O iPhone 15 colocou o Brasil nas prioridades da Apple
Nova geração desembarcou no mercado brasileiro somente uma semana depois dos Estados Unidos, algo inédito. Estratégia prevê facilitar a compra dos produtos.
Nova geração desembarcou no mercado brasileiro somente uma semana depois dos Estados Unidos, algo inédito. Estratégia prevê facilitar a compra dos produtos.
Eu estava lá quando a Apple realizou o evento global para anunciar o iPhone 15. A nova geração tem construção de titânio, tecla de ação e câmera melhor nos modelos mais potentes. Até aí, tudo dentro do script da gigante americana. A novidade tem a ver com o mercado brasileiro: nunca antes na história deste país um iPhone desembarcou tão rápido na Terra Brasilis.
O iPhone 15 colocou o Brasil entre as prioridades da Apple. Com diferença de apenas uma semana em relação às vendas nos Estados Unidos, o país se juntou a mercados maduros, como Canadá, Japão e nações da Europa.
Qual o motivo disso? É o que vamos destrinchar a partir de agora.
Primeiro de tudo, é importante ter em mente que os produtos da Apple sempre foram, atualmente são e continuarão a ser premium, ainda mais para a realidade brasileira. Custam caro e entregam muito. Eles têm um público-alvo bastante selecionado, por assim dizer.
Todo este contexto faz com que a rival Samsung seja líder absoluta no mercado geral de smartphones no Brasil. Já a Apple disputa cabeça a cabeça com os sul-coreanos na categoria premium, que tem os dispositivos mais rentáveis. Chegamos a falar disso num episódio recente do Tecnocast.
“A Apple cresce mesmo num mercado que retrai por causa do desejo de ter um iPhone e da força da marca”, nos explica Fernando Baialuna, diretor da empresa de pesquisas de mercado GfK. É por isso que a nova fornada de smartphones chegou por aqui ainda no mês de setembro, considerado estratégico pela companhia.
Eu participei de um bate-papo com executivos da matriz americana durante a visita a Cupertino. Nele foram elencados os esforços globais para dar condições de troca de smartphone. São muitos, algo que não existia há cinco anos.
No caso do Brasil, é notório o programa do Itaú que estabelece o parcelamento do iPhone em mais de 20 vezes. Números antigos dão conta de que quase 100 mil clientes se interessaram por este mecanismo de compra. Imagine agora…
O iPlace anunciou uma oportunidade similar neste ano por meio do programa iPlace Hoje. Pessoas com renda a partir de R$ 1.500/mês podem adquirir o iPhone 15. Trata-se de um quase leasing.
Além da nova geração, a fabricante americana percebeu uma chance de atrair novos consumidores que não desejam ou têm condições de pegar os produtos mais recentes. Em outras palavras, não ficariam com a geração mais nova, mas têm vontade de usar o iPhone.
A reverência da Apple às classes C e D tem a ver com o amplo portfólio por aqui. Os dados captados pela GfK dão conta de que existem muitas vendas de iPhone 12 e de iPhone 13 entre os clientes menos favorecidos, e até mesmo do iPhone 11 entre quem quer um produto Apple de qualquer maneira, ainda que careça de tecnologias mais avançadas, como é o caso do 5G.
“A Apple passou a investir muito mais no mercado brasileiro nos últimos dois anos. Ela percebeu que tinha condições de ir além do superpremium”, comenta Baialuna. Nem todos os dispositivos fazem parte do portfólio oficial mencionado no site da Apple, mas mesmo assim a grana vai para Tim Cook.
O especialista acredita que o iPhone 14 será o campeão de vendas nos próximos meses. Lançamento do ano passado, ele ficou até 21% mais barato com a chegada do iPhone 15 – e permanece como uma ótima pedida para quem busca alta tecnologia.
É assim que a empresa avança no Brasil: cria condições de compra com o apoio de parceiros, mantém produtos de gerações passadas por preços mais em conta e cria desejo ao anunciar o poderoso iPhone 15. Mesmo quem não pode pegar a versão mais recente acaba pensando “puxa, o 14 ainda vale a pena e dá para pagar em dezenas de vezes”.