O Waze não quer mais só salvar cinco minutinhos do dia, a companhia decidiu que quer acabar com o trânsito. Para isso, criou o Waze Carpool, um aplicativo de caronas — não é o único nem o primeiro a oferecer esse tipo de conexão — com recursos interessantes para quem não abre mão do conforto do carro (não necessariamente o seu).

Recém-chegado ao Brasil, o Waze Carpool ainda não divulga números de usuários. Em evento recente que aconteceu no Rio de Janeiro, foram citadas que algumas centenas de pessoas já usam o aplicativo na cidade. Para a iniciativa engrenar, porém, é necessário um ingrediente especial: todos nós, dando ou recebendo carona.

Essa é a fórmula do sucesso. 🚘

Waze no Brasil

No mundo todo são 110 milhões de wazers, usuários ativos do app tradicional. Todos esses motoristas se dividem em três perfis: 110 milhões são usuários comuns (apenas consulta), 12 milhões reportam acidentes no trânsito e 25 milhões editam mapas.

Oficialmente no Brasil desde 2010, São Paulo é a cidade número 1 do Waze. Em números, são mais de 4,4 milhões de usuários ativos que enfrentam em média 1h30 por dia no trânsito. O Rio de Janeiro, pasmem, ultrapassou recentemente a cidade paulista em média de tempo gasto dentro dos veículos todos os dias em deslocamento.

Mas, será que o aplicativo vem fazendo diferença?

“Mesmo com todo esse trabalho e todo o sucesso nos últimos 10 anos, o trânsito só piora. Um dos grandes fatores para que o modal carro não funcione é que os veículos são subutilizados. Em cima dessa deficiência é que a gente vive a nossa revolução”, disse André Loureiro, diretor Latam do Waze. A questão agora é mais complicada.

O Waze nasceu há dez anos em Israel, com objetivo de “salvar o tempo da pessoas”. Salvar nem que fossem 5 minutos, indicando o caminho mais inteligente. A ambição cresceu e para alcançar o novo objetivo (tão possível, quanto impossível) o Waze precisa fazer a comunidade colaborar. A tecnologia está pronta, só faltam as pessoas.

Você é parte do problema?

Quem nunca viu a famosa montagem que compara uma rua cheia de pedestres, ciclistas, ônibus e carros? Quando ocupada apenas por carros, a mesma rua atende um número infinitamente menor de pessoas, algo que pode mudar com “carros cheios”.

“Só assim, nós conseguimos sair desse cenário de trânsito (ruas lotadas de carros) para esse (ruas com mais espaço livre). É só nós utilizarmos os nossos recursos de maneira mais eficiente”, apontou Loureiro. “O Waze não quer mais melhorar o trânsito. Ele quer acabar com o trânsito. Mas, para isso, precisa mudar o mindset de todos”, completou.

Nas palavras de Loureiro, se você dirige sozinho o seu carro diariamente, você é parte do problema. Mas, se você traz alguém como carona, você se torna parte da solução. O executivo apontou ainda que o Waze Carpool é mais uma ferramenta para a melhoria da mobilidade e que o Google não enxerga outras iniciativas de transporte como rivais.

Uber Juntos, BlaBlaCar, Zumpy e Wunder

Até o Uber — cujo negócio é oferecer carros e motoristas via aplicativo — já entendeu isso, reforçou as propostas de compartilhamento de corridas e deu vouchers. O Uber Pool virou Uber Juntos e, de acordo com a empresa, o Juntos conseguiu retirar cerca de 1,5 mil carros por hora do trânsito de São Paulo em horários de pico (das 7h às 10h e das 17h às 20h).

Na primeira semana, foram mais de 60 mil carros fora das ruas. Conforme a previsão, cerca de 8,8 mil veículos deixaram de impactar o trânsito por dia. Se enfileirados, a fila seria de 35,2 km. A Marginal Pinheiros tem 22,5 km de extensão e a Tietê 24,5 km.

Esse tipo de plano também contribui com a mobilidade urbana ao incentivar que pessoas fizessem viagens compartilhadas, reduzindo o número de veículos nas ruas. A proposta, aqui, é ao contrário: que você deixa seu carro em casa e use os da Uber.

Além deles, outros aplicativos de compartilhamento de veículos, focados em carona, também funcionam por aqui. São eles: BlaBlaCar, Zumpy e Wunder; confira a lista.

Como convencer os motoristas?

Para promover o Waze Carpool a empresa criou o #MovetheCity um movimento que tem como foco empresas e instituições de ensino, para onde seus wazers vão todos os dias e podem adotar caroneiros. Quem entra no site pode baixar material e divulgar.

Em 2019, a Estácio será primeira universidade particular parte do movimento. Empresas como Natura, IBM, Petrobrás, GOL, Nokia e Magazine Luiza já aderiram a essa iniciativa.

Gustavo Ferro / BR Distribuidora

Gustavo Ferro, gerente executivo na BR distribuidora (Petrobras), explica que não faltam motivos para apoiar. “Para nós, uma produtora de combustível, temos perda de produtividade, perda econômica, perda de qualidade de vida e perda de saúde com trânsito”, lamentou. A empresa tem apoiado outras iniciativas em mobilidade, como os patinetes elétricos que vão oferecer na orla da Zona Sul do Rio e da Lagoa, por exemplo.

Você pode conferir, por cidade, em quais instituições tem gente fazendo Waze Carpool.

Carpool não é Uber

Douglas Tokuno, Head do Waze no Brasil, gosta de frisar que Waze Carpool não é Uber.

Sendo assim, não existe um motorista profissional. A solução limita o condutor do carro a duas caronas por dia e não existe remuneração, mas um compartilhamento de custo que ajuda ao motorista pagar o combustível ou um bom estacionamento todo dia.

“O Waze não está inventando a carona nem é o primeiro aplicativo de carona do mercado. Mas, mudar comportamento depende de incentivo. Redução de custo do carro é um”, disse.

Douglas Tokuno, Head do Waze no Brasil

Para quem já dá caronas gratuitas, usar o Waze Carpool pode ser uma saída para conseguir uma ajuda de custo sem colocar os seus amigos na parede, por exemplo.

Os motoristas recebem, todo dia 15 do mês, parte do valor do que gastam para se deslocar recuperado em pagamentos e o Waze não cobra taxas. Esses valores são para ajudar a economizar no deslocamento diário, não para ganhar dinheiro. De acordo com os termos de uso, é vedado a geração de receita e dar caronas em motocicletas.

Outros detalhes sobre o Waze Carpool

Desde que foi lançado, o Carpool já ganhou chat interno, filtros de caronas e motoristas por empresa ou instituição de ensino, conexão com Facebook e LinkedIn e filtro de gênero. O mais novo lançamento foram as “caronas múltiplas”, para o motorista não levar só um carona, mas completar o carro com um grupo que faça o mesmo trajeto.

Como estímulo para quem pede carona, estão uma série de benefícios como usar rotas alternativas e mais rápidas que o transporte público, ter o conforto de estar em um carro, fazer novas amizades ou networking e melhorar a qualidade do tempo gasto.

Waze + LinkedIn + Facebook

Assim como o passageiro, que escolhe com quem vai pegar a carona — o app permite que  mulheres só aceitem e ofereçam carona a mulheres, ou que funcionários de um empresa só ofereçam e aceitem caronas entre seus colegas — o motorista também escolhe para quem vai ceder um banco do carro. Como no Tinder, é um match.

E quanto custa?

Bem, de acordo com Tokuno, o preço de uma viagem varia de R$ 4 a R$ 25 (com um máximo de cerca de 50 km). A proposta da carona é ocorrer dentro da cidade. O valor oscila de acordo com a distância. Não é considerado o fator tempo, como no táxi.

  • Até 5km – R$4  (novos usuários pagam R$2; quem dá carona recebe integral)
  • De 5k a 10km – R$7 (novos usuários pagam R$4, quem dá carona recebe integral)
  • Até 40km – R$10 (novos usuários pagam R$4, quem dá carona recebe integral)

O montante total que o motorista consegue recuperar do gasto rotineiro com o seu carro em caronas vai corresponder a quantidade de caronas ele der ao longo do mês.

Vale lembrar que usar um serviço de carona não significa que você vai fugir do trânsito. A adoção desse tipo de mobilidade pode reduzir o total de carros nas ruas e, quem sabe, num futuro próximo, seja possível reduzir impactos do trânsito na nossa vida.

Tá, mas como usar isso?

Preparamos um Guia do Waze Carpool para você se aventurar, pegar ou oferecer caronas e mudar um pouco da sua rotina nos engarrafamentos em todo o Brasil.

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

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