Review iPhone 5, mais uma evolução do que revolução
Há pouco mais de um ano a Apple lançava no mercado o iPhone 4S, uma evolução natural do iPhone 4. Não foi nada revolucionário, já que na época a empresa da maçã apenas melhorou diversos componentes de hardware e trouxe o iOS 5 com várias novidades. O iPhone 5, a próxima evolução do celular, será lançado hoje (13) no Brasil. E ele tenta repetir, novamente, a fórmula da Apple de evoluir no lugar de revolucionar.
Enquanto já esperávamos um processador mais poderoso e um sistema mais rápido no novo iPhone, o aumento da tela do iPhone 5 pode ser considerado uma resposta da Apple à crescente tendência megalomaníaca das fabricantes de celulares. Mesmo que a Apple não admita. Ainda assim, essa conjunto de características fazem do iPhone 5 um bom concorrente no quase saturado mercado brasileiro de celulares high-end? Descubra lendo o review a seguir.
Design e pegada
Por mais que Jony Ive diga que o iPhone 5 é um aparelho com um design completamente novo, ele não é tão diferente assim do anterior. O formato em barra com uma tela e um painel frontal de vidro ainda é o design dominante. As laterais são de alumínio anodizado, que não é um dos materiais mais duráveis ou resistentes a arranhões. E isso se repete na traseira, onde há uma área bastante arranhável também. Se eu fosse bem crítico, diria que o design piorou nesses aspectos. Mas desde o primeiro iPhone que o problema com arranhões existe, então seria chutar cachorro morto.
Outra coisa que não é particularmente boa no alumínio das laterais: seu coeficiente de atrito. Ele não ajuda muito a pegada do iPhone 5 que, em conjunto com a traseira um pouco escorregadia, dá a ele uma empunhadura pior do que a do iPhone 4S, que já não era muito boa. Essa dupla de características faz do celular um objeto predestinado a atingir o chão com certa frequência para quem não segurá-lo com firmeza.
Dito isso, o iPhone 5 é um aparelho fantástico de segurar. Mesmo com a tela um pouco maior, a largura é a mesma, então ele ainda encaixa na mão muito bem – mesmo sendo escorregadio. E ele também é impossivelmente leve, o que o torna ainda mais fácil de cair no chão. Pelo lado bom, quando ele inevitavelmente cair na cara de um usuário sonolento que estava segurando-o no ar ao assistir um vídeo qualquer, não vai doer tanto quanto os modelos anteriores. E como um desses usuários, acho isso uma boa vantagem.
Em termos de design, sou obrigado a confabular a teoria de que a Apple fechou contratos secretos e bilionários com fabricantes de acessórios, pois o iPhone 5 na cor preta não foi feito para ser usado sem uma case protetora. O iPhone 5 branco tem um acabamento que exibe menos os arranhões, então se você for comprar, prefira esse.
Tela e interface
Em termos de tamanho, a diferença entre os iPhones anteriores e o iPhone 5 é de apenas meia polegada. E mesmo sendo a mesma tela retina ela consegue ser incrivelmente mais brilhante e ter um contraste bem maior. E isso não é só impressão: o AnandTech fez os testes com equipamentos precisos para descobrir que a tela do iPhone 5 tem um contraste de 1313:1 e taxa de brilho de 562 nits.
Dessa vez com resolução de 1136 x 640 pixels, a tela do iPhone pela primeira vez tem a proporção de tela widescreen, ou 16:9, ideal para assistir vídeos já que a maioria já sai nesse formato. Mas ainda há problemas para quem usa um aplicativo antigo ou cujo desenvolvedor esqueceu que existe. Abri-lo no iPhone 5 vai mostrar duas barras nas laterais enquanto o aplicativo não for adaptado. E pela minha experiência, existem vários deles ainda.
Uma boa característica estética dessa tela é que dificilmente você irá perceber onde começa e onde termina a área com os pixels, pelo menos no modelo de cor preta. Uma má característica da mesma tela: a Apple ainda não conseguiu desenvolver uma tecnologia anti-oleosidade boa o bastante. Se você tiver fobia de marca de dedos, prepare-se para limpar várias vezes esse aparelho.
Rodando no mais novo iPhone está o iOS 6, sem opção de downgrade. A Apple melhorou bastante o sistema nos últimos anos e, embora ele tenha algumas desvantagens em relação ao iOS 5 (que cito mais adiante), acho que é uma evolução que tem mais pontos positivos do que negativos.
A interface é a mesma do iOS 5 com algumas modificações, já que o espaço da tela aumentou. E por ter um novo processador, ela está bem rápida de se navegar. Quem tem um iPhone 4S com iOS 6 talvez não perceba tanta diferença, mas a velocidade de abertura de aplicativos é bem maior no iPhone 5 quando comparado com o iPhone 4.
iOS 6: o bom e o ruim
O iOS 6 é um dos melhores sistemas móveis que já usei em um celular. Mas junto com suas vastas funcionalidades, estão várias desvantagens óbvias para quem planeja ter o iPhone 5 como seu principal celular.
A primeira, claro, é o sistema de mapas que tem menos informações que deveria, pelo menos no Brasil. O sinal do GPS é encontrado de forma bem rápida, graças ao trabalho conjunto dos chips de GPS e GLONASS, mas de que adianta saber onde o aparelho está se a qualidade do mapa ao redor é menos do que ideal? Nos EUA, funciona que é uma maravilha. Ele exibe até mapas em 3D. No Brasil, porém, são muitas ruas erradas e rotas pouco confiáveis.
Felizmente, o Google já liberou o aplicativo do Google Maps para iOS, o que tapa o buraco desse problema – mas como a Apple não permite mudar o aplicativo padrão, as direções abertas em aplicativos serão sempre mostradas nos mapas nativos.
Um ótimo detalhe que a Apple incluiu foi o “Do Not Disturb”, função que permite desativar a exibição de notificações e as ligações. Perfeito para quem não quer ser acordado no meio da noite pela tela piscando (e se a mesma pessoa ligar duas vezes, o telefone toca na segunda ligação).
Outro escorregão da Apple com o sistema aconteceu com a integração com o Facebook. A mesclagem de contatos está confusa: mesmo desativando a exibição dos contatos, ele continua mostrando dados unificados e se você quiser sincronizar o número de um contato no Facebook com o iOS, boa sorte, porque isso não é possível (e talvez seja culpa do próprio Facebook).
Panoramas embutidos é uma das outras vantagens do iOS 6. Assim que o sistema foi lançado, o algoritmo de panorama foi uma das coisas que mais elogiei. Ainda não vi nenhum programa conseguir costurar múltiplas fotos com tanta precisão quanto o do iOS 6.
Eu diria que entre erros e acertos, o iOS 6 sai no lucro. A Apple só precisa corrigir alguns bugs chatos que, quando as reclamações crescerem, serão notados e devidamente sanados. Ou assim esperamos.
Multimídia
Ao tocar vídeos, toda a tela é ocupada por pixels e sem a necessidade de dar zoom. Essa é uma vantagem em relação aos iPhones anteriores e suas barras pretas em vídeos. Mas vamos encarar a realidade: a Apple nunca vai oferecer suporte a arquivos que exigem padrões de codec diferente daqueles que a empresa já licenciou. Então dificilmente veremos o iOS ter compatibilidade nativa com arquivos .mkv ou .avi em geral. E essa é uma clara vantagem do Android.
Felizmente os arquivos que o iPhone 5 dá suporte já são bons o bastante para competirem com o que não é suportado no sistema. Arquivos de vídeo em H.264 e MPEG-4 tocam sem problema, bem como os arquivos de áudio em MP3, AAC, AIFF e WAV. O iOS 6 não perdeu suporte a nenhum arquivo, mas também não ganhou.
O aplicativo de podcasts não vem com o sistema, mas assim que o usuário abre a App Store o download desse programa (e de outros) é oferecido. Mas ele não é o melhor programa do mundo e tem bastante espaço para melhoras, principalmente para quem usa o dispositivo iOS como principal meio de ouvir e ver podcasts.
O novo fone
Como ouvir os arquivos multimídia no iPhone 5? Ou ao modo funkeiro dentro do ônibus, com o alto-falante ligado, ou com os mais novos EarPods da Apple. Ao demonstrá-los, a Apple disse que os fones são resultado de três anos de pesquisa e desenvolvimento para criar um item que encaixasse na maioria dos ouvidos.
Não encaixaram nos meus ouvidos. E por isso, por mais que a qualidade de áudio pareça melhor, eles incomodaram. Então parece que é um caso de sorte: se seus ouvidos forem compatíveis com o padrão da Apple, parabéns, você vai adorar. Caso contrário, procure o seu fone antigo.
E mesmo com outro fone, você vai notar uma mudança fundamental com o iPhone 5: a posição do conector. Eu já acostumei a encaixar o cabo do fone na parte superior do iPhone 4S, então tive que lembrar de não virá-lo para cima ao usar o iPhone 5. Me irritou no início mas é uma questão de costume.
Algo a destacar é o microfone perto da lente da câmera. Ele elimina ruídos no fundo durante uma chamada. E pelo que pude testar, comparando uma chamada do iPhone 5 com uma do iPhone 4S, ele faz isso muito bem.
Câmeras
Com uma tela maior, mais pixels são mostrados, obviamente. Isso acontece também ao tirar uma foto. A câmera também tem 8 megapixels, como no iPhone 4S, mas antes de capturar uma imagem o usuário do iPhone 5 pode ver mais detalhes dela o que é bacana. A diferença fica por conta das lentes de safira usadas no aparelho, que segundo a Apple garantem um melhor filtro e segundo o iFixit, é mais difícil de quebrar.
A surpresa fica por conta da melhor qualidade da câmera frontal, que nem sempre recebe atenção das fabricantes. Partindo de resolução VGA no iPhone 4 e 4S, a nova câmera é chamada FaceTime HD porque tem 1,2 megapixel de resolução. Em chamadas de vídeo é possível perceber uma imagem bem mais nítida.
Já a captura de vídeos ocorre com a mesma resolução de 1080p, mas agora a Apple diz que melhorou a estabilização de vídeo durante a gravação, além de detectar rostos e focar neles.
Confira abaixo o vídeo de teste da câmera do iPhone 5
https://www.youtube.com/watch?v=92ukg1s1LXI
(Vídeo no YouTube)
Conectividade e sincronização
Desde o iPhone 4S, o iTunes melhorou bastante. E o iTunes 11 mostra essa melhora com uma interface bem mais amigável e mais rápido para executar tarefas comuns, como a sincronização. Por outro lado, a sincronização WiFi ainda funciona quando quer e o programa tem uma busca que emperra bastante se o usuários tem uma biblioteca imensa. Fora isso, o iTunes continua o de sempre: cheio de funções e faminto por memória RAM.
Bateria
Seguimos o mesmo esquema de testes de sempre, que você confere aqui, separando um tempo em que usamos o smartphone ao máximo e outro em que ele é usado de forma mais casual. Nos testes de uso intenso, 72% da bateria foi gasta, enquanto nos testes de uso moderado, apenas 37% dela foram pelo ralo.
Considerando que a tela é maior e que o processador está mais rápido, o iPhone 5 tem uma bateria excepcional e que pode muito bem durar o dia inteiro. Mas vale lembrar que o aparelho foi feito para ser usado em redes 4G e como ele não será compatível com nenhuma dessas redes no Brasil, nunca teremos um iPhone 5 surfando em dados móveis LTE – o que gasta bateria de forma tremenda.
Pontos negativos
- Design que arranha fácil;
- Mapas que precisam ser melhorados;
- Sem suporte a 4G no Brasil.
Pontos positivos
- Tela com ótimos brilho e contraste;
- Bateria duradoura.
Conclusão
A Apple é conhecida por pensar à frente. Adotou várias tecnologias antes delas se tornarem padrão no mercado, inclusive em termos de tecnologia WiFi com o 802.11n. Então poderia muito bem fazer um iPhone 5 com suporte ao 4G brasileiro – mas preferiu não fazê-lo. E isso é só um dos itens que faz o mais novo iPhone ser um aparelho menos interessante no Brasil.
Sim, a tela é espetacularmente grande e tem um contraste sem igual. Mas a câmera é basicamente a mesma, o design continua um pouco frágil, talvez até mais para quem não gosta de arranhões. E isso não faz o iPhone 5 ficar acima dos seus concorrentes no campo dos Android ou dos Windows Phone – apenas o coloca lado a lado.
Para quem tem um iPhone 4S, migrar para o iPhone 5 ainda não vale a pena, a menos que ele seja comprado no exterior. O preço pelo qual ele é vendido aqui continua tornando-o um smartphone bastante proibitivo – e é fácil encontrar um aparelho com especificações quase idênticas e mais barato.
Para quem é dono de um iPhone 4 ou anterior, o iPhone 5 é uma escolha natural mas que deve ser feita após muita pesquisa: o preço do aparelho vai começar a R$ 2.399 e pagar esse valor é gastar mais por algo que já tem concorrentes à altura. Nesse caso, é melhor ir atrás de contratos de fidelidade para tentar diminuir o preço, ou procura contatos de fora do país ou ainda esperar.
E quem está começando agora no campo dos smartphones, é melhor buscar aquele que atende melhor: um Android, um iPhone 4S ou um Windows Phone na mesma faixa de preço. Porque no final das contas, a máxima do iPhone 4S permanece no mais novo iPhone: ele ainda não vale a pena ser comprado no Brasil.