Review Samsung Galaxy Buds Live: feijões com som
Fone de ouvido totalmente sem fio da Samsung tem design peculiar, som diferente e cancelamento ativo de ruído
Fone de ouvido totalmente sem fio da Samsung tem design peculiar, som diferente e cancelamento ativo de ruído
Parece um feijão, mas é um fone de ouvido. O Galaxy Buds Live é a novidade da Samsung no segmento de áudio e chega com uma proposta diferente dos modelos anteriores da linha. Enquanto os antigos Galaxy Buds eram intra-auriculares e ficavam bem discretos na orelha, o lançamento da marca coreana não passa despercebido e tem um formato que não penetra no canal auditivo.
Apesar do design aberto, o Galaxy Buds Live também é o primeiro fone de ouvido totalmente sem fio da Samsung com cancelamento ativo de ruído. Será que a tecnologia funciona bem nesse formato? A qualidade de som é boa? E a duração de bateria? Eu testei a novidade da Samsung nos últimos dias e conto minhas impressões nos próximos minutos.
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Galaxy Buds Live foi fornecido pela Samsung por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.
Parece que a Samsung queria fazer algo diferente de todo mundo, de propósito. Se queria ou não, ela conseguiu: o Galaxy Buds Live é um fone de ouvido bem estranho à primeira vista pelo seu design único, que não lembra nada do que eu tenha visto. Olhando de longe, o feijão passa a impressão de que não se encaixaria no ouvido de jeito nenhum, mas ele não só fica bem preso como também é bastante confortável.
Mesmo com formato peculiar e na cor bronze, com acabamento brilhante que lembra metal, o Galaxy Buds Live é relativamente discreto porque não deixa nenhuma perninha para fora da orelha; ele certamente chama menos atenção que os AirPods. O modelo da Samsung também se mostrou bastante estável nos meus ouvidos, não caindo mesmo durante minhas corridas matinais.
Por não ter uma ponteira de silicone para isolar o ruído externo, o Galaxy Buds Live traz uma sensação de abertura que faz sentido quando você está andando na rua e não quer se desligar totalmente do mundo para não ser atropelado. Ele também é uma alternativa para quem se sente desconfortável com os modelos intra-auriculares.
Cada lado do Galaxy Buds Live tem um sensor de toque para avançar a música, atender uma chamada, ligar o assistente pessoal ou configurar o cancelamento ativo de ruído. O estojo de transporte é um quadrado compacto e pode ser carregado tanto pela porta USB-C quanto por um carregador wireless no padrão Qi, o que é útil especialmente se você tem um celular com carregamento reverso por indução.
O Galaxy Buds Live pode ser controlado por um aplicativo para Android e iPhone. Além de mostrar o nível de bateria do estojo e de cada lado do fone, os ajustes são bem simples: você pode habilitar o cancelamento ativo de ruído, escolher pré-definições de som no equalizador e configurar as ações executadas ao tocar uma, duas ou três vezes no fone.
Labs é o local onde a Samsung reúne recursos experimentais, como uma opção que deixa passar parte do som ambiente para evitar a sensação de pressão no ouvido em pessoas mais sensíveis. No Android, também está disponível um modo game, que reduz a latência do fone. Só senti falta de uma função existente no Galaxy Buds+ que permite controlar o volume com toques nas bordas.
O som do Galaxy Buds Live me surpreendeu logo nos primeiros segundos. Não por ser bom ou ruim, mas por ser muito diferente do que eu esperava. O formato aberto dos fones, sem ponteiras de silicone para isolar o ruído externo, tende a reduzir os graves e deixar o som mais arejado, com uma abertura maior que nos intra-auriculares. Não é isso que acontece aqui.
Possivelmente para compensar a perda nas baixas frequências, a Samsung reforçou os graves no Galaxy Buds Live, dando bastante espaço a eles na apresentação. Em Nobody’s Love, do Maroon 5, eu me canso de ouvir batidas, que são significativamente mais destacadas que nos AirPods. Apesar de não possuírem tanta profundidade quanto em um headphone com falantes grandes, os graves têm corpo e são sentidos no início de Radio Ga Ga, do Queen.
Só que o fone soa um pouco desequilibrado para os meus ouvidos. O grande problema é que ele não consegue lidar bem com os médios e médio-agudos como eu esperaria de um bom earbud. Circles, do Post Malone, me parece muito congestionada no Galaxy Buds Live, com o vocal sendo constantemente invadido pelos outros instrumentos. É curioso que o Galaxy Buds+, que teoricamente seria mais fechado pelo formato intra-auricular, é mais aberto e claro que o Live.
O equalizador permite deixar o som mais ao gosto do freguês, mas não cria um fone novo. Mesmo na opção Nítido, as batidas ainda têm seu espaço privilegiado, ao mesmo tempo em que a sibilância nas vozes passa a me incomodar. Independente da equalização, o Galaxy Buds Live pode agradar a muita gente, mas se suas preferências sonoras forem parecidas com as minhas, vai ser difícil gostar de verdade do som dele.
Já os três microfones são muito bons, dentro das expectativas de um fone Bluetooth e considerando que ele não tem perninhas voltadas para a boca como os AirPods. A voz é captada de maneira mais clara que no Galaxy Buds+, e a pessoa do outro lado da linha consegue entender bem o que está sendo dito, mesmo em ambientes com mais ruído.
O cancelamento ativo de ruído é a característica que eu tinha mais curiosidade em testar. Não é tão difícil fazer essa tecnologia funcionar de forma minimamente eficiente em um headphone circumaural ou um fone intra-auricular, porque o isolamento passivo ajuda bastante. Mas quão bom é o recurso em um earbud que não entra no canal auditivo? É melhor do que eu esperava, mas bem pior que na concorrência, por motivos óbvios.
Se você tiver ciência das limitações do cancelamento ativo de ruído em um fone que não sela o ouvido, o Galaxy Buds Live faz um trabalho até que satisfatório. Não espere que ele reduza o papo ao lado ou o aviso de próxima estação do metrô, mas os barulhos de fundo e sons mais constantes, como motores, são atenuados pelo recurso.
Em um earbud, isso é útil porque elimina a necessidade de aumentar tanto o volume em meio aos ruídos do dia a dia, o que pode ser bem prejudicial aos ouvidos no longo prazo. No entanto, como esperado, o cancelamento ativo de ruído do Galaxy Buds Live não chega nem perto dos AirPods Pro ou do Sony WF-1000XM3.
Quanto à bateria, a Samsung promete uma autonomia de seis horas com uma única carga e no modo de cancelamento ativo de ruído. Nos meus testes, pareado a um Galaxy Note 20 Ultra e com volume em 50%, suficiente para ouvir bem em ambientes internos, o Galaxy Buds Live aguentou exatamente 7h04min antes de desligar por falta de carga, uma duração excelente.
O Galaxy Buds Live não é para todo mundo. Ele é mais difícil de agradar que os Galaxy Buds+ porque, além de ser um fone mais caro, tem uma proposta diferente. O design aberto é interessante para algumas pessoas, mas possui limitações: além de não isolar bem o ruído externo, ele nunca vai te oferecer a imersão e o detalhamento de um bom fone intra-auricular. E, se você tiver uma orelha pequena ou muito fora dos padrões testados pela Samsung, nada garante que ele vá encaixar direito.
A qualidade de som é um divisor de opiniões: em qualquer grupo de pessoas, o Galaxy Buds Live nunca será uma unanimidade. Eu entendo quem gosta desse estilo de áudio e ele faz sentido do ponto de vista mercadológico, mas não é algo que me desce: para mim, enjoa depois dos primeiros minutos e faz parecer que colocaram um filtro entre a música e os meus ouvidos.
Eu só recomendaria o Galaxy Buds Live para quem procura um fone de ouvido totalmente sem fio e não se dá bem com os intra-auriculares. Se você não tem problemas com uma ponteira de silicone dentro do seu ouvido, é melhor economizar uns trocados e partir para os Galaxy Buds+, que terão mais bateria e som mais equilibrado. Já para quem quer cancelar o ruído, os melhores no formato continuam sendo os AirPods Pro.
Apesar dos pesares, é bem impressionante ver o que a Samsung conseguiu fazer em um fone de ouvido com um formato tão peculiar. Sem contar que qualquer tentativa de fugir da mesmice do mercado, enquanto muitas outras empresas se limitam a fazer cópias mais baratas dos AirPods, deve ser comemorada. Eu não compraria o Galaxy Buds Live, mas quem sabe em uma segunda geração?
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