Review Toq: o smartwatch da Qualcomm com grande duração de bateria e uma tela bem diferente

Lançado no ano passado nos EUA, o smartwatch da Qualcomm compensa os pontos perdidos no design com a duração da bateria

Giovana Penatti
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• Atualizado há 10 meses

Na semana retrasada, ocorreu em São Francisco o Uplinq, principal evento da Qualcomm voltado para desenvolvedores. Nesta edição, toda a imprensa recebeu o smartwatch Toq. Anunciado no Uplinq do ano passado, ele está mais para um produto de referência, feito para experimentar e explorar o potencial desse wearable, do que um produto final; no entanto, ele foi colocado à venda no ano passado e hoje custa cerca de US$ 250.

Desde que o recebi, corri para carregar sua bateria e, desde então, não o tirei do pulso para contar como é utilizar o smartwatch com maior duração de bateria do mercado.

Vou iniciar falando da própria bateria, já que é por ela que você começa a utilizar o Toq. Ele vem sem carga e é preciso deixá-lo na base cerca de duas horas para que você possa configurá-lo. O carregador é sem fio – aliás, uma das tendências mais fortes para os próximos anos, segundo foi dito na conferência. Basta ligar a base a uma tomada e encaixar o relógio no suporte.

O carregador é uma caixinha que abre em 180º e pode carregar, ao mesmo tempo, o Toq e os fones Bluetooth que são vendidos separadamente. É por causa deles que há os dois espaços do lado direito.

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Após a bateria estar carregada, é necessário ajustar a pulseira. Ela vem bem longa e sem estar presa ao fecho. É preciso medir o tamanho ideal para seu pulso, cortar na marcação certa, enfiar o pino que irá prendê-la ao fecho e, por fim, encaixar o pino no fecho. Esse processo é bem irritante: o buraco do fecho é bem pequeno e a molinha que é encaixada na pulseira parece que se recusa a recuar o bastante para ser encaixada.

Se tiver cortado pouco e quiser mais justa, é preciso remover o pino (dá para fazer isso com um a ponta de um clip de papel), medir novamente, cortar, recolocar o pino e sofrer para encaixá-lo novamente. E, se cortar demais… Não tem muito o que fazer.

A pulseira poderia ser mais amigável ao usuário final. Uma de fecho simples, como o utilizado em cintos, por exemplo, seria uma opção melhor.

As marcas de tamanho e buracos para encaixar o pino: trabalho árduo para colocar um relógio
As marcas de tamanho e buracos para encaixar o pino: trabalho demais só para colocar um relógio no pulso

Resolvido o drama da pulseira, é hora de baixar o aplicativo Toq, por onde você faz todas as configurações, personalizações e atualizações de firmware do smartwatch. É só seguir um passo a passo e seu Toq está pareado e pronto para o uso.

Pegar o smartphone do bolso ou da mochila só para saber que horas são é uma grande perda de tempo.

Como bom smartwatch, o Toq avisa quando há algo a ser visto no seu smartphone, como mensagens de texto, ligações e outras notificações que você escolher. Ele fica de olho em seus compromissos e lhe permite saber o clima, como estão suas ações e rastreia seus passos como um relógio fitness muito simples.

Ele também desempenha funções básicas de relógio, como cronômetro e exibir as horas. Por mais sarcástico que pareça, e juro que não é, ver as horas no pulso foi o que mais gostei no Toq. É que (re)descobri ser extremamente útil e agradável estar com essa informação no pulso; pegar o smartphone do bolso ou da mochila só para saber que horas são é uma grande perda de tempo – agora com o perdão do trocadilho.

O mesmo pode se estender às notificações: ler mensagens direto no relógio elimina aquela curiosidade louca de quando o celular vibra no bolso e você não pode pegá-lo. É bem menos invasivo dar uma olhadinha rápida e responder mais tarde, ou enviar uma mensagem automática com poucos toques.

As partes mais personalizáveis do Toq são as do layout do relógio e do menu. Há desde relógios digitais simples a outros que exibem a hora por extenso (em inglês), ou que trazem outras informações como agenda, clima e data. Para alterar entre os selecionados, é só deslizar o dedo sobre a faixa prateada do visor. Quanto aos estilos de menu, eles mudam somente o design, sem mexer na posição dos ícones. Algumas opções podem ser vistas na galeria acima.

O visor do Toq está sempre ligado e, ainda assim, a Qualcomm garante cerca de uma semana de bateria. O motivo é a tecnologia Mirasol, uma espécie de e-ink colorido que poupa muita energia. Essa característica também faz com que a tela seja visível até em ambientes com pouca luminosidade: basta mexer o pulso em direção à luz, mesmo que pouca, e será possível vê-la.

Caso seja um breu total ou esteja ruim de ver com a pouca luz, a Qualcomm colocou uma luz para iluminá-lo. O sensor para ativá-la fica na pulseira, na parte superior ao vidro. É só tocar nessa região duas vezes para ligar ou desligá-la.

Outro sensor fica abaixo do visor e funciona como um botão Home. Tocando nessa parte, o layout do relógio dá lugar ao menu com todas as possibilidades do Toq mostradas em ícones. No aplicativo do smartphone, você pode configurar algumas das funções para acesso rápido com “swipe”; dessa forma, basta arrastar o dedo para mostrar notificações, controle de música, atividade física diária e outras informações.

O Toq teve sua API liberada em fevereiro deste ano, mas não encontrei nenhum app que faça um uso diferente ou criativo do relógio, somente alguns – poucos – para ler o feed RSS, ver emails ou responder mensagens com respostas prontas. Nada disso é exatamente interessante. As mensagens prontas, por exemplo, podem ser criadas no próprio app do Toq – mas, estranhamente, só servem para SMS, fazendo com que esses outros apps tenham sentido.

O smartwatch também recebeu uma atualização que lhe deu o recurso Toq Talk: com tecnologia da Nuance (a mesma da Siri), ele reconhece palavras, fazendo com que você possa “ditar” uma resposta – em inglês – ao relógio e enviá-la a partir dele. Mas, novamente, somente para SMS.

O ponto no qual o Toq me deixa mais chateada é o visual. Apesar de ter personalidade – dá para reconhecê-lo facilmente entre os de outras OEMs – , ela é a de um protótipo. O visor mede 1,55 polegada e, apesar de ser confortável de ver, fica enorme em pulsos finos. A pulseira de borracha, apesar da textura que lembra um tecido, também não é a mais bonita para um acessório que, como foi dito em um debate sobre wearables no Uplinq, precisa ser “ou fashion, ou invisível”.

Em pulsos masculinos, no entanto, ele não fica tão “grosseiro” quanto nos femininos. E a versão branca, que vi nos pulsos de alguns funcionários da empresa no evento, parece mais delicada.

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Também é bom fazer a ressalva de que ele é um produto de referência, ou seja, o que mais importa no Toq é o que ele faz, e não seu visual; essa segunda parte deve ficar a cargo das empresas que decidirem adotar suas tecnologias.

A Qualcomm tem parcerias com tudo quanto é empresa de tecnologia e me parece estranho que todos os smartwatches lançados até agora não aproveitem a melhor ideia da Qualcomm para um wearable, que é a tela. Dá para entender que a intenção das fabricantes é ter imagens lindas no seu pulso, até porque elas devem ajudar a tornar esse novo produto sedutor a ponto de justificar seu alto preço enquanto ainda tentam descobrir tudo para que ele pode servir.

No entanto, é essa tela maravilhosa que acaba minando um outro ponto importantíssimo: a bateria. Por isso, as telas dos smartwatches normalmente ficam desligadas e podem ser acesas ao apertar algum botão ou virar o pulso para ver o horário – um gesto comum, mas que pode ser evitado. Descendo uma ladeira de bicicleta, por exemplo, pude ver as horas rapidamente no Toq sem perder a atenção na pista. Sei que se trata de uma situação bem específica, mas é uma real de uso.

Em uma mesa-redonda no Uplinq, alguns profissionais mencionaram que será interessante relembrar, em cinco anos, esses primórdios do smartwatch, em que todo mundo – empresas, desenvolvedores e consumidor final – está tentando encontrar qual é o “killer app” que fará com que esse gadget seja indispensável tanto quanto um smartphone é hoje. Até agora, tem sido o lado fitness, mas e para quem não pratica esportes, as exibições de notificações são o bastante?

Confesso que uso o Toq agora mais por costume que pela promessa de facilitar a minha vida. Depois de tantos dias com ele no pulso, se tornou hábito, mas, quando esqueço de colocá-lo de volta, não sinto tanta falta: posso ficar um bom tempo sem ver notificações no smartphone, perder ligações, nem lembrar onde o celular está (algo que, inclusive, o Toq me ajuda muito: ele pode fazer o aparelho tocar para que você o encontre). Mas sei que nem todo mundo é assim; para quem não consegue ficar longe do smartphone, o investimento em um smartwatch agora faz mais sentido. Para o resto de nós, vale acompanhar o mercado e ver o que essa área ainda pode nos trazer de vantagens.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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