Governo pretende fechar Ceitec, estatal de semicondutores
Governo federal pretendia privatizar Ceitec, mas, por falta de interessados, considera extinguir estatal
Governo federal pretendia privatizar Ceitec, mas, por falta de interessados, considera extinguir estatal
Especializada em semicondutores, a Ceitec (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada) é uma das estatais que, em 2019, entraram para o radar de privatizações da gestão Bolsonaro. De lá para cá, o processo não avançou por falta de interessados. Diante disso, o governo federal cogita encerrar as operações da companhia.
Em outubro de 2019, a Ceitec foi colocada oficialmente dentro do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), processo que, entre outras possibilidades, pode qualificar a empresa para venda. No entanto, a gestão Bolsonaro não vem conseguindo cumprir as promessas de privatização.
A PPI também contempla a possibilidade de estatais serem extinguidas. No caso da Ceitec, o Conselho do PPI recomendou o fechamento da estatal em junho sob o argumento de que os custos para manutenção de suas operações não justificam a sua existência.
“Em 2013, a Ceitec consumiu R$ 97 milhões e faturou R$ 6 milhões; em 2019, consumiu R$ 67 milhões e teve o melhor ano da vida, faturando R$ 8 milhões. Se a empresa fosse tão boa, se sustentaria”, disse Wesley Cardia, secretário do PPI, em entrevista ao Jornal do Comércio.
Desde que foi criada, em 2008, a Ceitec depende de recursos do Tesouro Nacional para ser mantida. Estima-se que a estatal recebeu cerca de R$ 1 bilhão ao longo desses anos para sustentar suas operações, mas nunca gerou lucro. É por isso que, diante da falta de interessados para a privatização, o Conselho do PPI recomendou a extinção da empresa.
Esse processo não é imediato. Antes, a resolução sobre a decisão precisa ser publicada no Diário Oficial da União e ser ratificada por decreto presidencial. Enquanto isso, uma mobilização tenta evitar que o plano seja levado adiante.
O Estadão aponta, por exemplo, que o senador Paulo Paim (PT-RS) e os deputados federais Henrique Fontana (PT-RS) e Elvino Bohn Gass (PT-RS) enviaram ofício ao ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, para manifestar contrariedade ao fechamento: a extinção “representa um grave erro estratégico, pois anuncia a renúncia do governo federal em apoiar a indústria de microeletrônica do país”, diz o documento.
Com sede em Porto Alegre e vinculada ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), a Ceitec tem cerca de 180 funcionários concursados, muitos dos quais possuem títulos de mestrado, doutorado ou pós-doutorado. A estatal também emprega terceirizados.
A estatal atua na área de semicondutores, projetando e produzindo circuitos integrados e tags RFID, por exemplo. Um dos dispositivos projetados pela Ceitec é um chip que armazena e criptografa dados biométricos para uso em passaportes. A tecnologia poderia ter sido empregada nos passaportes brasileiros em 2018, mas as negociações com o governo federal não avançaram.