CEO do Telegram alerta sobre instabilidade no app devido à invasão russa

Pavel Durov fez alerta para possíveis interrupções no serviço do Telegram na Europa, depois da invasão russa à Ucrânia; mensageiro é popular nos dois países

Pedro Knoth
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Telegram (imagem: Christian Wiediger/Unsplash)

O cofundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, apontou na manhã desta quinta-feira (24) que o serviço do mensageiro na Europa pode passar por instabilidades devido ao pico de usuários “sem precedentes”. O aviso foi feito após a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada durante a madrugada.

Telegram é popular na Ucrânia e na Rússia

Como resultado do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, Durov foi a seu canal pessoal que faz postagens em russo para alertar sobre possíveis falhas no Telegram. “Como resultado, alguns usuários podem enfrentar interrupções intermitentes de curto prazo em vários serviços do Telegram”, escreveu o CEO do mensageiro.

O Telegram é popular tanto na Rússia quanto na Ucrânia. De acordo com dados da consultoria App Annie, o mensageiro foi o terceiro aplicativo mais baixado por ucranianos no último mês para iOS e Android; no país vizinho de dimensões continentais, ele ocupa o primeiro lugar. O app é uma das principais formas de comunicação em ambos os países.

Durov demonstra compreender a delicadeza do momento — o serviço se tornou essencial para manter a conexão entre pessoas envolvidas no conflito:

“Entendemos que hoje as pessoas precisam de comunicação confiável com seus entes queridos mais do que nunca, e fazemos o nosso melhor para manter a velocidade de envio e recebimento de mensagens alta.”

Com a capacidade de criar canais de distribuição de mensagens sem limite de membros, o app atraiu cada vez mais veículos de notícia e políticos no Brasil. Por aqui, a rede está presente em 60% dos smartphones brasileiros.

Em meio à guerra, surgem dúvidas de como o serviço do mensageiro deve ser afetado, especialmente com ameaças de ciberataques, que vêm prejudicando a infraestrutura da Ucrânia.

Rússia já bloqueou Telegram em 2018, mas desistiu

A relação entre o Kremlin e o Telegram é sensível: o governo da Rússia já decretou o bloqueio aplicativo de Durov em 2018. Naquela época, o Roskomnadzor, órgão que fiscaliza a internet no país, baniu 16 milhões de endereços de IP na tentativa de coibir o uso do mensageiro.

Putin via o Telegram como uma plataforma que poderia ser usada por opositores políticos para incitar manifestações contra seu governo. Efetuado pelo órgão fiscalizador da Rússia, o bloqueio de IPs teve aval do serviço de inteligência russo, FSB (Serviço Federal de Segurança).

Foto por Mariano Mantel/Flickr
Rússia tentou banir Telegram em 2018 bloqueando 16 milhões de IPs (Imagem: Mariano Mantel/Flickr)

Mas a ofensiva do governo para censurar o app acabou em 2020, quando o Kremlin decidiu usá-lo para divulgar informações “oficiais” sobre a pandemia de COVID-19 na Rússia. Para além das informações sanitárias, Moscou transformou o mensageiro em uma ferramenta para propagar informações favoráveis ao governo Putin.

O Telegram foi usado, por exemplo, para viralizar um clipe de um suposto ataque feito por sabotadores ucranianos em Donetsk, região dominada por milícias pró-Rússia, no dia 18 deste mês.

Entretanto, era tudo falso: não eram imagens de um ataque ucraniano, e sim de um exercício militar finlandês de 2010, como apontaram pesquisadores em open source.

Não se sabe se a Ucrânia tem planos para bloquear o Telegram, mas essa tarefa se provou ser praticamente impossível à Rússia. Isso porque era uma perseguição sem fim e com efeitos colaterais. Toda vez que derrubava IPs para tentar banir o app, o governo Putin prejudicava os serviços de grandes empresas, como Amazon e Google: o mesmo endereço que hospedava o mensageiro era base para milhares de companhias.

Com informações: Exame

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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