O que os reviews dizem sobre o Essential Phone

A empresa de smartphones do pai do Android está fazendo certo, mas peca na câmera do smartphone de US$ 699

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 semanas
Foto: The Verge

A empresa criada por Andy Rubin, ex-funcionário do Google conhecido como o pai do Android, já vale mais de US$ 1 bilhão mesmo sem entregar nenhum smartphone. O Essential Phone é um flagship que chegará aos primeiros compradores nos Estados Unidos na próxima semana, e os reviews já começaram a aparecer nos veículos americanos.

Em geral, as análises que li sobre o Essential Phone descrevem o smartphone como um produto bom, mas que não compete de igual para igual com outros topos de linha, como um Galaxy S8 ou Google Pixel, diferente do que o preço do aparelho dá a entender: ele será vendido por nada menos que US$ 699, o que inclusive chega a ser 50 dólares mais caro que o iPhone 7.

Android puro, bom desempenho e bateria que dá conta

Mashable, Wired e The Verge fizeram questão de citar o Android 7.1.1 praticamente sem modificações que acompanha o Essential Phone. “Isso é um sopro de ar fresco do Android”, comenta o The Verge, acrescentando que nem mesmo a versão comercializada pela operadora Sprint traz bloatware, crapware, adware ou spyware, dispensando a necessidade do usuário perder tempo desinstalando tranqueiras.

Há, no entanto, algumas pequenas modificações, como um aplicativo de câmera personalizado (que por vezes apresenta lentidão), recursos para que os módulos funcionem corretamente (como uma câmera de 360 graus que pode ser acoplada à traseira) e, claro, uma alteração para que o Android lide corretamente com o corte na tela na região da câmera frontal.

Tanto o Mashable quanto o The Verge atribuem o bom desempenho do Essential Phone ao Android puro, além do hardware parrudo, que é composto por um processador Snapdragon 835, 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento. “Rápido e suave” e “muito bom” foram as palavras utilizadas para descrever a performance do smartphone.

A bateria de 3.040 mAh, embora não seja grande, possui “autonomia excelente, pelo menos quando comparado a outros celulares Android com tela grande”, de acordo com o The Verge, afirmando que ele aguentou mais de sete horas de tela, o suficiente para um dia de uso pesado. O Mashable compara: “a duração de bateria está à altura do iPhone [7 Plus]: dura o dia inteiro, mas não é um maratonista como o Moto Z Play”.

A câmera até tira boas fotos às vezes, mas…

…realmente não é lá aquelas coisas. Os dois sensores de 13 megapixels na traseira (um colorido e outro monocromático) “ocasionalmente tiram fotos bonitas e ricas. Eles também, por algum motivo, ocasionalmente capturam imagens bem iluminadas, com ruídos e mal focadas”, nas palavras de David Pierce, na Wired.

Foto: Mashable
Foto: Mashable

Karissa Bell, no Mashable, notou que a saturação das fotos do Essential Phone é ligeiramente menor que a do iPhone 7 Plus: “Nos meus testes, a câmera do Essential consistentemente produziu fotos com cores mais realistas e detalhes mais nítidos que o meu iPhone. Se você estiver acostumado com aparelhos que saturam mais as cores, então as fotos do Essential podem parecer um pouco lavadas”.

A Essential chegou a liberar uma atualização para melhorar a câmera algumas horas antes da publicação dos reviews nos sites americanos. Dieter Bohn, no The Verge, diz que “normalmente, quando uma fabricante de Android diz que uma câmera ruim pode ser corrigida por uma atualização de software, eu viro meus olhos. Isso porque toda vez que eu ouvi isso no passado, basicamente foi uma mentira”. Mas deu certo: “a atualização melhorou a qualidade da imagem, em alguns casos drasticamente”. Ainda assim, a “câmera um pouco decepcionante” foi citada como ponto negativo.

Design que agrada

Foto: Mashable

“Mesmo que já tenhamos visto o truque dos celulares sem bordas, como o Galaxy S8, ainda é extraordinário ter uma tela tão grande em um celular tão pequeno. A tela de 5,7 polegadas no Essential Phone é maior que a que você terá no iPhone 7 Plus ou Pixel XL, mas o aparelho em si é muito menor”, diz o The Verge, sobre o painel LCD de 2560×1312 pixels (proporção 19:10) do Essential.

David Pierce queria que o Essential fosse “mais leve no bolso, e não tão escorregadio ou propenso a marcas de dedo”, embora no geral tenha gostado. “Ele também não é tão robusto quanto parece. Sim, esse corpo de titânio não sofre com arranhões como um alumínio ou plástico. Mas o Essential Phone não é à prova d’água, o que eu considero hoje uma característica absolutamente necessária em um celular excelente”, diz.

Não é ruim, mas a concorrência é forte

Módulo de câmera de 360 graus do Essential Phone. Foto: Wired

Nenhum review foi negativo na conclusão do Essential Phone, mas todos eles concordam: Andy Rubin e sua equipe fizeram um bom trabalho, mas a concorrência é forte demais, e ainda consegue entregar uma câmera melhor.

“O Essential Phone está fazendo certo: design elegante, tela grande, longa duração de bateria e software limpo. E, além disso, tem a ambição de fazer ainda mais com os módulos. […] Mas, apesar da câmera ser muito boa, ela não está à altura do alto padrão que o resto do mercado de smartphones estabeleceu”, diz o The Verge.

A Wired comenta que “você também perceberá que a Essential, assim como todas as outras [fabricantes], ainda está trabalhando para descobrir como realmente mudar o mercado de smartphones”. Enquanto isso, o Mashable afirma que “embora o Essential Phone seja, por enquanto, longe da perfeição, é difícil não ficar entusiasmado com o que ele poderia ser”.

Ah, e todos reclamaram da ausência do conector de fone de ouvido. Apple, Motorola, Xiaomi, HTC, Essential e amiguinhos, sério, por que diabos vocês estão fazendo isso?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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