Facebook é acusado de analisar sentimentos de adolescentes para direcionar anúncios

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 1 mês
Foto por The Crunchies!/Flickr

Para a surpresa de ninguém, o Facebook voltou a protagonizar uma polêmica envolvendo a privacidade de seus usuários: a companhia está sendo acusada de analisar o comportamento de adolescentes na rede social para identificar sentimentos. O objetivo? Supostamente, exibir aos jovens anúncios condizentes com seus estados emocionais.

A informação vem do jornal The Australian, que afirma ter tido acesso a um documento confidencial com 23 páginas que detalha o método que a empresa usa para coletar e analisar dados como mensagens, comentários e reações de adolescentes para presumir quais deles estão se sentindo estressados, irritados, ansiosos, fracassados, enfim.

Esse sistema é voltado especificamente a usuários com idade a partir de 14 anos e visa identificar momentos em que os jovens estão vulneráveis emocionalmente e, consequentemente, mais receptíveis a alguma forma de incentivo — nesses momentos, eles estão também mais suscetíveis a determinados tipos de anúncios.

O documento dá a entender que o sistema é bastante sofisticado, sendo capaz não só de identificar os momentos de fragilidade, digamos assim, como também de apontar a ocasião mais adequada para exibir os anúncios.

As condições de uso do Facebook preveem que dados de usuários sejam usados para direcionamento contextualizado de anúncios. Informações como localidade, faixa etária e escolaridade são bastante exploradas para esse fim.

Mas o uso de estados emocionais, especialmente sobre um público tão sensível, é visto como uma prática perigosa e imoral: o que garante que esses anúncios não poderão, de alguma forma, influenciar negativamente na personalidade do indivíduo?

Fica mais fácil entender essa questão se pensarmos que, havendo fundamento na acusação, o Facebook trata momentos de variação emocional como oportunidade para exibir anúncios dirigidos. Nesse sentido, a companhia teria interesse de preservar esses momentos para benefício próprio em vez de trabalhar para não estimulá-los, o que seria eticamente — e humanamente — razoável.

Facebook

Apesar de o documento ser assinado por executivos australianos do Facebook e apontar que o sistema funciona na Austrália e na Nova Zelândia, a ideia é tão sofisticada que levanta a suspeita de que a companhia o utiliza em mais países, tornando o problema ainda mais preocupante.

Não demorou para o Facebook se pronunciar sobre o assunto. Na nota, a empresa alega que não oferece ferramentas para anunciantes segmentarem publicidade com base em estados emocionais, e que a análise foi feita por um pesquisador australiano com a intenção de mostrar a profissionais de marketing como os usuários se expressam na rede social.

Em contrapartida, o Facebook faz mea-culpa ao afirmar que a tal pesquisa não segue o processo da empresa para esse tipo de trabalho e, por isso, vai revê-lo. Note, porém, que a companhia não falou nada sobre limitar ou desconsiderar o uso de dados específicos a sentimentos.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Canal Exclusivo

Relacionados