo (chamado de Phone Finder) por meio de coordenadas de GPS. Em tese ele funcionaria pelo site do Cloud+. Na prática, tentei ativar, porém não consegui.
Bateria
Mandar emails, responder SMS, navegar na web, jogar Angry Birds, assistir a vídeos em MKV de 720p. Fiz tudo isso, além de falar ao telefone, com o Huawei Honor. Acredite, caro leitor, a bateria durou das 10h25 de um dia até 01h15 do dia seguinte. Desempenho fantástico considerando que o brilho do visor estava no máximo e a conectividade por Bluetooth, Wi-Fi, GPS e HSPA ativa. O Honor tem uma das melhores baterias que já testei. A recarga completa, depois de zerar a bateria, levou 1 hora e 45 minutos.
Pontos negativos
- Câmera de foto e vídeo que deixa a desejar.
- Teclado virtual “inteligente” que não é tão sábio.
Pontos positivos
- Bateria duradoura.
- Bom desempenho de processador e GPU.
- Ice Cream Sandwich prometido pela fabricante.
Conclusão
Quando nosso editor Rafael Silva me repassou o Huawei Honor para testar enquanto ele se encaminhava para uma viagem, disse que era um dos smartphones com Android cujo desempenho mais impressionava quando considerado também o preço do dispositivo. Alguns aplicativos travaram durante o tempo que eu fiquei com o smartphone, mas não houve situação absurda. Talvez para algumas pessoas o Instagram seja um aplicativo fundamental e sem chance de travar. Comigo falhou, eu reabri e terminei a importante tarefa de subir uma foto hipster para o serviço.
O Honor decepciona com as duas câmeras. Aficionados por fotografia devem partir para uma opção mais completa, cujo sensor não seja um mistério, para garantir boas imagens. Se você pode abrir desse recurso em prol de um preço interessante para um celular mid-end, o Honor sem dúvida se posiciona como uma excelente opção. Sem falar que sua bateria impressiona pela autonomia tanto em uso convencional como em uso intenso. Dá para confiar nesse dispositivo quando há um compromisso agendado e não existe a chance de carrega-lo durante o evento. Confesso que tive de atrasar o meu horário de dormir porque a bateria do Honor não acabava e eu precisava concluir minha análise com as informações certinhas sobre esta característica do aparelho.
Por fim, mas não menos importante, o funcionamento do telefone é básico como em qualquer outro.
Uma observação importante: Tenha em mente que o Android é um sistema aberto. O Google desenvolve os principais recursos, mas, depois, os fabricantes podem modificar diversos funcionamentos sem depender do aval do gigante dos smartphones. Esta análise parte do pressuposto de que o Android presente no Huawei Honor é honesto e funciona perfeitamente com relação aos recursos básicos de um celular nesta categoria. Esmiuçar o que faz dele diferente dos demais aparelhos é o meu principal objetivo, além de relatar a experiência de uso cotidiano que, para a equipe do Tecnoblog, se assemelha à que a maioria dos nossos leitores teria ao comprar um produto similar.
Especificações técnicas do Huawei Honor (modelo U8860-51)
- Bateria: 1.900 mAH.
- Câmera: VGA e 8 megapixels.
- Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 3.0, DLNA e USB 2.0.
- Dimensões: 122 x 61,6 x 10,9 mm.
- Frequências: WCDMA/HSPA+ (850 / 1.900 / 2.100 MHz); GSM/GPRS/EDGE (850 / 900 / 1.800 / 1.900 MHz).
- Kit contém: aparelho Huawei Honor, bateria, fone de ouvido (3,5 mm), carregador e cabo USB.
- Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB.
- Memória interna: 2 GB.
- Peso: 140g,
- Plataforma: Google Android 2.3 (Gingerbread) com atualização para Android 4 (Ice Cream Sandwich confirmada).
- Processador: Qualcomm MSM 8255T de 1,4 GHz.
- Sensores: acelerômetro, proximidade, luminosidade, bússola e giroscópio.
- Visor: 4” WXVGA (854×480 pixels) touchscreen capacitivo.