Horário de verão não ajuda a economizar energia, diz estudo do ONS

Pesquisa encomendada pelo MME diz que horário de verão não seria efetivo porque pico do consumo de energia mudou para o começo da tarde

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 4 meses
Linhas de transmissão
Linhas de transmissão (Imagem: Domínio Público/PxHere)

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) diz que o horário de verão não garante economia de energia. Segundo um estudo realizado pela entidade, houve uma mudança do horário de pico de consumo, que passou do fim da tarde para o começo da tarde.

A mudança do perfil ocorreu pela popularização dos aparelhos de ar-condicionado. Eles são ligados no início da tarde, quando faz mais calor. Por isso, atrasar o pôr-do-sol em uma hora não teria impacto. Antes, o pico de consumo acontecia no fim da tarde, quando algumas pessoas já estavam em casa e usavam seus eletrodomésticos ao mesmo tempo em que as indústrias ainda estavam funcionando.

A decisão sobre a volta do horário de verão não cabe ao ONS, que adotou uma recomendação neutra. Quem dá a última palavra é o Ministério de Minas e Energia (MME), que encomendou o estudo. Na semana passada, a pasta disse, em nota, que não identificou benefícios no retorno da medida.

Setores pressionam pela volta do horário de verão

A volta do horário de verão vem sendo pedida por setores de turismo, serviços e comércio — além da economia de energia, eles argumentam que isso pode ajudar na retomada dos negócios depois dos fechamentos por causa da pandemia de COVID-19.

Três associações também resolveram se juntar a esse pleito: o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e a Iniciativa Energética Internacional (IEI). Eles defendem que qualquer economia vale neste momento de crise hídrica e energética. O Idec e o ICS falam, inclusive, em uma redução de 2% a 3% no consumo, o que ajudaria a ligar menos usinas termelétricas e baixar a conta de luz.

Crise hídrica é a pior em 91 anos, diz ministro

Em entrevista ao site Poder360, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que a crise hídrica é a pior desde que os registros começaram, há 91 anos. Por causa da falta de chuvas, as usinas hidrelétricas estão tendo dificuldade para produzir a energia necessária para o abastecimento. De acordo com o site do ONS, o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que tem a maior capacidade de geração entre os quatro subsistemas do País, está com apenas 17,97% da sua capacidade. Dois reservatórios estão com 0%: Ilha Solteira e Três Irmãos.

Com informações: Folha de S.Paulo, Poder360

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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