Kodak pensa em pedir falência de vez
Fontes do WSJ revelam que a empresa pode estar à beira de pedir falência nos EUA.
Estamos acostumados (até demais) com o fato de que empresas nascem e morrem prematuramente e isso nunca é uma coisa boa. Ver o empreendimento de alguém naufragar só pode ser algo positivo quando se trata de uma fraude. Do contrário, empresas morrendo ou respirando por aparelhos não é algo do qual ninguém se orgulha presenciar.
Agora imagine uma empresa com 120 anos de história, que emprega mais de 19 mil pessoas e que tem nas mãos um portfolio de aproximadamente 1.100 patentes na indústria da fotografia. Sim, estou falando da Kodak mesmo.
A lendária multinacional norte-americana nasceu com o nome Eastman Kodak Company pelas mãos de George Eastman em — acredite — 1892. Podemos conjecturar por horas sobre o porque da queda vertiginosa das ações da empresa (NYSE:EK) desde o começo dos anos 90, quando o mundo pararia de consumir filmes fotográficos em escala comercial e abocanharia os pixels em seu lugar. Mas seria apenas isso?
Nem só de películas vive a Kodak, que além de ter fabricado câmeras que marcaram época e ter perdido uma batalha épica de patentes contra a Polaroid, ela também tem produzido sensores de imagem, impressoras, cartuchos, papéis fotográficos, câmeras digitais e gadgets portáteis. Até mesmo chegou a produzir mídia de TV e conteúdo audiovisual, sendo uma das empresas que ajudaram a definir o padrão para o filme profissional de 35mm e também o de 16mm para produções domésticas e de baixo custo.
Mas porque tanta história sobre uma das empresas que, entre tantas, vai confessando o cansaço diante de concorrentes que se adequaram muito mais rapidamente a um mundo que já não acha seus produtos tão inovadores assim?
Bem, o Wall Street Journal levantou a bola sobre o futuro a empresa baseando-se no que suas fontes afirmam. Segundo elas, a Kodak pode estar se preparando para peticionar juridicamente aquilo que é conhecido nos EUA como Capítulo 11 da lei de proteção diante da falência. A lei daquele país que permite a uma empresa se reorganizar diante de tal condição.
Isso quer dizer que, dentre as medidas possíveis para dessaturar a debilitada saúde financeira da organização, a Kodak disponibilizará suas 1.100 patentes em um leilão monitorado pelas cortes norte-americanas.
Desta maneira, conseguindo comprovar a posse calculada de fundos que possam sustentar sua operação, a empresa poderá manter ao menos as suas licenças de funcionamento e operabilidade, tanto nos EUA como também em mercados globais até… sabe-se lá quando.
Isso pode se aproximar então como aquele momento característico em que um titã em sua indústria procura manter o nariz para fora d’agua enquanto outras empresas, fatalmente velhos e novos competidores, transferem para si o direito sobre as suas idéias e por um preço bem diferente, fosse outra a circunstância.
Para piorar, a Kodak foi oficialmente avisada de que, se as suas atividades mercantis atingirem um valor inferior a 1 dólar por ação, ela pode ter compulsoriamente caçada a licença de operação de valores na NYSE e perder a sigla “EK” na bolsa de NY.
Agora reflita. Como uma grande organização, cuja a trama de sua história costura um grande legado, faz para se reeguer em um mundo que já não mais a enxerga com os mesmos olhos que antes?
Com informações do WSJ. Crédito da imagem no topo: Kent Weakley Photography.