Suas fotos com geolocalização podem indicar onde você estará num futuro próximo

8 milhões de fotos do Flickr foram analisadas para estimar sua futura localização; precisão chega a 92%

Jean Prado
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• Atualizado há 2 semanas

Normalmente por configurações de fábrica, a maioria das fotos que você tira salva sua geolocalização, que pode facilmente ser lida por sites de hospedagem de fotos. Usando esse dado, pesquisadores da University College, na Inglaterra, analisaram cerca de 8 milhões de fotos no Flickr tiradas por aproximadamente 16 mil pessoas e conseguiram estimar onde tais pessoas estariam em um futuro próximo. Medo.

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A localização foi estimada a partir de um algoritmo criado pelos pesquisadores, que foi baseado em uma teoria chamada Voos de Lévy. A teoria, criada pelo matemático francês Paul Pierre Lévy, já foi usada pelo próprio Lévy para construir trajetórias e prever a localização de animais em busca de comida. O time de pesquisadores da universidade, então, decidiu aplicar os Voos de Lévy ao comportamento humano.

Com as milhões de imagens em mãos, os pesquisadores filtraram os dados de geolocalização junto com as respectivas câmeras que os registraram. Assim, eles passaram a estimar para onde as pessoas iam, se baseando em localizações previamente conhecidas.

Durante a pesquisa, foi observado que nem sempre os dados são tão previsíveis: “nós sugerimos que o movimento dos usuários do Flickr […] é movido por fatores despercebidos. Por exemplo, uma pessoa pode morar em Bristol, visitar seus parentes em Suffolk e passar suas férias no norte do País de Gales.”. Dessa forma, eles usaram uma série de artifícios para fazer as previsões, como mostra a imagem abaixo.

alguma legenda aqui
A localização contida nas fotos pode indicar sua frequência de viagem para determinados lugares.

Na letra a, são mostradas as trajetórias individuais retiradas diretamente da geolocalização das fotos. Em c, os pesquisadores estimam o número de vezes em que as pessoas viajam pelos estados, processo indicado pela espessura das setas. Com esses dados analisados por mais algoritmos, foi possível estimar onde as pessoas moravam e os destinos para os quais elas preferiam viajar.

Depois de estudar os processos individualmente, os pesquisadores agruparam esses dados e juntaram com o número de habitantes das principais cidades analisadas. Na imagem abaixo, é possível ver como as informações foram correlacionadas para criar uma rede dos possíveis fluxos de trânsito (letra b).

outra legenda aqui
Cidades com o nome na cor preta, em (a), estão fora da lista das 20 cidades mais populosas.

Por fim, para conferir a precisão das estimativas, os dados foram comparados pelo levantamento da Pesquisa de Viagens Nacionais (NTS, na sigla em inglês) criada pelo governo britânico. A pesquisa forneceu dados de 2007 a 2013, mesmo período em que as fotos do Flickr foram tiradas, e em 92% (!) dos casos, a futura localização estimada pelos dados obtidos nas fotografias estava correta.

As informações, segundo os pesquisadores, indicam um avanço no entendimento de como as redes sociais influenciam a movimentação das pessoas e podem ser usadas para melhorar a eficiência dos meios de transporte e no planejamento de áreas urbanas. Dados mais completos podem ser acessados no Royal Society Open Science, onde a pesquisa foi publicada.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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