Exclusivo: Celulares da Nokia têm futuro incerto no Brasil
Parceria com a Multi deve chegar ao fim em 2024. A holding HMD Global pode passar a distribuição dos Nokias para a Rcell.
Parceria com a Multi deve chegar ao fim em 2024. A holding HMD Global pode passar a distribuição dos Nokias para a Rcell.
O mercado brasileiro de celulares passa por uma grande incerteza sobre o futuro da Nokia por aqui. A empresa faz silêncio sobre o rumo das operações, que foram retomadas no Brasil em 2020, depois de anos de hiato. Pode ser que ela mude a maneira de operar no mercado doméstico ou saia de vez do Brasil, pelo que apurou o Tecnoblog.
Nem todo mundo sabe, mas a companhia finlandesa voltou a vender aparelhos de telefonia no Brasil em 2020. De lá para cá, pouco avançou em termos de participação nas vendas. Até dá para encontrar algumas opções nas prateleiras das lojas, mas de maneira tímida. Ela teria menos de 1% das vendas.
A nossa equipe tenta falar com representantes da Nokia há duas semanas, mas até agora não teve retorno. O texto será atualizado caso a empresa se manifeste.
Primeiro de tudo, é preciso entender o que é a Nokia hoje em dia. A outrora gigante das telecomunicações foi desmembrada em várias partes. Ainda existe a antiga Nokia, que fornece soluções de conectividade para operadoras de telefonia, por exemplo. Ela está no Brasil com foco no chamado mercado B2B (ou seja, vendas corporativas).
Nós não estamos falando desta empresa, mas sim da marca Nokia nos telefones. Ela é licenciada pela empresa finlandesa HMD Global, que também é responsável por desenvolver e comercializar os produtos em variados países. Eles normalmente rodam Android e prometem atualizações de sistema por vários anos.
Esta organização decidirá o futuro dos celulares Nokia no mercado brasileiro. Ainda não se sabe como será a partir do ano que vem: a Nokia poderia abandonar o país ou buscar um novo parceiro comercial.
O retorno dos celulares Nokia ocorreu em 2020. Para surpresa de alguns, ainda hoje é possível comprar o potente Nokia G60 5G ou o basicão Nokia 105 pela internet ou em lojas físicas. Apesar do nome forte, no entanto, nos parece que o projeto da Nokia não decolou por aqui.
O que vai acontecer a partir do ano que vem? Essa é a pergunta que nenhuma fonte sabe responder. A ideia é manter as vendas enquanto durarem os estoques.
A operação de celulares da Nokia conta atualmente com o apoio da Multi, a empresa brasileira de eletrônicos e tecnologia. Os aparelhos são montados na fábrica da antiga Multilaser em Extrema, no interior de Minas Gerais.
A Multi informou ao Tecnoblog que o contrato com a HMD Global permanece vigente e que a comercialização dos produtos está mantida.
Conforme mencionamos acima, a empresa faz absoluto silêncio sobre o assunto. A antiga agência de relações públicas da Nokia não atua mais com a empresa. Tentamos falar com executivos, mas não conseguimos respostas. Também buscamos a matriz da HMD Global na Finlândia, novamente sem nenhum retorno.
Nós apuramos que existe a possibilidade de que a empresa Siri Comércio e Serviços Ltda., de São Paulo, passe a cuidar dos smartphones da Nokia. A empresa atua com a marca Rcell. Numa página oficial, a companhia afirma existir há mais de 20 anos e ter tradição na distribuição de toda sorte de aparelho eletrônico, inclusive smartphones, itens de informática e games.
Até onde se sabe, a Rcell faz a importação e distribuição dos dispositivos. Caso a Nokia realmente mude de mãos, existe a possibilidade de que os produtos não sejam mais montados em território nacional, mas simplesmente trazidos de fora.
A Rcell também não respondeu nossas tentativas de contato.
Praticamente todo mundo tem um smartphone no bolso. Isso significa que há um gigantesco mercado consumidor. Por outro lado, as pessoas trocam de aparelho em intervalos maiores, o que tem se tornado um desafio para as empresas do setor.
Eu mesmo já conversei com diretores e lideranças C-Level que mencionam as dificuldades. O volume de vendas está caindo, um cenário amargo para empresas pouco competitivas.
Hoje em dia, o foco das gigantes está em produtos caros e altamente rentáveis, como o Galaxy S23 ou o novo iPhone 15. Não é por acaso que a Apple está dando mais atenção ao Brasil depois de ver saturar os mercados americano e europeu.