Review Lumia 640 XL: o Windows Phone para quem faz questão de tela grande

Com preço sugerido de R$ 999, modelo combina especificações intermediárias com tela de 5,7 polegadas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 3 semanas
Lumia 640 XL

Os Lumias 640 e 640 XL chegaram ao Brasil no final de março. Com especificações intermediárias, os dois modelos são muito parecidos, mas, como os nomes sugerem, um é fisicamente maior que o outro, efeito da diferença no tamanho das telas: o Lumia 640 tem visor de 5 polegadas; a versão XL, de 5,7.

É uma estratégia com boas chances de sucesso. Muita gente resiste à ideia de carregar um smartphone grandalhão e é esse filão que o Lumia 640 tenta explorar. Por outro lado, é inegável que aparelhos maiores têm cada vez mais aceitação – já não é (tão) estranho ver alguém usando um modelo do tipo por aí.

A questão é: será que o Lumia 640 XL consegue atender aos anseios de quem está disposto a apostar em telas generosas? Pois bem, eu testei o aparelho por duas semanas para descobrir. Conto as minhas impressões nos próximos parágrafos.

Design e pegada

Há pouca novidade no design, ainda assim, o aparelho chama atenção

O Lumia 640 XL tem pouco ou nada de novo no design externo. O modelo segue o estilo estético que pode ser encontrado, por exemplo, no Lumia 630: tampa traseira que cobre as laterais, proximidades das bordas ligeiramente curvadas e cantos arredondados.

A fórmula foi reutilizada, mas isso não é ruim. O aparelho acaba tendo um visual simples, porém simpático. Além disso, a tampa traseira é resistente e possui uma textura fosca (pelo menos na unidade testada) que facilita a pegada e que se mostra praticamente imune a manchas de dedos (embora o aparelho analisado, branco, possa ficar encardido com relativa facilidade).

Lumia 640 XL
Lumia 640 XL

Ainda no quesito pegada, o Lumia 640 XL acaba perdendo alguns pontinhos com as laterais: a superfície reta delas garante firmeza na hora de segurar o aparelho, porém, prejudica um pouco o conforto. Nada que o costume não resolva, porém.

Levar o aparelho no bolso da calça ou usá-lo tendo mãos pequenas é que não é tarefa fácil. Não tem jeito, com uma tela de quase 6 polegadas, o Lumia 640 XL ocupa bastante espaço: o dispositivo tem 157,9 mm de altura, 81,5 mm de largura e 9 mm de espessura. Para transportá-lo com segurança, o negócio é recorrer a mochilas e bolsas.

Lumia 640 XL

Quanto ao peso, o modelo possui 171 gramas. Para o tamanho que o smartphone tem, não achei pesado, não.

Volto à tampa traseira para dizer que ela é removível. Nas primeiras tentativas, você pode ter alguma dificuldade para tirá-la, mas logo pega o jeito: basta empurrar a tampa para fora a partir da borda inferior. Ao fazê-lo, você encontra uma bateria grandona (falo dela mais à frente), a entrada para o cartão microSD e as ranhuras dos chips – as versões do Lumia 640 XL vendidas no Brasil até o momento são dual-SIM.

Lumia 640 XL
Lumia 640 XL

Tela

Com você já sabe, o Lumia 640 XL tem tela de 5,7 polegadas. Com esse tamanho todo, visualizar fotos ou vídeos ali, por exemplo, acaba sendo uma tarefa bem agradável.

Lumia 640 XL

Só não é mais aprazível porque a Microsoft aplicou no modelo a mesma resolução que a gente encontra no Lumia 640: 1280×720 pixels. É uma resolução ruim? Não mesmo, você tem que ter uma visão muito apurada para identificar pixels ali. Só que uma resolução de 1080p cairia bem em uma tela tão grande, não? Mas, neste ponto, temos que lembrar que estamos falando de um modelo intermediário, apesar das dimensões, e do aumento do consumo de energia que uma resolução maior pode causar.

De modo geral, a tela não decepciona. O componente exibe cores vivas, apresenta bons níveis de brilho (com o sensor que ajusta automaticamente a intensidade funcionando bem), é capaz de deixar as informações razoavelmente visíveis mesmo em ambientes com incidência de luz solar e tem ótima resposta a toques.

Lumia 640 XL

Já a visualização em ângulos variados é apenas mediana: se você não estiver exatamente de frente para o smartphone, notará alguma perda de tonalidade, principalmente em relação ao preto.

Um detalhe que chamou a minha atenção é a presença do Glance (função que exibe horas e notificações quando o aparelho está em modo de descanso). Ou de algo que o “imita”: o Glance começou a ser disponibilizado em modelos com tela AMOLED, assim, somente os pixels usados são iluminados para economia de energia. No entanto, o Lumia 640 XL tem tela IPS LCD, fazendo com que a função ative toda a tela, ainda que com baixo nível de brilho.

Lumia 640 XL

Software e multimídia

O Lumia 640 XL sai de fábrica com o Windows Phone 8.1 (Update 2) e a atualização Lumia Denim. Não há, portanto, nada de muito diferente em relação ao que já encontramos em outros lançamentos recentes da Microsoft.

Nos recursos nativos você vai encontrar, por exemplo, o Espaço da Criança (permite disponibilizar apenas conteúdo adequado aos pequeninos), Espaço de Aplicativos (cria uma tela inicial que só dá acesso aos apps escolhidos por você) e teclado virtual no melhor estilo Swype ou SwiftKey.

Aplicativos como Lumia Camera, MixRadio e HERE Maps continuam marcando presença. Há também alguns poucos apps de terceiros, com destaque para Hotel Urbano e Easy Taxi – dá para desinstalá-los numa boa se você não quiser usá-los.

Lumia 640 XL - Windows Phone 8.1

Talvez o maior destaque em relação ao software fique para o brinde que a Microsoft oferece: se você comprar um Lumia 640 XL (ou seu irmão menor) até o final de junho, ganhará uma assinatura de um ano do Office 365 Personal. Basta instalar o Office 365 Gift e seguir as orientações do aplicativo para resgatar a assinatura.

Ah, não custa ressaltar: assim como todos os Lumias atuais, o 640 XL tem update garantido para o futuro Windows 10.

Câmera

Este é outro ponto em que os Lumias 640 e 640 XL diferem um do outro. O primeiro tem câmera frontal de quase 1 megapixel e traseira de 8 megapixels. Já o alvo deste review oferece câmera de 5 megapixels na frente e 13 megapixels atrás.

A câmera traseira conta com lente Carl Zeiss, sensor de 1/3 e abertura de f/2,0. O componente acaba aparecendo de forma levemente protuberante na traseira, mas não é nada que atrapalhe – dá até um certo “charme” ao aparelho.

Lumia 640 XL

Na qualidade das imagens, a câmera convence, viu? Este não é o melhor sensor já encontrado em um smartphone, mas as fotos resultantes têm boa fidelidade de cores, níveis baixos de ruído mesmo em ambientes com iluminação mediana e não há pós-processamento excessivo. Só não espere milagres nas fotos noturnas: se você não usar flash, os ruídos aparecerão com força, assim com a dificuldade de foco.

O modo automático consegue fazer as configurações necessárias para a obtenção de boas fotos em variadas condições, mas se você se preocupa com os detalhes, pode recorrer ao sempre ótimo app Lumia Camera para fazer os ajustes devidos (ISO, balanço de branco, velocidade do obturador, etc.).

Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL
Foto tirada com o Lumia 640 XL

Na câmera frontal, os 5 megapixels existentes ali indicam que o componente foi preparado para selfies, mas não se anime muito: os ruídos podem aparecer em um nível considerável mesmo quando há bastante luz e os tons de cores não são lá muito realistas. Ainda assim, a câmera se sai melhor do que os sensores com 2 megapixels ou menos largamente encontrados em smartphones.

Confesso que senti falta de um botão físico de disparo. Não é um item essencial, mas seria um acréscimo interessante para um aparelho capaz de gerar fotos com a qualidade que encontramos aqui (em relação à câmera traseira).

Um detalhe curioso: se você visualizar as imagens a partir do Lumia Camera, o app mostrará um vídeo de mais ou menos um segundo do momento que antecede o disparo de cada imagem:

Lumia 640 XL

Hardware e bateria

O Lumia 640 XL é equipado com processador quad-core Snapdragon 400 de 1,2 GHz, GPU Adreno 305 e 1 GB de RAM. Trata-se da mesma configuração que está presente nos Lumias 730 e 830, por exemplo, sem contar outros modelos que utilizam o mesmo chip, mas têm menos memória.

O 640 XL vem com um velho conhecido da linha Lumia: o chip Snapdragon 400

A Microsoft insiste nessa combinação porque o Windows Phone se entende muito bem com ela, apesar de o Snapdragon 400 ser um SoC mediano.

De fato, o Lumia 640 XL executou sem pestanejar todas as tarefas que lhe foram incumbidas: reprodução de áudio e vídeo, navegação na web, apps de redes sociais e por aí vai.

Nas aplicações mais pesadas, o Lumia 640 XL também se saiu bem, mas não sem expor seus limites. O jogo Asphalt 8: Airborne, por exemplo, rodou sem uma única travadinha, mas a qualidade gráfica não era das mais impressionantes. Durante a execução do game, deu para notar aquecimento no aparelho, mas leve.

Asphalt 8: Airborne no Lumia 640 XL
Asphalt 8: Airborne no Lumia 640 XL

Em relação ao armazenamento interno de dados, os 8 GB presentes no modelo estão dentro do mínimo que podemos esperar para os padrões de hoje, mas pouco mais da metade do espaço já vem ocupada pelo sistema operacional e aplicativos. Para quem gosta de fazer fotos ou baixar músicas, o que sobra é pouco. Um cartão de memória é praticamente obrigatório para esses casos. Assim com os demais modelos (recentes) da linha Lumia, o 640 XL suporta microSD de até 128 GB.

Uma das vantagens de aparelhos grandalhões é que é possível inserir neles baterias com mais capacidade. O Lumia 640 XL não fugiu dessa convenção: a bateria do dispositivo conta com 3.000 mAh. Mas essa quantidade não se traduziu, necessariamente, em maior autonomia.

Lumia 640 XL

Após recarregar o aparelho por completo, eu realizei as seguintes atividades para avaliar o desempenho do componente:

  • Joguei 20 minutos de Asphalt 8: Airborne;
  • Rodei o filme O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2h59min) via Netflix e brilho da tela no nível máximo;
  • Ouvi música via MixRadio por uma hora;
  • Usei Internet Explorer e redes sociais por quase 30 minutos;
  • Fiz 5 minutos de ligação.

Essas tarefas foram executadas ao longo do dia. À noite, o Lumia já “reclamava”, pois a bateria havia chegado em 8%. Isso significa que, mesmo que você tenha um perfil de uso mais agressivo, por assim dizer, provavelmente conseguirá passar o dia sem ter que recarregar o aparelho.

Apesar disso, eu esperava um pouco mais da bateria. É verdade que há uma série de fatores que influenciam na autonomia – como o tamanho da tela -, mesmo assim, a minha impressão é que, proporcionalmente, aparelhos como Lumia 730 e Lumia 830 se saem melhor nesse quesito.

Da saída de som eu gostei bastante. O alto-falante apresenta bons níveis de volume e, mesmo quando esse parâmetro está no máximo, praticamente não há distorção. Só não espere, é claro, reprodução fiel de graves e médios – fones de ouvido continuam mandatórios se o objetivo é esse.

Conclusão

Lumia 640 XL

A Microsoft tem intensificado o lançamento de smartphones de custo baixo e intermediário, e deve seguir por esse caminho pelo menos até o lançamento do Windows 10. No meio de todos esses modelos, é de se esperar pelo menos uma opção com tela grande. O Lumia 640 XL está aí para representar a categoria, cumprindo a missão muito bem.

Se por um lado não é das tarefas mais práticas transportá-lo junto ao corpo ou levá-lo à orelha para atender a uma ligação, por outro, as quase seis polegadas do visor realmente tornam mais interessante a visualização de fotos, vídeos e jogos. Esse foi o aspecto mais destacado pelas pessoas que me pediram para ver o aparelho (smartphones grandes já não são novidade, mas a unidade que eu testei, por ser branca, chamou muita atenção).

A boa convivência do Windows Phone com o Snapdragon 400 também é um fator a se considerar. O mesmo vale para os resultados convincentes que as câmeras entregam, especialmente a traseira, muito boa para a categoria.

O 640 XL é um bom aparelho, mas R$ 999 é um preço salgado; vale esperar abaixar

Mesmo com todos os aspectos positivos, o preço sugerido do Lumia 640 XL no Brasil me pareceu um tanto salgado: R$ 999 (para as versões com e sem 4G). É verdade que o Lumia 1320 – o grandalhão intermediário anterior – chegou custando R$ 1.399. Porém, a quantia sugerida para o 640 XL faz com que a ideia de partir logo para um smartphone mais sofisticado ganhe força, ainda que você tenha que tirar mais alguns reais do bolso para fechar a conta.

Em contrapartida, temos que levar em conta a influência que o dólar alto causa no preço. No lançamento, a Microsoft chegou a dizer que fez o possível para deixar o valor do 640 XL abaixo de mil reais (certamente, a política de não oferecer fones de ouvido e cabo USB junto ao dispositivo faz parte desses esforços).

Felizmente, o varejo não costuma demorar para aplicar seus habituais descontos. Na publicação deste review, eu já conseguia encontrar o Lumia 640 XL em lojas online por menos de R$ 900.

No final das contas, se você se dá bem com o Windows Phone e faz questão de tela grande, estará fazendo uma boa aquisição. Mas, se puder esperar, faça negócio só quando o preço cair ou se você conseguir um bom desconto.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmeras: traseira de 13 megapixels, frontal de 5 megapixels;
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, NFC, Bluetooth 4.0 e micro-USB 2.0;
  • Dimensões: 157,4×81,5×9 mm;
  • GPU: Adreno 305;
  • Memória externa: microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 8 GB (cerca de 4 GB livres);
  • Memória RAM: 1 GB;
  • Peso: 171 gramas;
  • Plataforma: Windows Phone 8.1 com Lumia Denim;
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 400 quad-core (Cortex-A7) com 1,2 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, bússola, giroscópio, proximidade e luminosidade;
  • Tela: IPS LCD de 5,7 polegadas com resolução de 1280×720 pixels (259 ppi) e proteção Gorilla Glass 3.

Review Lumia 640 XL

Prós

  • A câmera traseira é ótima para a categoria
  • Bom desempenho geral
  • Tela que atende às expectativas

Contras

  • O aparelho é um pouco desconfortável
  • Metade do espaço para dados vem ocupado
  • A bateria poderia durar um pouquinho mais
Nota Final 7.3
Bateria
7
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
7
Design
7
Software
7
Tela
7

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.