Brasil recicla apenas 3% de seu lixo eletrônico, aponta pesquisa

Pesquisa da Green Eletron indica que brasileiros ainda não sabem o que fazer com lixo eletrônico; pontos de coleta ainda são escassos

Bruno Ignacio
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Lixo eletrônico (Imagem: Curtis Palmer/Flickr)
Lixo eletrônico (Imagem: Curtis Palmer/Flickr)

O Brasil é atualmente o quinto maior produtor de lixo eletrônico do mundo, mas é um dos que menos recicla esse tipo de resíduo. Uma pesquisa da Green Eletron, empresa de logística reversa, aponta que o país ainda carece de informações a respeito do descarte ecológico desses aparelhos e de locais de descarte correto acessíveis para a maioria dos brasileiros.

Segundo a pesquisa “Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021″, apenas 3% do lixo eletrônico produzido é reciclado no país. O levantamento também revela outros números interessantes. Cerca de 87% da população guarda eletroeletrônicos sem utilidade em suas casas por mais de dois meses, enquanto 25% dos brasileiros nunca descartou esse tipo de resíduo propriamente em pontos de coleta.

No entanto, não se trata apenas de um problema comportamental do brasileiro. A pesquisa da Green Eletron também aponta que Pontos de Entrega Voluntária (PEV) são ainda desconhecidos pela maior parte dos brasileiros, distantes de suas casas, ou totalmente inexistentes em determinadas regiões. Além disso, a informação falha em chegar às pessoas.

Desinformação é principal inimiga do descarte ecológico

Entre o grupo de entrevistados, 75% nem sequer sabia que todos os eletrônicos podem ser reciclados se destinados para pontos de coleta. Ao invés disso, a maioria dos brasileiros acumula esse tipo de resíduo em casa. Pilhas e outros componentes eletrônicos pequenos são os mais presentes nas residências, com 72% dizendo que as guardam junto a celulares antigos, por exemplo. Logo em seguida ficam os notebooks, telefones fixos, modens e tablets, acumulados por 48% dos entrevistados.

O tempo que esse lixo fica guardado também é em média muito alto. 31% das pessoas disseram que guardam a mais de um ano algum aparelho eletrônico que não funciona mais ou que não é mais usado. Nessa categoria, os dispositivos predominantes são câmeras, gravadores, carregadores de celular e reprodutores de CDs e DVDs.

Smarpthones estão entre os principais aparelhos acumulados em casa (Imagem: Hal Gatewood/ Unplash)
Smarpthones estão entre os principais aparelhos acumulados em casa (Imagem: Hal Gatewood/ Unplash)

Essa tendência de acumular esse tipo de lixo ocorre principalmente por falta de informação. Enquanto muitos sabem que o descarte de eletrônicos é diferente do descarte de resíduos comuns, um terço dos entrevistados pela pesquisa nunca ouvi falar em pontos ou locais para destinar corretamente seus aparelhos velhos e quebrados.

Esse índice de desconhecimento se acentua entre a classe C, com 41% das pessoas afirmando não conhecer esses pontos de coleta de lixo eletrônico. Entre as classes A e B, os percentuais foram de 24% e 26%, respectivamente. No entanto, a desinformação é apenas a primeira barreira.

Pontos de coleta de eletrônicos ainda são escassos

Entre os entrevistados que já ouviram falar nos pontos de descarte e PEVs, mas mesmo assim nunca levaram seu lixo eletrônico para esses locais, apenas 7% acabam dando um destino correto para esses resíduos. As razões para isso variam: 20% não sabem onde há um desses pontos, 21% dizem que ficam longe demais, e 21% afirmam que simplesmente não existem locais de coleta na região onde moram.

Assim, um total de 25% das pessoas que participaram da pesquisa nunca descartaram corretamente um eletrônico. Mesmo entre os 75% que já levaram em algum momento esse lixo a pontos de coleta, mais da metade deles afirmaram que esses locais ficam a mais de 15 minutos de carro de suas casas.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

Relacionados