Cuphead: A Série me lembrou dos momentos mais felizes da minha infância
Com bastante humor besteirol, Cuphead: A Série é um desenho animado leve, despretensioso e gostoso de assistir em um dia de folga
Com bastante humor besteirol, Cuphead: A Série é um desenho animado leve, despretensioso e gostoso de assistir em um dia de folga
Se você ainda não assistiu à série de Cuphead na Netflix, recomendo fazer isso quanto antes. Em 12 episódios de 15 minutos cada um, o show me levou de volta a épocas em que desenhos animados alegravam minhas manhãs, mesmo com roteiros considerados simples. Na coluna desta semana, vamos viajar no tempo enquanto compartilho minhas opiniões sobre essa maravilhosa surpresa de 2022.
Com visual inspirado em animações da Disney e Fleischer Studios dos anos 1930, Cuphead surgiu como um videogame do gênero run and gun — correr e atirar —, em setembro de 2017. Apesar da qualidade excelente em jogabilidade, direção de arte e trilha sonora, o jogo não agradou a todos devido à sua dificuldade elevada.
Quase cinco anos após seu lançamento nos computadores e consoles, Cuphead ganhou uma adaptação em formato de série animada produzida pela Netflix em parceria com o StudioMDHR e a King Features Syndicate. Por mais que o show não reproduza a experiência completa do videogame, ainda dá para conhecer os personagens e suas histórias, sem passar raiva por ficar preso em alguma fase por horas ou dias.
Cuphead: A Série é leve e despretensiosa, sendo a verdadeira definição de “humor besteirol”. Assim como no jogo, nada é levado a sério na animação. Os protagonistas Xicrinho e Caneco — localização maravilhosa, diga-se de passagem — são crianças que estão sempre entrando em alguma confusão diferente nas Ilhas Tinteiro, com outros personagens bizarros.
Desde que o show estreou, vi alguns comentários na internet criticando o roteiro, que supostamente era superficial demais e até desinteressante. Para mim, uma história não precisa ser profunda para ser boa. De vez em quando, eu quero assistir a um desenho animado sem pensar no sentido da vida, e Cuphead me permite fazer isso.
Com episódios curtos, a série tem um ritmo gostoso que não cansa, nem te obriga a ficar grudado na frente da televisão por dias. Dá para maratonar a primeira temporada em uma tarde, mas também é possível assistir aos episódios separados sem problemas, já que cada capítulo conta uma história diferente.
Assim como acontece no videogame original, Cuphead: A Série se inspira no visual dos desenhos animados clássicos dos anos 1930, como as primeiras animações de Mickey Mouse, Gato Felix, Betty Boop e Popeye. Porém, o show também pega muitas referências de produções modernas, tipo Bob Esponja, em especial para construir os roteiros dos episódios.
As histórias giram em torno dos irmãos Xicrinho e Caneco — cada um deles com sua própria personalidade. Enquanto Xicrinho é sarcástico, impulsivo e inconsequente, Caneco tende a ser mais racional, ingênuo e sensível. Os dois se completam e não funcionam tão bem separados — o que não é um problema, já que isso dificilmente acontece.
Além dos protagonistas, há personagens secundários. Por serem muitos, nem sempre dá para desenvolver todos, com exceção das figuras recorrentes, como o vilão principal Diabo. Quase todas as aventuras de Xicrinho e Caneco envolvem personagens que também aparecem no jogo como chefes nas fases. Assim, quem zerou o game consegue identificar facilmente o Rei Dado ou os Sapos Boxeadores, por exemplo.
Há ainda personagens inéditos na série que ainda não apareceram com muitos detalhes no jogo. Um exemplo é a Senhorita Cálice, a qual será jogável somente no DLC Cuphead: The Delicious Last Course — programado para chegar em 30 de junho de 2022.
Quando joguei Cuphead, fiquei maravilhado pela qualidade da arte do game. Não há nada parecido no mercado, e o produto final é irretocável, uma verdadeira obra-prima. Apesar de não entregar visual tão belo quanto o jogo, a animação da série da Netflix é excepcional, e tem até um filtro de televisão antiga na imagem para dar um ar retrô.
Outro ponto que me agradou demais no desenho animado foi a dublagem brasileira. No jogo, os personagens não falam, então os atores e dubladores puderam inventar muita coisa. No caso da localização para português do Brasil, o trabalho é majestoso não só na escolha das vozes, como também na tradução das falas, adaptadas conforme a nossa cultura local.
Cuphead: A Série agrada aos fãs e às pessoas que nunca ouviram sequer falar do videogame original. Com bastante humor besteirol despretensioso, o desenho é divertido tanto para crianças quanto para adultos que cresceram com cartoons clássicos do século 20. Por enquanto, o show só tem uma temporada, mas é provável que mais episódios sejam lançados no futuro.
Para quem quiser experimentar o jogo original, Cuphead está disponível para computador (Windows e macOS), PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.
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