Review Xperia C5 Ultra: sorria para a selfie!
Tela gigante de 6 polegadas e câmera frontal de 13 megapixels compõem o smartphone de R$ 2.199 da Sony
Tela gigante de 6 polegadas e câmera frontal de 13 megapixels compõem o smartphone de R$ 2.199 da Sony
A oferta de smartphones com câmeras frontais de alta resolução está crescendo. O próximo aparelho a seguir a tendência é o Xperia C5 Ultra, que chama a atenção não apenas pela tela de 6 polegadas praticamente sem bordas, mas também pela câmera de 13 megapixels em posição de destaque no rosto do aparelho.
Lançado no Brasil com preço sugerido de R$ 2.199, o Xperia C5 Ultra quer entregar as melhores selfies e uma experiência de consumo de conteúdo acima da média. Ele consegue? Usei a novidade da Sony por uma semana e você confere minhas impressões neste breve review.
É impossível não notar a tela IPS LCD de 6 polegadas do Xperia C5 Ultra. Não somente por causa do tamanho avantajado, mas pela ausência de bordas. Lembra daqueles vídeos, produzidos por pessoas com muito tempo livre, mostrando conceitos de iPhones com telas praticamente coladas nas laterais? A Sony tornou uma realidade essas renderizações de mentirinha.
Devido a esse detalhe, a pegada do Xperia C5 Ultra não é tão ruim quanto um visor de 6 polegadas sugere: com 79,6 mm de largura, ele se assemelha ao Moto X Force (78 mm), que possui uma tela de apenas 5,4 polegadas. Mesmo assim, é um aparelho feito para ser usado com as duas mãos na maior parte do tempo. Quando necessário, o recurso de reduzir o tamanho da tela, comum em smartphones grandes, pode dar uma mãozinha.
A qualidade do acabamento é meio desequilibrada: por um lado, a Sony colocou tela sem bordas e moldura de alumínio; por outro, decidiu fazer uma traseira de plástico brilhante, comum em smartphones de baixo custo da Samsung. É um material que não agrada porque, além de parecer barato, acumula uma quantidade absurda de marcas de dedo e arranha muito facilmente: mesmo tomando cuidado, minha unidade de teste ficou com vários riscos na traseira. É certamente um design aquém do esperado para um smartphone da Sony, especialmente um que custe mais de dois mil reais.
Na parte frontal, o Xperia C5 Ultra apresenta uma grande câmera de 13 megapixels com flash LED e duas grandes de alto-falantes (mas as músicas tocam apenas no speaker inferior, como de costume). A lateral direita traz o útil botão dedicado da câmera. Na esquerda, há uma portinha que dá acesso ao slot para microSD e dois chips Nano-SIM. Felizmente, você não precisa abri-la para acessar a conexão USB — nos smartphones antigos da Sony, a portinha tendia a se romper com o uso constante.
A tela de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels é de boa qualidade. A Sony, que antigamente colocava displays de baixa qualidade nos topos de linha, passou a dar bastante atenção a esse componente — e o Xperia C5 Ultra possui um display com brilho forte, pretos profundos e saturação na medida certa. Para assistir a vídeos, navegar na internet e jogar (ou simplesmente para quem é admirador de telas grandes), o aparelho da Sony é uma das melhores opções do mercado.
Eu tenho sensações mistas em relação ao software da Sony. Como disse no review do Xperia M4 Aqua, que traz a mesma interface, a japonesa deixa o Android mais “ao natural”, sem trocar muitos elementos visuais: a central de notificações, o menu de configurações e o gerenciador de tarefas continuam praticamente idênticos aos do Android puro, o que me agrada.
Apesar disso, a Sony continua sendo uma das empresas que mais embute aplicativos de utilidade duvidosa, que servem apenas para desperdiçar espaço. E esse ponto é fundamental especialmente no Xperia C5 Ultra, que possui apenas 16 GB de armazenamento interno, uma questão que comentarei adiante.
Além de uma série de joguinhos de demonstração da EA e Gameloft, o Xperia C5 Ultra possui um trial de 180 dias do AVG Protection e atalhos para páginas publicitárias da Sony, como Blog Sony Xperia e Campo Sony, que estão bugados no meu aparelho — eles não acessam a página se já houver uma aba aberta em outro site no Chrome. É bizarro que um ícone que possui uma única função não consiga executar essa função corretamente.
A falta de cuidado também pode ser percebida nas inconsistências visuais do sistema, resultado de modificações que foram acontecendo gradualmente na interface da Sony nos últimos anos: ícones e botões antigos convivem lado a lado, sem harmonia, com ícones e botões novos — felizmente, houve bons refinamentos no software do novo Xperia Z5, e espero que as modificações cheguem ao resto da linha Xperia.
A lente gigante da câmera frontal de 13 megapixels do Xperia C5 Ultra, acompanhada de um flash LED avantajado, gera altas expectativas. E elas são completamente atendidas: o aparelho da Sony traz, provavelmente, a melhor câmera frontal que eu já vi num smartphone. As selfies possuem excelente definição e boas cores.
Os resultados em ambientes escuros são bons:
A câmera traseira, que estranhamente tem um orifício menor que o da frontal, também não decepciona. Não impressiona pela definição ou pelo nível de ruído, especialmente comparando com o Galaxy S6, que atualmente custa o mesmo preço do Xperia C5 Ultra no varejo, mas é uma câmera decente, que consegue capturar boas imagens mesmo em condições mais desafiadoras, como à noite.
Minha única grande crítica sobre a câmera do Xperia C5 Ultra é o foco, que se mostrou bastante lento e impreciso em ambientes com iluminação prejudicada. Esteja preparado para tirar duas ou mais fotos do mesmo cenário caso seu intuito não seja criar uma obra de arte abstrata, como esta:
A Sony tem variado seus fornecedores. Antes, todos os smartphones da marca eram equipados com processadores da Qualcomm, mas o Xperia C5 Ultra é mais um dos novos que trazem chip da MediaTek.
O MediaTek MT6752 é basicamente um Snapdragon 615 turbinado. Enquanto o chip da Qualcomm traz dois grupos de núcleos de CPU (um Cortex-A53 de alto clock e outro Cortex-A53 econômico), o MT6752 possui um único grupo de oito núcleos Cortex-A53, todos capazes de chegar a 1,7 GHz. Cada núcleo é individual, então não há desperdício de energia aqui — eles são ativados apenas quando necessário.
O desempenho bruto multi-core da CPU acaba sendo parecido com o de processadores topo de linha, como o Snapdragon 808, e a GPU Mali-T760MP2 também é bastante competitiva. Eis alguns resultados de benchmarks sintéticos:
Embora o conjunto de hardware seja bom na teoria, na prática o desempenho foi um pouco decepcionante. Eu presenciei uma série de travadinhas incômodas, principalmente na tela de bloqueio — em vários momentos, precisei esperar dois ou três segundos para conseguir desbloquear o aparelho, o que é muito frustrante. Com 2 GB de RAM, o desempenho multitarefa foi apenas razoável, apresentando engasgos ao alternar entre aplicativos em determinados momentos.
Além disso, não posso deixar passar batido a baixa capacidade de armazenamento, de apenas 16 GB. Para um smartphone de R$ 2.199, isso é pouco: 16 GB (sendo 9,5 GB disponíveis para uso) é uma capacidade que está virando padrão de mercado em aparelhos abaixo dos mil reais. Na faixa do Xperia C5 Ultra, já é mais do que normal encontrar aparelhos com 32 GB de armazenamento. Se o foco é consumo de conteúdo, faz sentido que haja espaço para guardar conteúdo.
Já a bateria de 2.930 mAh foi uma grata surpresa. A capacidade não surpreende (e parece até pequena) para um smartphone de 6 polegadas, mas a duração foi muito boa nos meus testes. Durante a semana, consegui chegar em casa até o final do dia sempre com carga, mesmo em dias intensos, com mais de 13 horas de uso.
No dia de testes com uso intenso de dados, tirei o aparelho da tomada às 10h. Durante o dia, ouvi 2h de músicas por streaming no Spotify pelo 4G e naveguei na internet por aproximadamente 2h, entre emails, redes sociais e páginas da web, também pelo 4G. A tela ficou ligada por exatamente 2h20min, com brilho no automático. Às 23h05, o nível de bateria chegou a 41%.
É um smartphone que, pelos menos na minha mão, não alcança os dois dias de autonomia que a Sony promete, mas certamente chega até o final do dia com bastante folga.
As duas principais características do Xperia C5 Ultra definem seu público. A tela grande, em conjunto com a bateria de boa duração, tornam o aparelho da Sony muito bom para assistir a vídeos, jogar ou navegar na internet durante horas a fio. Em vez de comprar um tablet, é possível viver bem apenas com o smartphone. E a câmera frontal é muito boa, ficando bem acima do que estamos acostumados a encontrar nos smartphones, inclusive nos mais caros.
Mas é preciso analisar os concorrentes. Com preço sugerido de R$ 2.199, podendo ser encontrado por cerca de R$ 1,7 mil em promoções do varejo, o Xperia C5 Ultra está quase na mesma faixa de preço dos flagships da geração atual, como LG G4 e Galaxy S6, que oferecem conjuntos mais interessantes. Eles não possuem uma tela enorme, nem uma câmera frontal tão boa, mas fornecem o dobro de armazenamento, uma câmera traseira melhor e um desempenho muito superior.
Se as selfies forem importantes, também há concorrentes mais baratos, como o Zenfone Selfie, que traz uma câmera frontal de 13 megapixels com flash LED duplo e produz fotos tão boas quanto as do Xperia C5 Ultra. Por R$ 1.349, o aparelho da Asus entrega um desempenho mais consistente, ainda que na teoria o hardware seja menos poderoso.
Portanto, o Xperia C5 Ultra não é para mim e talvez não seja para você. Ainda assim, o gigante da Sony não deixa de ser uma opção a se considerar entre os aparelhos com telas de 6 polegadas ou mais — um nicho ainda pouco explorado pelas concorrentes.