Sony Xperia M4 Aqua: o smartphone que sabe nadar

Com preço sugerido de R$ 1.499, smartphone da Sony tem proteção contra água e boa câmera.
Snapdragon 615, 2 GB de RAM e tela de 5 polegadas compõem o Xperia M4 Aqua.

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses

Apresentado em Barcelona, na Mobile World Congress, o Xperia M4 Aqua é uma aposta da Sony para competir no segmento intermediário premium. O smartphone junta a proteção contra água, tela de 5 polegadas, RAM de 2 GB e processador Snapdragon 615 com um design elegante, que rapidamente nos remete ao topo de linha Xperia Z3.

Com preço sugerido de 1.499 reais, vale a pena comprar o smartphone à prova d’água produzido pela Sony? Usei o Xperia M4 Aqua durante uma semana e abaixo você confere minhas impressões.

Design e tela

Não fosse pelo tamanho avantajado da lente da câmera frontal, seria impossível diferenciar o Xperia M4 Aqua do poderoso Xperia Z3. O design do smartphone intermediário da Sony segue as mesmas linhas que a fabricante japonesa vem adotando há pelo menos dois anos. O botão liga/desliga circular no meio da lateral e as portinhas para acessar o chip da operadora e cartão de memória continuam lá, firmes e fortes.

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Mas há uma novidade importante para um smartphone mergulhador da Sony: a conexão USB agora é exposta (mas continua protegida contra água), dispensando o usuário de precisar abrir uma portinha só para recarregar o smartphone ou transferir algum arquivo. Pode parecer uma diferença boba, mas eu conheço vários colegas que já perderam essa portinha de tanto mexê-la — depois de vários meses de uso, a peça de plástico que segura o componente tende a se romper.

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Com 7,3 mm de espessura e 136 gramas, a pegada é parecida com a que encontramos no Xperia Z3 e outros smartphones da Sony com telas na faixa das 5 polegadas. Dá para alcançar os cantos sem muita dificuldade, e a ergonomia é apenas ok: você não encontrará aquela curvatura agradável dos aparelhos da Motorola ou Asus, mas o Xperia M4 Aqua encaixa razoavelmente bem nas mãos, e a traseira de plástico transparente (outra diferença em relação ao Xperia Z3, de vidro) tem boa aderência.

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Mesmo cobrando centenas de reais a menos, a Sony conseguiu fazer um smartphone elegante: tudo é muito bem encaixado. Na teoria, a gente sabe que o Xperia M4 Aqua é um Xperia Z3 de plástico. Mas, na prática, não é possível perceber muita diferença nos materiais e na qualidade do acabamento. Isso é ótimo.

A tela LCD de 5 polegadas exibe imagens com resolução de 1280×720 pixels, o que resulta em definição de 291 pixels por polegada. Em distâncias de uso convencionais, as fotos e os textos com fontes pequenas são mostrados com boa nitidez. O visor emite brilho altíssimo (você não deverá ter nenhum problema ao usá-lo sob a luz do sol) e a saturação agrada.

Só o nível de preto é um pouco decepcionante e mais cinzento do que eu gostaria — é uma profundidade que eu esperaria de uma boa tela LCD de dois anos atrás. Apesar disso, o display do Xperia M4 Aqua é satisfatório para um smartphone dessa faixa de preço, embora haja smartphones com telas significativamente superiores, como Moto X (2ª geração) e, principalmente, LG G3.

Software e multimídia

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Passou 2013, passou 2014 e já estamos na metade de 2015. A interface da Sony resistiu bravamente durante todo esse tempo. Houve algumas modificações nos ícones para deixá-los mais harmônicos com o Material Design do Lollipop, e os aplicativos internos estão com uma interface mais flat. Nada perto, no entanto, do que vimos acontecendo nas interfaces da LG ou Samsung, que ganharam bons retoques no último ano.

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Portanto, se você já teve contato com um Xperia no passado, estará familiarizado com a interface assim que ligar o Xperia M4 Aqua. Os softwares da Sony continuam funcionando da mesma maneira e as principais funções permanecem lá: você pode deslizar o dedo para a direita no menu de aplicativos para ordenar pelos mais usados; ver a quantidade de notificações não lidas no WhatsApp ou Facebook diretamente no ícone do aplicativo; e usar mini-aplicativos flutuantes, como calculadora e temporizador.

A Sony, que não era de fazer modificações muito profundas no Android, deixou boa parte do sistema operacional ainda mais “ao natural”: a central de notificações, o menu de configurações e o gerenciador de tarefas continuam praticamente idênticos aos do Android puro. Está ótimo assim: a maioria das boas modificações que as fabricantes implantavam no Android já foi adotada pelo Google, afinal.

Entre os aplicativos pré-instalados, a Sony continua incluindo coisas que você provavelmente não vai usar, como Campo Sony (atalho para uma página publicitária), trial de 180 dias do AVG Protection e uma série de joguinhos de demonstração da EA e Gameloft. Olhando pelo lado bom, a maioria desses aplicativos pode ser completamente desinstalada, liberando um pouco dos 9 GB de espaço disponíveis ao usuário.

O alto-falante do Xperia M4 Aqua emite áudio com volume acima da média e sem distorções. É curioso notar que o design do Xperia M4 Aqua dá a entender que o aparelho possui alto-falantes estéreo, nas partes superior e inferior. Na verdade, o som é emitido apenas por um pequeno buraco discreto na borda inferior do dispositivo.

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Câmera

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Meus últimos reviews de câmeras de smartphones da Sony foram, em sua maior parte, neutros ou negativos. Por algum motivo que não consigo entender, a empresa consegue produzir câmeras mirrorless sensacionais (estou bem feliz com minha velha NEX-F3) e fabrica ótimos sensores para celulares de outras empresas. Mas algo sempre dava errado nos smartphones próprios. O Xperia M4 Aqua, espero, está mudando isso.

As fotos do Xperia M4 Aqua me agradaram. Embora a saturação das imagens pareça muito exagerada em alguns casos, com cores que explodem nos olhos, o nível de detalhes do sensor de 13 megapixels é ótimo para um smartphone intermediário. A impressão é que a Sony aprimorou seu algoritmo de pós-processamento, deixando-o mais equilibrado, sem tentar eliminar todo o ruído e acabar gerando uma imagem “aquarelada”.

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Durante a noite, as fotos praticamente não têm ruído, e a nitidez obviamente fica prejudicada, mas nada muito grave como em alguns smartphones anteriores da Sony. O ponto fraco é que, como não há estabilização óptica de imagem, as fotos podem sair tremidas com baixa iluminação; o software da câmera frequentemente escolhe velocidades como 1/10 segundo (em ISO 1180 e abertura f/2), o que exige uma dose de paciência e mão firme para conseguir tirar a foto.

Hardware e bateria

O Xperia M4 Aqua é um dos primeiros smartphones lançados no Brasil com o Snapdragon 615 (também usado no Galaxy A7 e Moto X Play), e eu estava bem curioso para descobrir o desempenho desse processador. Trata-se de um chip econômico mas nem tanto: são oito núcleos de CPU, sendo quatro Cortex-A53 de 1,5 GHz e outros quatro Cortex-A53, mas rodando a 1,0 GHz. A GPU é uma Adreno 405.

A performance foi boa. Notei alguns poucos engasgos durante o uso, mas elas pareciam estar mais relacionadas às modificações da Sony do que ao processador. Alternar entre aplicativos é uma tarefa rápida, por causa da RAM de 2 GB, o que considero ser o mínimo necessário hoje no Android para obter bom desempenho multitarefa, sem que os aplicativos em plano de fundo precisem ser suspensos a todo momento.

Jogos como Real Racing 3, Modern Combat 5: Blackout e Dead Trigger 2 (com os gráficos no baixo) rodam bem, sem serrilhados, mas a taxa de frames não surpreende com um processador gráfico básico como o Adreno 405. Nos benchmarks sintéticos, a CPU obteve bons números, mas a GPU decepcionou um pouco.

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A bateria de 2.400 mAh do Xperia M4 Aqua dá a entender que a autonomia será apenas ok, mas as experiências passadas mostram que a Sony consegue otimizar bem o software para economizar energia. A fabricante chega a dizer que o aparelho pode aguentar até dois dias longe da tomada. Não consegui chegar a isso, mas os números foram bons, e certamente irão satisfazer o usuário médio.

No dia de teste, tirei o aparelho da tomada às 8h30. Durante o dia, ouvi 2h de músicas e podcasts por streaming no 4G e naveguei na internet pelo 4G por aproximadamente 1h50min, entre emails, redes sociais e páginas da web. A tela ficou ligada por exatamente 2h09min, com brilho no automático, um único chip instalado e fone de ouvido Bluetooth conectado. Às 20h, o nível de bateria chegou a 32%.

Esses números foram obtidos com as configurações padrão. Assim como os outros smartphones Xperia, há o modo Stamina, que impede os aplicativos (exceto os que você permitir) de acessarem a rede de dados quando o smartphone está em modo de espera, economizando bateria. A Sony também incluiu o modo Ultra Stamina, que basicamente transforma seu smartphone em dumbphone: dá para fazer ligações, enviar SMS, tirar foto, ligar o alarme e só — nesse modo, a bateria dura algumas semanas.

Conclusão

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O Xperia M4 Aqua é um bom smartphone intermediário. Ele se destaca dos concorrentes por ter uma característica ainda não tão comum nessa faixa de preço: a proteção contra água, que pode salvar o smartphone em acidentes envolvendo piscinas ou poças de água (e para não ter medo de filmar alguma coisa durante uma chuva, por exemplo).

No Brasil, o aparelho foi lançado por R$ 1.499 e, no momento em que escrevo este parágrafo, pode ser encontrado na faixa dos 1,3 mil reais. É um segmento complicado para a Sony, porque há smartphones recentes e antigos que estão na mesma faixa de preço e conseguem competir de igual para igual — e em alguns pontos são até melhores.

Como nós sabemos que smartphones da Sony desvalorizam rapidamente (embora não tanto quanto os da LG), temos que considerar os preços futuros do Xperia M4 Aqua. Se ele chegar ao patamar dos 1.000 reais, torna-se uma opção bastante competitiva: nesse valor, há concorrentes como Moto G de 3ª geração com 2 GB de RAM e Galaxy A5, que trazem processador inferior.

Mas, pelo preço atual, os principais concorrentes atuais do Xperia M4 Aqua são Moto X de 2ª geração e LG G3 (a partir de agosto, o Moto X Play também entrará na jogada). Os dois possuem telas melhores, hardware significativamente mais poderoso e um acabamento que, particularmente, me agradam mais que o do Xperia M4 Aqua, especialmente o do Moto X de 2ª geração. A não ser que você faça questão da proteção contra água e do slot para dois chips, ainda não há muitos motivos para preferir o smartphone da Sony. No futuro, talvez.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.400 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, NFC;
  • Dimensões: 145,5 x 72,6 x 7,3 mm
  • GPU: Adreno 405;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 16 GB (9,5 GB disponíveis para o usuário);
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 136 gramas.
  • Plataforma: Android 5.0 (Lollipop);
  • Processador: octa-core Snapdragon 615 (quatro Cortex-A53 a 1,5 GHz e quatro Cortex-A53 a 1,0 GHz);
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
  • Tela: TFT LCD de 5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels e proteção contra riscos.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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