LG G3, que bela tela você tem

Topo de linha da LG tem display de 5,5 polegadas com resolução de 2560x1440 pixels.
Com preço sugerido de 2.299 reais, G3 oferece conjunto de hardware equilibrado.

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
LG G3 (Imagem: Tecnoblog)

Mais um ano chegando ao fim, mais uma geração de smartphones chegando ao mercado. Neste ano, a LG apostou em tela de alta resolução para justificar o lançamento do novo flagship da marca, o G3. Com preço sugerido de 2.299 reais, o modelo tem a dura missão de bater a relação custo-benefício do G2, que possui um ótimo conjunto e está sendo vendido por preços bastante atraentes no Brasil.

Depois de usar o G3 como smartphone principal nas últimas duas semanas, posso responder a algumas perguntas. A tela de 2560×1440 pixels do G3 é realmente boa? E a duração da bateria, como ficou agora que precisa dar conta dos pixels adicionais? Consigo derrubar um avião com o foco a laser da câmera? Eu me enforquei por ter que usar a interface da LG? Leia os próximos parágrafos para descobrir.

Design e tela

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Quem disse que smartphone de plástico não pode ser bonito? Não foi a LG, certamente. Mesmo adotando policarbonato, abandonando o vidro dos velhos tempos do Optimus G e Nexus 4, a LG conseguiu produzir um smartphone com visual bastante sofisticado. A traseira do G3 é revestida com um acabamento metalizado, bem elegante, que em nenhum momento passa má impressão.

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Repetindo o que fez no G2, a LG deixou as bordas em volta da tela extremamente finas. 76,4% da parte frontal do G3 é composta pelo visor, o que ajudou o smartphone a ficar mais compacto. Mas não tem jeito: mesmo após duas semanas de uso, manusear o G3 com apenas uma mão continuou sendo bastante desconfortável. Este é o típico celular para ser usado com as duas mãos, como qualquer aparelho da linha Galaxy Note.

É tendência, mas a LG está exagerando na dose.

Recebi com certa surpresa a tela enorme do G3 porque, embora a tendência seja vermos displays cada vez maiores nos celulares, a linha G não tinha o objetivo de ser formada por phablets. A LG tem sua própria família de telefones grandes, e o lançamento mais recente é o G Pro 2, de 5,9 polegadas. Sim, é ótimo consumir conteúdo no visor generoso de 5,5 polegadas do G3. Para o uso diário, no entanto, a LG exagerou na dose.

Consegue enxergar os pixels? Nem eu
Consegue enxergar os pixels? Nem eu

Independentemente do tamanho, é importante comentar que a tela IPS LCD do G3 é de altíssima qualidade. Não só pela resolução de 2560×1440 pixels, que torna impossível enxergar pixels individuais mesmo forçando a vista, mas também pelo alto brilho, saturação na medida certa, ângulo de visão impecável e excelente contraste. Eu sempre gostei das telas da LG nos topos de linha, e o G3 atinge as expectativas.

A tela do G3 é espetacular, mas não vai causar espanto em quem já viu telas de outros aparelhos da mesma categoria.

Mas e a definição? A tela de 538 ppi do G3 é muito melhor que uma tela de smartphone com resolução de 1920×1080 pixels, tipicamente com 440 ppi? Pela minha experiência, eu diria que a diferença é mínima, pequenininha, quase zero, mesmo com uma definição menor ainda: os 326 ppi do iPhone 5s e os 424 ppi do G2 são mais que suficientes.

Ainda quero fazer esse experimento algum dia, mas duvido que alguém consiga passar pelo teste cego de diferenciar, lado a lado, as telas do G2 e G3.

Software e multimídia

Ah, as interfaces personalizadas! Elas sempre causam repulsa em muitos usuários que preferem o Android puro. Mas devo dizer que a horrível interface antiga da LG, cheia de ícones quadrados e elementos desnecessários, deu lugar a uma Optimus UI significativamente mais bonita, simples e bem elaborada. A interface padrão do Android ainda me agrada mais, mas a nova personalização da LG ficou ótima.

Não há espaço suficiente no layout para mostrar a screenshot em tamanho real
Não há espaço suficiente no layout para mostrar a screenshot em tamanho real

A LG seguiu a tendência das outras empresas em usar um visual mais flat. Sumiram as várias sombras e degradês que davam um efeito tridimensional nos botões, menus e outros elementos. O skeumorfismo presente em vários aplicativos pré-instalados (quase) se foi. Não há mais um microfone condensador no gravador de voz, linhas de caderno no aplicativo de anotações ou botões metálicos no player de música.

Mas ainda há um medidor de VU com ponteiro no gravador de voz e um tuner analógico no rádio FM. Ficou meio frankenstein. Mesmo assim, está melhor que antes.

Os players de mídia da LG continuam entre os melhores. O aplicativo de vídeo suporta gestos para alterar o brilho, volume ou posição, pode exibir um vídeo em uma janela flutuante e suporta até legendas separadas. Esperta, a LG deixa na memória dois vídeos em Quad HD para testar a tela. Já o player de música, que toca FLAC, possui interface intuitiva e todos os recursos que um aplicativo do tipo deveria ter.

O som que sai do G3 é alto e não distorce facilmente mesmo no volume máximo. O alto-falante é bem localizado e não abafa o áudio, mas nesse ponto o G3 perde do Xperia Z2, que traz som na frente do aparelho e envia o áudio diretamente para o usuário.

Câmera

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Coisa do passado: a má fama das câmeras da LG está indo embora.

Até o Optimus G, lançado no Brasil em abril de 2013, a LG tinha câmeras ligeiramente piores que os topos de linha dos concorrentes da época. No G2, a coisa ficou mais equilibrada. O G3 finalmente possui o que eu chamaria de câmera boa. As imagens capturadas pelo sensor de 13 megapixels possuem cores vivas, sem exageros, e o nível de detalhes é ótimo.

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No entanto, ainda estamos falando de um sensor de celular de 1/3 polegada. O G3 não consegue capturar pequenos detalhes, como suas impressões digitais, tarefa muito fácil para uma câmera com sensor maior. Além disso, especialmente em áreas de muito contraste, é visível o uso de sharpening para fazer a imagem parecer mais nítida do que realmente é — mas isso não incomodará a maioria das pessoas.

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À noite, a câmera do G3 faz um bom trabalho em capturar um nível de detalhes satisfatório e, ao mesmo tempo, não elevar muito o ruído. O foco, que agora é auxiliado por laser, é competente. Se você olhar bem de perto, notará uma luz piscando freneticamente ao lado da lente da câmera (é o laser), mas ele não aparecerá no objeto que você estiver focando, nem irá cegar os amiguinhos.

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Como o G3 possui estabilização óptica de imagem, a LG foi mais agressiva na velocidade do obturador e mais conservadora no ISO. Em uma foto noturna que fiz, o software da câmera escolheu automaticamente ISO 550 e exposição de apenas 1/12 segundo, o que permitiu um nível de ruído baixo, mas em compensação fez com que a foto ficasse borrada. Tirei outra, com mais paciência, e tudo correu bem.

Como me interesso por fotografia, defendo que todas as fabricantes deveriam seguir a Nokia e colocar controles manuais na câmera, mas sei boa parte das pessoas não compreende e nem faz questão de compreender aspectos mais técnicos (aliás, se você não entendeu patavinas do que escrevi no parágrafo acima, não se preocupe).

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Desempenho e bateria

3,7 milhões de pixels não são nenhum problema para a Adreno 330.

Os chips da Qualcomm estão tão comuns nos smartphones que fica difícil se surpreender negativamente ou positivamente com o desempenho de algum aparelho, a não ser que a fabricante do smartphone tenha feito alguma besteira muito grande (ou uma otimização incrível). O G3 não foge à regra: com o mesmo Snapdragon 801 do Galaxy S5 e Xperia Z2, ele tem desempenho muito bom.

No uso diário, alternar entre aplicativos é um processo rápido e indolor, mesmo com 2 GB de RAM (um a menos que o flagship da Sony). Não há o que reclamar dos quatro núcleos Krait 400 de 2,5 GHz, que respondem bem a todo momento. E os pixels adicionais não intimidaram a GPU Adreno 330 — em games pesados, especificamente Dead Trigger 2, a taxa de frames se manteve satisfatória com os gráficos no máximo.

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O modelo vendido no Brasil possui bateria removível de 2.940 mAh, praticamente a mesma capacidade do G2, de 3.000 mAh. Mas se o antecessor tinha excelente fama, o G3 possui autonomia apenas medíocre. Apesar disso, não chega a ser ruim: em um dia, saí de casa às 8h30, ouvi duas horas de música por streaming, tirei umas 30 fotos e li sites e emails por uma hora, com brilho no automático. Às 23h20, o G3 indicava 23% de bateria. Para a maioria das pessoas, o G3 chegará até o fim do dia com carga.

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Se partirmos do pressuposto que um sucessor sempre deveria ser melhor que o antecessor, então o G3 decepciona. Certamente, a maior culpada é a tela, que possui quase dois milhões de pixels a mais que o display do G2. No nosso teste de executar um vídeo na Netflix com brilho no máximo, o G3 foi de 100% a zero em 4h34min, abaixo da média dos outros smartphones, que sempre passam das 5 horas.

Na caixa do G3, além do carregador de tomada e do cabo USB, a LG manda um carregador sem fio. É um acessório prático, nada muito sofisticado, que deixa o smartphone em pé, apoiado em uma base emborrachada. Nos meus testes, em 3 horas, o carregador sem fio conseguiu elevar a bateria de 0% a 85%.

Notas relevantes

  • Assim como outros smartphones com hardware potente, o G3 esquenta ao rodar games mais pesados e filmar em 4K (há inclusive um limite de 5 minutos de gravação). Não tanto quanto o velho Optimus G ou o Xperia Z2, ambos de vidro, mas esquenta.
  • Eu não consegui usar meu próprio fone de ouvido, um Etymotic hf5, porque o áudio apresentava ruído branco e, ao mexer no plugue, o G3 inexplicavelmente pausava a música ou mudava de faixa. Isso não aconteceu em nenhum outro smartphone. Com o fone padrão da LG, os problemas não ocorreram.
  • A LG agora tem sua própria assistente de voz, a Voice Mate. Entende comandos básicos em português e também responde com voz em português. Não faz nada muito excepcional, mas está lá para quem quiser.
  • A tela incrível, de alta resolução, gera um problema: poucos sites possuem gráficos de alta resolução. Consequentemente, algumas imagens aparecem pixeladas. Faz parte e acontece com qualquer tela muito densa, mas fica… feio.
  • É estranho saber que um celular tem resolução de tela maior que a do meu monitor de 22 polegadas.

Conclusão

A LG acertou no G3 e conseguiu produzir um smartphone bastante equilibrado, que quase não possui defeitos. Embora o design seja de plástico, ele não parece menos sofisticado que um iPhone 5s ou Xperia Z2. O desempenho é ótimo, em linha com outros smartphones da mesma categoria. A má fama da LG com as câmeras está indo embora. E a bateria, apesar de não possuir autonomia tão boa quanto a do G2, ainda é decente.

O problema é que a LG trouxe um G3 mais simples para o Brasil, com 16 GB de armazenamento interno e 2 GB de RAM, em vez da versão com 32 GB de espaço e 3 GB de memória. Com o hardware mais simples, quase não há melhorias em relação ao G2: o Snapdragon 801 não é tão superior ao Snapdragon 800, a tela de 1440p é praticamente igual a uma 1080p e você ainda levará uma bateria pior para casa.

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Sendo bem sincero, eu não me importo tanto com o armazenamento de apenas 16 GB do G3, até porque esta é uma prática comum das fabricantes — das grandes, apenas a Apple traz smartphones com múltiplas capacidades, e o G3 ainda permite expandir a memória com um microSD. Mas o gigabyte de RAM a menos, embora não faça falta hoje, vai encurtar um pouco a vida útil com as futuras atualizações do Android e dos aplicativos.

Levando-se em conta que o G2, quase um ano depois do lançamento, pode ser facilmente encontrado por 1,4 mil reais no Brasil (ou menos em promoções), ainda não vejo muitos motivos para ir direto no G3. Talvez, o design seja um desses motivos, mas os 800 reais adicionais não me parecem suficientes para o upgrade, mesmo com o mimo do carregador sem fio.

Ainda não, mas daqui a pouco sim.

Portanto, como a maioria dos smartphones recém-lançados, o G3 ainda não é a melhor escolha mesmo entre smartphones da própria LG. Mas quem comprar um G3 não deverá se arrepender em nenhum momento. E, se o G3 continuar com a conhecida estratégia da LG de reduzir o preço drasticamente alguns meses depois (os primeiros sinais estão aí), o G3 tem grande potencial em ocupar o posto de melhor custo-benefício entre os Androids topo de linha no futuro.

Especificações técnicas

  • Armazenamento: 16 GB (com entrada para microSD de até 2 TB).
  • Bateria: 2.940 mAh.
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 2,1 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, NFC, Bluetooth 4.0 e USB 2.0.
  • Dimensões: 146,3 x 74,6 x 9,3 mm.
  • GPU: Adreno 330.
  • Peso: 153,7 gramas.
  • Plataforma: Android 4.4.2 KitKat.
  • Processador: quad-core Snapdragon 801 de 2,5 GHz.
  • RAM: 2 GB.
  • Sensores: acelerômetro, giroscópio, proximidade, bússola e infravermelho.
  • Tela: IPS LCD de 5,5 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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