O Facebook anunciou, nesta quarta-feira (17), que passará a restringir o compartilhamento e a visualização de notícias para usuários na Austrália. A ação é uma resposta ao projeto de lei australiano que pretende fazer com que empresas de tecnologia como a de Mark Zuckerberg paguem aos editores de notícias pelo uso do conteúdo noticioso em suas plataformas.
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Facebook app (Imagem: Thomas Ulrich/Pixabay)
“Uma escolha difícil”
Em seu blog oficial, o Facebook afirma que ficou “diante de uma escolha difícil”, já que o projeto de lei “interpreta mal a relação entre a plataforma e os editores que a usam para compartilhar conteúdo de notícias”. Após avaliar o cenário, a empresa vai esconder os links de notícias em vez de fechar acordos com empresas de mídia para veicular notícias na rede social.
A decisão toma um rumo diferente da escolha feita pelo Google e noticiada nesta manhã, o que também foi comentado pelo Facebook:
A Pesquisa do Google está inextricavelmente ligada às notícias e os editores não fornecem voluntariamente seu conteúdo. Por outro lado, os editores optam por postar notícias no Facebook, pois isso lhes permite vender mais assinaturas, aumentar seu público e aumentar a receita de publicidade.
Em sua defesa, a rede social alega que publicar notícias no Facebook é um benefício para os editores – as referências gratuitas para sites de mídia australianos teriam rendido cerca de 5,1 bilhões de cliques, um valor estimado de AU$ 407 milhões.
A empresa afirma ainda que, apesar de considerar o jornalismo importante para uma sociedade democrática e investir em ferramentas para apoiar a área em todo o mundo, o seu ganho comercial com notícias é mínimo: menos de 4% do conteúdo que circula no feed – e que a proposta do governo australiano busca “penalizar o Facebook por conteúdo que não pegou ou pediu”.
Contrário às exigências das autoridades governamentais da Austrália, o Facebook disse que a partir de agora irá priorizar investimentos em outros países, e se comprometeu a continuar contribuindo com o jornalismo por meio do Facebook News.
O que acontece na prática?
De acordo com o Facebook, a plataforma irá usar uma combinação de tecnologias para garantir que:
- Na Austrália: pessoas e organizações não postem, compartilhem ou visualizem conteúdo com links de notícias – australianos ou internacional.
- No resto do mundo: não haja compartilhamento e postagem de links de notícias de empresas de mídia australianas.
Além disso, o Facebook também planeja ter processos para revisar conteúdo removido indevidamente.
Os demais serviços do Facebook não serão alterados: os usuários australianos ainda poderão utilizar a plataforma para para falar com amigos, promover negócios (que não envolvam notícias) e participar de grupos.
Com informações: Facebook
Comentários da Comunidade
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Não sei na Austrália, mas em boa parte do mundo as pessoas costumam acessar links de notícias postadas nas redes sociais pelos próprios jornais em vez de acessar o site diretamente pela barra de endereço do navegador. Se Google fizesse como o Facebook fez, não demoraria para que as empresas de mídia “pedissem arrego” ao ver a queda no número de acessos. Ou não. De repente sem os práticos links compartilhados nas redes sociais, as pessoas iriam ser obrigadas a acessar o site diretamente, como nos velhos tempos.
Iria fazer, mas chegou a Microsoft abaixando as calças pro governo de lá. Se oferecendo pra suprir a falta do Google e tiveram que voltar atrás…
Eu pagava pra ver: 1 - até onde a MS iria e 2 - Até onde os Australianos iriam.
Não me simpatizo muito com Mark Zuckeberg, mas lendo a matéria achei um pouco abuso por parte do governo.
A mídia tradicional está perdendo espaço pro conteúdo online, ao invés de inovarem, preferiram chorar pro governo salvar eles.
O governo vai e obriga quem compartilhar os links da mídia tradicional na internet à pagarem direitos como contribuição por uso.
Agora, corretamente, quem não concorda com isso vai bloquear qualquer tipo de link que venha de um jornal tradicional.
O jornal perde audiência e mais relevância no mundo online, o que faz seu modelo de negócios (anúncios) afundar ainda mais rápido.
Os usuários agora nem ajudar os jornais podem mais, já que o compartilhamento será negado, e eles terão maior dificuldade em acessar informações de mídias supostamente mais respeitadas.
Buscadores e redes sociais eliminam o conteúdo jornalístico tradicional abrindo brechas para produtores enviesados, mais radicais ou conspiratórios chegarem ao público final cada vez mais polarizado.
Esse é o perfeito exemplo de como o Estado consegue ferrar com tudo e todos nos mais diversos sentidos, tornando o mundo um lugar bem pior com as ações dele.