O desafio retrô ataca em Vengeful Guardian Moonrider

Novo título de ação traz boas lembranças de Ninja Gaiden e afins, mas fica devendo em realmente inovar em um gênero consolidado

Ricardo Syozi
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• Atualizado há 4 meses
Vengeful Guardian Moonrider
O jogo já está disponível (Imagem: Divulgação / JoyMasher)

Por não faltar lançamentos de jogos indies com uma pegada retrô, acaba não sendo fácil separar o joio do trigo. Há inúmeras obras que prometem referenciar a game X ou Y, por exemplo, mas não são todas que se tornam memoráveis. Nesse sentido, Vengeful Guardian Moonrider consegue se destacar, porém, nem sempre pelos melhores motivos.

Espada afiada e pulos certeiros

Mais uma vez, a desenvolvedora brasileira JoyMasher chega com os dois pés na porta. Toda a apresentação do game é competente, com uma arte em pixels muito bonita e uma jogabilidade refinada. Tudo parece sujo, mas isso ocorre porque a temática de opressão e resistência está em cada canto da aventura.

As fases são quase todas com uma visão lateral em 2D, oferecendo uma jornada bastante curta para os mais habilidosos, mas com muitos momentos de tentativa e erro para os demais. Há batalhas ferozes contra chefes, que quando derrotados deixam de “presente” uma arma secundária. Mesmo dando um tom de Mega Man, você não precisa desses itens para derrotar outros oponentes.

Em relação à arte, de forma similar a obras como Blazing Chrome e Oniken (ambas da mesma empresa), aqui há menções aos estilos 8 e 16 bits. A movimentação do protagonista é fluída, ajudando bastante nos saltos e nas investidas contra os inimigos. Pode parecer clichê mencionar isso, mas em Vengeful Guardian Moonrider, perder uma vida é culpa exclusivamente do jogador.

O jogo é bem desafiador, mas nem de longe é o título mais difícil da desenvolvedora. Assim, já deixo uma valiosa dica: aprenda a usar bem o botão de corrida, pois se o dominar, será possível passar pelos estágios sem precisar parar muito para enfrentar os adversários pelo caminho.

Vengeful Guardian Moonrider
É preciso pegar o tempo dos pulos (Imagem: Ricardo Syozi / Tecnoblog)

Variedade não é o ponto forte

Há algo que precisa ser dito e que vale para todos os games da JoyMasher: eles sabem exatamente o que querem oferecer em suas produções. Nesta aventura, o jogador pode esperar por um Ninja Gaiden ou, até mesmo, um Hagane. Isso não quer dizer que eles apenas copiam e pronto, a equipe dá um jeito de pegar as referências e colocar bastante de si mesmos na jogatina.

Por outro lado, isso acaba afetando a sensação de novidade. Durante as fases, o side-scrolling 2D com plataforma e ação é o elemento predominante. Há fases que exigem um pouco mais de exploração e outras que entregam uma visão em terceira pessoa. Essa, em especial, me lembrou bastante o ótimo Batman Returns de Sega CD.

Talvez não há muito o que inovar no gênero, mas sempre fico me perguntando o que mais poderia ter sido adicionado à uma fase. Algo que me faria levantar do sofá e arrumar a postura por causa da surpresa. Pensando nisso, Vengeful Guardian Moonrider acaba deixando um gosto de “legal, mas falta um tempero a mais aí”.

A cada novo nível que eu começava, eu já sabia mais ou menos o que me esperava. Até mesmo as batalhas contra os chefes não me prenderam o suficiente, pois seus padrões não são incríveis, exigindo pouco de um jogador mediano como eu.

Seja como for, nem sempre um jogo precisa reinventar a roda ou revolucionar um estilo. Muitas vezes tudo o que ele precisa fazer é entregar exatamente o que queremos. E o título da JoyMasher faz isso de forma sensacional.

Jogo JoyMasher
Pena que a fase de moto é tão curta (Imagem: Ricardo Syozi / Tecnoblog)

Vengeful Guardian Moonrider vale o aluguel

Toda vez que me deparo com uma produção moderna, mas que abraça a geração dos 8 e 16 bits, aquela sensação de nostalgia acaba surgindo. Me sinto como quando era moleque e ficava animado para ir à locadora alugar um cartucho.

A JoyMasher é uma das poucas empresas que conseguem me oferecer esse sentimento hoje em dia. Dessa maneira, acabo guardando um carinho pela desenvolvedora.

Seu mais recente game faz tudo direitinho, mas não inova. Diferentemente do que pensei sobre Need for Speed Unbound, dessa vez, a inovação não é quesito de qualidade. Seria um “algo a mais” que me faria querer revisitar a jornada de Moonrider mais vezes, mas não é motivo para colocá-lo de lado.

No mais, Vengeful Guardian Moonrider merece ser curtido pelos fãs de retrogames e também pelos apaixonados por desafio.

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Ricardo Syozi

Ricardo Syozi

Ex-autor

Ricardo Syozi é jornalista apaixonado por tecnologia e especializado em games atuais e retrôs. Já escreveu para veículos como Nintendo World, WarpZone, MSN Jogos, Editora Europa e VGDB. No Tecnoblog, autor entre 2021 e 2023. Possui ampla experiência na cobertura de eventos, entrevistas, análises e produção de conteúdos no geral.