Funcionários da Ubisoft apoiam greve contra Activision Blizzard

Cerca de 500 funcionários da Ubisoft assinam carta aberta apoiando as vítimas de assédio que trabalham na Activision Blizzard

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Estúdio da Ubisoft em Toronto, no Canadá (Imagem: Reprodução/Twitter @UbisoftToronto)
Estúdio da Ubisoft em Toronto, no Canadá (Imagem: Reprodução/Twitter @UbisoftToronto)

Em resposta aos escândalos recentes da Activision Blizzard, cerca de 500 funcionários da Ubisoft assinaram uma carta aberta em apoio às vítimas de assédio sexual e a favor da greve contra a empresa responsável por Call of Duty e World of Warcraft. Na carta também são feitas algumas exigências, como pronunciamentos de lideranças e mudanças reais em toda a indústria de games, incluindo criação de sindicatos.

“Nós acreditamos em vocês, estamos ao seu lado e os apoiamos”, escreveram os trabalhadores da Ubisoft, em relação à greve iniciada pelos funcionários da Activision Blizzard, nesta quarta-feira (28). Vale lembrar que, desde 2020, a desenvolvedora de Assassin’s Creed também é alvo de denúncias de abusos envolvendo o CEO, Yves Guillemot, o corpo de diretores e até pessoas do RH.

A carta demanda mudanças não só na cultura da Activision Blizzard, como também em toda a indústria de videogames. “Na semana passada, a indústria de jogos mais uma vez foi abalada por revelações que há muito tempo são conhecidas por muitos de nós. Revelações que, há um ano, muitos ouviam sobre a Ubisoft. Fica claro, devido à frequência desses relatos, que existe uma cultura difundida e enraizada de abuso dentro da indústria”.

Além disso, os funcionários da Ubisoft sugeriram a criação de um sindicato para os profissionais do mercado de games, liderado por pessoas afetadas pelos comportamentos abusivos. Assim, todos os trabalhadores do setor poderiam conhecer melhor seus direitos, principalmente na hora de exigir mudanças das empresas.

“Precisamos de mudanças reais e fundamentais na Ubisoft, na Activision Blizzard e em toda a indústria. Para isso, propomos que a Activision Blizzard, Ubisoft e outras editoras e desenvolvedores líderes da indústria colaborem e concordem com um conjunto de regras e processos para lidar com relatos de abuso. Essa colaboração deve envolver funcionários em cargos não administrativos e representantes sindicais. Isso é essencial para garantir que aqueles que são diretamente afetados por esses comportamentos estejam liderando a mudança”.

Funcionários da Ubisoft, em carta.

As grandes empresas de games não podem mais fugir

Com tantas denúncias surgindo em sequência, as grandes desenvolvedoras de videogames — além de outras empresas do setor de tecnologia — não têm mais para onde fugir. Em uma indústria na qual pessoas costumam suportar situações degradantes de trabalho devido à paixão pelo ofício, aqueles que estão em posições de poder se sentem livres para tratar funcionários da forma que bem entendem.

A única solução, por enquanto, é uma mudança estrutural e sistemática, na qual os funcionários tenham seus direitos respeitados por diretores e presidentes. Um jogo é criado por programadores, artistas, roteiristas, entre outros, e essas pessoas merecem ser tratadas com dignidade, como qualquer outro trabalhador no mundo.

Com informações: Kotaku, Game Informer.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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