Review LG G8S ThinQ: muito desempenho, poucos diferenciais
LG G8S ThinQ oferece bom conjunto de recursos, mas, por R$ 4.299, tropeça no custo-benefício
LG G8S ThinQ oferece bom conjunto de recursos, mas, por R$ 4.299, tropeça no custo-benefício
O LG G8S ThinQ foi lançado no Brasil com preço sugerido de R$ 4.299. Apesar do valor elevado, ele não é o smartphone mais avançado que a marca coreana lançou em 2019: em quesitos como câmeras e tela, o LG G8 ThinQ é ligeiramente superior.
Mas dois fatores precisam ser considerados nessa comparação: o primeiro é o que o G8 ThinQ não foi lançado no Brasil; o segundo é que, embora seja um pouco mais simples, o G8S ThinQ traz processador Snapdragon 855, 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno, tal como o seu irmão.
A dúvida é se o G8S ThinQ consegue ser um páreo duro no mercado. Será que recursos como Hand ID (reconhece o padrão das veias da mão para desbloqueio) e Air Motion (controla o aparelho por meio de gestos no ar) são diferenciais, como a LG dá a entender?
Eu usei o LG G8S ThinQ por duas semanas e conto as minhas percepções sobre ele a partir de agora.
Esteticamente, o LG G8S ThinQ não traz nenhuma característica notável em relação à geração anterior. Mesmo assim, eu não diria que ele é feio ou esquisito: na versão preta testada aqui, a traseira tem um vidro que parece espelho e isso causa ótima impressão “ao vivo”, apesar de essa superfície ficar manchada muito facilmente.
Além disso, o smartphone tem um corpo de metal que transmite sensação de produto bem-acabado. Neste ponto, vale destacar que o LG G8S ThinQ conta com certificação IP68 para proteção contra água e, nas palavras da fabricante, resistência militar contra quedas, variações de pressão e vibrações (certificado MIL-STD 810G).
Outro ponto que merece menção: o LG G8S ThinQ conta com conexão de 3,5 mm para fones de ouvido, contrariando a tendência que exclui esse componente de celulares premium.
Mas a gente também encontra alguma perfumaria aqui. O aparelho traz um botão abaixo dos controles de volume, na lateral esquerda, que têm duas funções: ativar o Google Assistente e, ao menos nos primeiros dias de uso, fazer você confundí-lo com o botão de liga / desliga — este fica no lado direito, logo acima da gaveta de chips.
Falando em gaveta, que fique claro que ela é híbrida: ou você usa dois SIM cards ou um SIM card mais um microSD de até 2 TB; não dá para usar os três chips de uma vez.
Com painel OLED, 6,21 polegadas de tamanho e resolução de 2248×1080 pixels (full HD+), a tela é um dos pontos fortes do LG G8S ThinQ. Ela exibe cores realistas — incluindo preto profundo — e tem um nível de brilho alto o suficiente para garantir boa visualização do conteúdo mesmo em ambientes abertos durante o dia.
Para completar, a visualização a partir de ângulos variados resulta em pouquíssima perda de definição. Bom, essas são virtudes que a gente espera de qualquer painel OLED, certo?
Mas, se de um lado a qualidade da tela chama atenção, por outro, o aproveitamento da área frontal pode incomodar os mais detalhistas: embora o painel venha com notch, sobra um espaço considerável abaixo do display. Esse “queixo” não chega a interferir na experiência de uso, mas é o tipo de detalhe que a gente não espera encontrar em um celular dessa categoria.
Agora, dê uma boa olhada na tela do G8 ThinQ. Percebeu que o notch desse modelo é bem menor? A explicação está no fato de, ao contrário do seu irmão, o G8S ThinQ não vir com o Boombox Speaker, recurso que faz a tela vibrar para emitir som.
Por conta disso, a LG teve que posicionar um alto-falante no topo do G8S ThinQ, fazendo o entalhe ali ocupar mais espaço.
Outra diferença entre os modelos: a tela do LG G8 ThinQ tem resolução quad HD+ (3120×1440 pixels). Mas, para ser franco, não vejo os 2248×1080 pixels do LG G8S ThinQ como uma característica negativa, afinal, essa resolução é mais do que suficiente para uma boa experiência com vídeos, jogos, fotos e afins.
O LG G8S ThinQ foi lançado antes do Android 10, razão pela qual o modelo vem com o Android 9.0 Pie acompanhado da interface LG UX 8.0. Trata-se de uma boa interface. A área de configurações organizada em abas (Rede, Som, Tela e Geral) e as várias opções de configuração do Display Always On (exibe diversos tipos de informações na tela de bloqueio) estão entre os detalhes que somam pontos.
Só que alguns pormenores conseguem estragar essas percepções positivas. Um exemplo são os ícones cinzas (observe na imagem abaixo) que apontam para aplicativos não instalados, mas sugeridos pelo app Centro de Atualização, da própria LG.
Para completar, o G8S ThinQ espalha os ícones dos apps recém-instalados por várias telas meio que aleatoriamente. Para uma interface com menus tão bem organizados, chega a ser um contrassenso.
Chegamos aos diferenciais do LG G8S ThinQ — ou aos recursos que deveriam ser. Comecemos pelo Hand ID. Trata-se de uma função que mapeia o padrão das veias da sua mão (único para cada pessoa) para permitir que você desbloqueie o aparelho.
Basicamente, a funcionalidade recorre ao sensor de tempo de voo (ToF) do celular — um componente que emite feixes de luz infravermelha para detectar profundidade com mais precisão — para fazer o mapeamento das veias da mão.
Depois de configurar o Hand ID, você precisa posicionar a sua mão a uma distância de aproximadamente 10 cm da câmera frontal para fazer o desbloqueio. Funciona? Funciona. Mas esse processo é tão lento que eu prefiro fazer o desbloqueio por impressão digital ou reconhecimento facial (em 3D) — ambos são consideravelmente mais ágeis, além de mais seguros.
Chamado pela LG de Z Camera, o sensor ToF também é usado para o Air Motion: com ele, você faz gestos de frente à câmera frontal do G8S ThinQ para executar capturas de tela, acessar determinados apps rapidamente, controlar a reprodução de mídia, entre outras ações, tudo sem tocar na tela.
O problema é que o Air Motion é pouco prático. Para começar, você precisa deixar a sua mão suspensa sobre a tela a uma distância de mais ou menos 20 cm para a função ser ativada para só então executar o gesto desejado (um movimento de pinça com os dedos para fazer captura de tela, por exemplo).
Só que, frequentemente, você tem que tentar três ou quatro vezes para o Air Motion ser ativado e outras tantas vezes para o comando funcionar. Quando você acha que finalmente pegou o jeito, o reconhecimento de gestos falha novamente. Temi até invocar um demônio sem querer tentando acertar um gesto de primeira.
Essa é uma das funcionalidades mais inúteis que eu já vi em um celular.
A tal da Z Camera também ajuda a câmera frontal (8 megapixels e abertura f/1,9) a registrar selfies em modo retrato com mais precisão. De fato, não notei partes do cabelo ou das orelhas saindo indevidamente desfocadas nos testes que fiz.
Além disso, as selfies feitas com o LG G8S ThinQ agradam pela boa definição em primeiro plano — o pós-processamento não te deixa com rosto de boneca —, o baixo nível de ruído e a coloração realista, sem contar que as fotos costumam ser registradas com rapidez mesmo em ambientes com luz reduzida.
O conjunto traseiro é formado por três câmeras: a principal tem 12 megapixels e abertura f/1,8; a grande angular (136 graus) tem 13 megapixels e abertura f/2,4; existe ainda uma teleobjetiva (zoom de 2x) de 12 megapixels e abertura f/2,6.
Gosto dessa proposta porque ela te dá opções para várias situações. Mas espere apenas por resultados bons, não impressionantes. De modo geral, as três câmeras registram fotos com níveis equilibrados de coloração, nitidez e contraste, inclusive em ambientes fechados. Mas estamos falando de um celular premium, por isso, senti falta de uma otimização capaz de deixar as imagens mais vibrantes ou amenizar pontos escuros, por exemplo.
Essa otimização seria interessante especialmente em fotos noturnas que, apesar do bom controle de ruído e da definição satisfatória, podem ficar por demais escuras, exigindo que você tente compensar as imperfeições com ajustes manuais.
Processador octa-core Snapdragon 855 de 2,8 GHz, GPU Adreno 640 e 6 GB de RAM. Com essa configuração, a LG teria que ter cometido um erro muito grande para o desempenho não ser bom aqui. Não cometeu: o LG G8S ThinQ mandou bem nos testes de performance.
Não notei travamentos, lentidão, demora na abertura de apps, instabilidade no multitarefa, nada do tipo. Jogos como Breakneck e Asphalt 9: Legends rodaram com taxa estável de quadros por segundo, mesmo com gráficos no nível máximo.
Por outro lado, a bateria, com seus 3.550 mAh, durou menos do que eu esperava para um celular como esse. O teste de autonomia consistiu no seguinte: três horas de vídeo via Netflix e brilho máximo na tela, 20 minutos de Breakneck, outros 20 minutos de Asphalt 9, uma hora e meia de Chrome e redes sociais, uma hora de Spotify via alto-falante e uma chamada de 10 minutos.
Comecei com 100% de carga e rodei esses apps ao longo de um dia. Por volta das 22:00, a bateria registrava cerca de 30% de carga. Já o tempo de recarga de 20% para 100% com o carregador rápido que acompanha o LG G8S ThinQ foi de uma hora e meia, aproximadamente.
Como você já sabe, o aparelho não traz o Boombox, mas o áudio até que é convincente aqui: os dois alto-falantes do G8S ThinQ têm volume máximo alto e um som claro que fica melhor se a opção DTS:X 3D Surround for ativada — a diferença é ainda mais perceptível com fones de ouvido.
Sabe qual o problema do G8S ThinQ? Estratégia de preço. Tecnicamente, o smartphone é muito bom, mas o valor sugerido pela LG de R$ 4.299 faz dele um rival para Galaxy S10 ou, sendo mais justo, para o Samsung Galaxy S10e, que foi anunciado com o mesmo preço. Nessa comparação, a situação complica.
O LG G8S ThinQ manda bem no desempenho, tem acabamento externo caprichado e vem com uma tela de ótima qualidade, apesar do aproveitamento do espaço frontal não ser lá essas coisas.
Mas, em relação ao Galaxy S10e, me parece que o modelo perde na qualidade geral das fotos e nos cuidados com o software. Além disso, se o desempenho do G8S ThinQ for superior ao modelo da Samsung, o é em pouca coisa.
Por conta disso, eu só compraria o G8S ThinQ se ele fosse a opção mais barata. Na data de publicação deste review, encontrei o modelo por valores entre R$ 3.500 e R$ 3.800. Ainda está caro. Aí acaba sendo mais negócio levar um Galaxy S10, por exemplo, que já custa menos do que isso e é mais avançado.
Se for para pagar mais de R$ 3.000 pelo G8S ThinQ, ele deveria ter pelo menos mais bateria e, convenhamos, vir com algo mais coerente do que esse tal de Air Motion.
{{ excerpt | truncatewords: 55 }}
{% endif %}