Castle of Illusion Starring Mickey Mouse mostra que nem sempre reinventar a roda é algo ruim

Renata Persicheto
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• Atualizado há 2 semanas

Em 1990, Mickey Mouse, o camundongo apaixonado, foi capaz de loucuras para conseguir salvar sua amada das garras de Mizrabel, uma bruxa malévola que pretendia roubar a jovialidade e beleza de Minnie. Vinte e três anos após, a passagem se repete, desta vez com um tanto a mais de charme – ainda que conserve a magia das memórias do passado.

Em Castle of Illusion: Starring Mickey Mouse, remake lançado neste mês para Steam, PlayStation Network e Xbox Live, vê-se o primoroso e cuidadoso trabalho da Sega em fazer não apenas uma atualização em alta definição de um de seus maiores clássicos para o Mega Drive, mas uma verdadeira releitura dele.

Seguindo o enredo original, Mickey parte em busca de gemas para formar a ponte de arco-íris que o levará ao castelo de Mizrabel, enquanto o jogo  revisita os cenários e chefes de uma maneira bastante lúdica, com uma excelente trilha sonora. Para os saudosistas, um presentinho: dá pra escolher a trilha original, em 16-bit, nas opções de som do menu.

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Aliás, caso você tenha jogado o primeiro jogo, não será difícil encontrar elementos que remetam à uma boa época da vida. Em Castle of Illusion: Starring Mickey Mouse, troncos de árvores brigões, letras saltitantes, o enorme rio de milk shake e todo o resto, antes meramente parte da plataforma em 2D,  foram recriados em gráficos encantadores que fazem conversar muito bem entre si o 2.5D e o 3D.

Muitas vezes, a câmera muda quase de forma imperceptível, transitando de um para o outro, mas a passagem é tão fluida que a adaptação aos novos controles se torna quase automática. As transposições de cenário, muito detalhadas, antecipam, no pano de fundo, os elementos que virão na próxima etapa da fase. Tudo bastante animado e colorido, em contraposição aos efeitos estáticos da versão original.

Apesar das versões lançadas para console, joguei a versão para PC disponível no Steam, e como todos os meus controles de videogame se negaram a funcionar, tive de me resignar a usar o teclado para comandar o camundongo por suas aventuras.

Para falar sobre isso, vai aí uma breve confissão: zerei o primeiro Castle of Illusion aos cinco anos, num emulador de Mega Drive para computador (não me julguem, meu irmão não me deixava brincar com o console). Isso posto, devo dizer que desta forma a experiência com a releitura teve um “quê” a mais de nostalgia.

O ponto contra, neste caso, foi a dificuldade de adaptar as teclas direcionais à isometria da câmera. Às vezes, se torna complicado passar ileso pelas fases que trabalham mais o 3D desta forma. Como, por exemplo, na já tão comentada parte da “ponte de macarons”, um verdadeiro suplício para quem não é tão bom em calcular profundidades e se vê precisando saltar de uma bolachinha para outra (como eu).

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O resultado são banhos e mais banhos no rio de sorvete derretido. Este tipo de dificuldade pode acabar se tornando irritante, mas nada que estrague a experiência.
Vale lembrar que você não precisa ter tanto medo de cair no rio, ou em qualquer lugar. Entrando no embalo dos jogos atuais, Castle of Illusion não tem game over. No máximo, você precisará retroceder algumas etapas, ou voltar para o início da fase.

Durante todo o percurso do título estão presentes estrelinhas, que são “frações” de vida capturáveis, além de cabeças de Mickey douradas, que dão uma vida inteira para você se esbaldar e morrer várias vezes. Quase como no original, mas sem a parte de ter que fazer absolutamente tudo de novo, no caso de morte morrida. Só não tente reproduzir isso em casa.

Também dá pra morrer nas mãos dos guardas do castelo. Para se livrar deles ou de qualquer outro inimigo do jogo, é necessário coletar, como no título do Mega Drive, velas ou cristais, que servirão de munição para Mickey. Nem adianta bater duas vezes no botão de pular, a famigerada “bundada” ficou mesmo na primeira versão do jogo. Ainda dá para matá-los de um jeito parecido, com a diferença que agora o protagonista só pula em cima dos oponentes, mesmo.

Já os chefes de cada uma das sete fases possuem suas particularidades. Alguns utilizam da nova câmera 3D, obrigando que você corra pelos quatro cantos da tela enquanto foge da morte iminente, outros precisam ser atingidos, cada qual à sua maneira. Nenhum tão complicado, mas alguns bem irritantes.

“Era uma vez…”

Certamente, algo que emprestou um charme totalmente único nesta versão de Castle of Illusion foi a adição de um narrador para a história, fazendo com que você se sinta (eu me senti, ao menos) jogando uma obra literária. Richard McGonagle, dublador que empresta a voz a Sully, em Uncharted (e, a título de curiosidade, é também o narrador do filme 500 Dias com Ela), desempenha um papel bastante carismático no jogo, acompanhando todas as “sensações” da história com uma entonação bem convincente. Isso sem contar as eventuais falas e interjeições de Mickey, que dão uma graça a mais à jornada.

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Já as dublagens e legendas em português ficam para uma próxima atualização;  até agora, só é possível mudar o idioma dos menus, enquanto o resto permanece no inglês original.  Mas não compreender a língua não se torna necessariamente um impasse, uma vez que o jogo é bastante intuitivo.

Outras ilusões

Ao decorrer do jogo, menções aos outros títulos da série “Illusion” são feitas. Com um pouco de atenção, dá para perceber elementos de World of Illusion e Land of Illusion, como nas roupas e itens desbloqueados durante os atos. O que me faz imaginar (e querer acreditar) que possivelmente esses também receberão releituras.

No mais, Castle of Illusion é um jogo divertido na medida. Nem muito curto, nem muito longo (acredito que, se você não passar muito tempo babando nos gráficos e tirando screenshots como eu fiz, dê para finalizá-lo em poucas horas), nem tão simples, nem tão difícil. É uma boa pedida para quem quer se lembrar da infância, mas não faz feio para aqueles que jamais tocaram em um jogo da série.

Se você quiser ver como as coisas mudaram e como tanto original quanto remake são atemporais e graciosos, dê uma olhada neste vídeo, que compara o antes e o depois:

Ficha técnica

  • Plataforma: PC, Xbox 360 e PlayStation 3
  • Lançamento mundial: 3 de setembro de 2013
  • Preço sugerido: entre R$ 19,99 e 30,00
  • Distribuidor: Sega
  • Requisitos mínimos: Windows Vista SP2+, processador dual core de 2,8 GHz, 2 GB de RAM, GPU ATI 2600/Nvidia 8600, DirectX 11, 10 GB de HD
  • Requisitos recomendados: Windows 7, processador quad core de 2,4 GHz, 4 GB de RAM, GPU ATI 4850/Nvidia 8800, DirectX 11, 10 GB de HD

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Renata Persicheto

Renata Persicheto

Ex-redatora

Renata Persicheto é formada em marketing pela Anhembi Morumbi e trabalhou no Tecnoblog como redatora entre 2013 e 2015. Durante sua passagem, escreveu sobre jogos, inovação e tecnologia. Já fez parte da redação do portal Arena IG e também tem experiência como analista de inteligência de dados.

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