Nokia, descanse em paz e boa sorte na nova empreitada

A venda do HERE era o que faltava para a Nokia sair dos radares do consumidor final

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano
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Agora é oficial: a Nokia acabou. Ou, pelo menos, a Nokia que conhecíamos acabou. A finlandesa chegou a um acordo para vender a divisão de mapas HERE para um consórcio formado por Audi, BMW e Daimler pelo equivalente a pouco mais de R$ 10 bilhões (2,8 bilhões de euros). Era o passo que faltava para a empresa sumir dos radares do consumidor final e passar a focar no segmento corporativo.

O próprio CEO da Nokia, Rajeev Suri, comenta: “Com este passo, completamos o último estágio de transformação da Nokia”. Por meio do (excelente) HERE Maps, o negócio de mapas da Nokia era o único que ainda tinha ligação íntima com o usuário comum, depois da venda da divisão de celulares para a Microsoft e de alguns produtos isolados, como o MixRadio.

Um parêntese aqui: é bem curioso a forma como os mapas são feitos e o trabalho gigantesco que isso dá. Eu andei num carro do HERE para descobrir como a Nokia mapeia as ruas das cidades brasileiras.

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Mas e aquele tablet com Android 5.0 e USB reversível? Não é da Nokia? Não é um produto para o consumidor final? Bom, na verdade, aquilo é um produto fabricado pela Foxconn (que provavelmente tinha algumas carcaças de iPad mini sobrando) e que, por acaso, leva a marca da Nokia. Tanto que a Nokia nem sequer mais possui fábricas de celulares e tablets; elas entraram no pacote da venda para a Microsoft.

Ok, mas não estão dizendo por aí que a Nokia vai voltar a fabricar smartphones? Então, essa é uma notícia que a imprensa tenta publicar todo mês porque dá muita audiência, e a suposta confirmação, que teria vindo do presidente da divisão chinesa de desenvolvimento da Nokia, já foi negada.

A Nokia, agora, é dividida em dois negócios:

  • Nokia Networks, a antiga Nokia Siemens Networks, que fornece equipamentos, sistemas e serviços de infraestrutura de rede. Essa divisão ficou bastante fortalecida depois do anúncio da compra da rival Alcatel-Lucent por impressionantes US$ 16,6 bilhões, mais que o dobro do valor pago pela Microsoft para comprar a divisão de celulares da Nokia.
  • Nokia Technologies, que desenvolve novas tecnologias e as licencia para outras empresas. É o caso da Nokia Ozo, uma câmera de realidade virtual.
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Isso significa que nunca mais veremos a Nokia nas prateleiras das lojas? Pode até ser que a marca apareça no Brasil, onde ainda é bem forte e gera um sentimento bom de nostalgia — tenho certeza que muitos dos que estão lendo este texto tiveram um Nokia como primeiro celular e ainda fazem piadas envolvendo celulares caindo no chão e quebrando o chão. Mas a Nokia, aquela da Finlândia, estará só na embalagem mesmo: a marca deverá ser usada por outras empresas, como a própria Foxconn.

Nokia, descanse em paz e boa sorte na nova empreitada.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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