Review Moto G5 e Moto G5 Plus: novo design, mesma proposta, algumas decepções

Quinta geração do Moto G deixa de empolgar no hardware para focar em outros detalhes

Paulo Higa
• Atualizado há 3 meses

A quinta geração do smartphone mais vendido da linha Moto está entre nós, desta vez em dois modelos. O Moto G5 é o aparelho que deve alcançar o grande público, agora com acabamento em alumínio e um preço de lançamento mais baixo, enquanto a variante Plus continua voltada para os que fazem questão de pagar mais para tirar fotos melhores.

Será que o Moto G continua sendo uma boa opção entre os aparelhos intermediários? Eu fui dar uma olhada de perto neles.

Em vídeo

Mesma proposta

O que esperar dos Moto G5? A mesma proposta que vemos desde o primeiro Moto G: são aparelhos mais acessíveis, mas que entregam um “algo a mais” dentro da sua faixa de preço. Nas primeiras gerações, o “algo a mais” era o desempenho muito acima dos smartphones básicos da época. Depois, a empresa passou a prestar mais atenção nas câmeras. Agora, o foco parece ser em design — e há outras boas novidades.

No Moto G5, de R$ 999, uma boa adição foi o leitor de impressões digitais (e espero que esse componente chegue a aparelhos ainda mais baratos). No Moto G5 Plus, de R$ 1.499, o destaque é a câmera de 12 megapixels com Dual Auto Focus Pixels (um sistema de foco mais rápido e eficiente, normalmente encontrado em aparelhos bem mais caros) e uma lente com abertura generosa de f/1,7.

Bem acabado sem custar tanto

Era quase inevitável, mas eu recebi com bons olhos a notícia de que os novos Moto G ganharam acabamento em alumínio, especialmente na versão mais básica. É raro encontrar aparelhos com design bem trabalhado abaixo dos mil reais — e isso chama a atenção num país em que a maioria das compras ainda é feita presencialmente. Além disso, diferente do que costuma acontecer em certos smartphones de metal, os aparelhos da Lenovo têm boa aderência e não escorregam facilmente na mão.

A ergonomia também melhorou, até por causa da redução no tamanho das telas: de 5,5 para 5,2 polegadas no Moto G5 Plus e 5,0 polegadas no Moto G5. Tem muita gente que achou isso um ponto negativo. Eu sempre fui do time que prefere displays menores, mais confortáveis de serem utilizados sem nenhum malabarismo, então nem preciso me estender muito aqui.

Uma diferença: no modelo mais básico, a traseira é removível

As pequenas perdas na tela não devem ser tão sentidas porque os botões virtuais do Android agora podem ser escondidos, liberando espaço. O leitor de impressões digitais, na parte frontal, ainda não é um botão (ele não pode ser pressionado), mas suporta gestos: deslize para a esquerda para voltar; deslize para a direita para abrir o multitarefa; toque para voltar à tela inicial; e segure o dedo para bloquear a tela.

Com barra ou sem barra?

Eu ainda não me acostumei com os gestos no leitor de impressões digitais, mas certamente é uma boa opção para aproveitar melhor a parte frontal do aparelho, resolvendo a estranha solução do Moto G4 Plus, que tinha basicamente dois botões liga/desliga. Sem dúvida, é uma alternativa mais interessante que colocar o sensor na traseira, dificultando o acesso à biometria quando o aparelho está sobre uma superfície.

Moto G5 Plus tem TV digital HD (mas não sintoniza quase nada sem a antena como fone)

Alguns detalhes me chamaram a atenção. O primeiro foi o conector Micro USB, aquela portinha que ninguém gosta — é frágil, vez ou outra dá mal contato e tem que ficar acertando o lado. A Lenovo diz que, como o público do Moto G tem um ecossistema de cabos e carregadores baseados em Micro USB, decidiu continuar mantendo o USB-C restrito ao Moto Z.

Os números do Moto G5 Plus também decepcionaram. Ele é vendido no exterior em versões com até 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento, mas a Lenovo trouxe apenas a configuração mais simples ao Brasil, com 2 GB de RAM e 32 GB de armazenamento — nada além do que já havia no Moto G4 Plus. O resultado é que o Moto G5 Plus ficou solitário em sua faixa de preço, sendo o pior no hardware.

Moto G5 Plus merecia mais hardware

A Asus, que costuma focar no hardware, coloca 3 ou 4 GB de RAM no Zenfone 3. Mas até a Samsung, que sempre vende mais caro que todo mundo no lançamento, foi mais agressiva: o Galaxy J7 Prime, lançado por R$ 1.599, já vem com 3 GB de RAM. É verdade que o Android roda decentemente com 2 GB de memória — mas a vida útil do Moto G5 será menor do que poderia ser, e a experiência com os Moto G anteriores mostra que nem o tal “Android puro” da Lenovo é capaz de sobreviver bem ao tempo.

Veremos

Precisamos de mais tempo com o Moto G5 e Moto G5 Plus para saber se eles realmente são boas opções — se a mudança no processador do Moto G5 fez alguma diferença no desempenho e na bateria, e se a câmera do Moto G5 Plus é tudo isso que aparenta ser nos números. O review será publicado nas próximas semanas. O que vocês querem saber sobre eles?

O vídeo de primeiras impressões será publicado em breve.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.