PrimeWire, site de pirataria, dribla ordem judicial obtida por Netflix e Disney+

Alvo de ações na justiça, site de streaming pirata PrimeWire vem driblando liminar obtida pela Netflix, Dinsey+ e outras gigantes, buscando evitar uma punição permanente

Bruno Ignacio
Por
Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, Apple TV+ e Globoplay em TV da Samsung (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Extremamente popular nos Estados Unidos, a plataforma de filmes e séries piratas PrimeWire foi processada por gigantes do mundo do streaming, como Netflix e Disney+. No entanto, os administradores do site estão driblando as ações judiciais. O domínio original já foi migrado para outro e links para conteúdo protegido por direitos autorais foram removidos em uma tentativa de evitar indenizações milionárias e o desligamento da plataforma.

Para quem não conhece, a PrimeWire é um site muito popular no exterior que oferece streaming para todo tipo de filme, série e programa de TV, tudo de forma gratuita. Claro, isso é pirataria, mas a plataforma se valia de brechas nas leis americanas para operar.

Todos os arquivos eram hospedados em outros lugares e linkados ao site, assim não havia efetivamente o download ou compartilhamento direto, o que é condenado pela justiça dos Estados Unidos como infração de direitos autorais.

Disney, Netflix e outras gigantes processam PrimeWire

Em dezembro de 2021, a Paramount, Universal, Warner, Columbia, Disney e Netflix — representadas pela Motion Picture Association (MPA) — processaram o site de streaming pirata, argumentando que a PrimeWire incentivava usuários a compartilhar links de conteúdo pirata, o que seria uma violação na lei de direitos autorais dos EUA.

Segundo as gigantes do streaming, serviços como Disney+, HBO Max, Hulu, Netflix, Paramount+ e Peacock foram prejudicados pela existência da PrimeWire. Assim, as companhias exigiram no tribunal a reparação de milhões de dólares pela violação e finalmente receberam uma liminar.

A justiça americana ordenou que a plataforma pirata cessasse todas suas atividades ilegais e também exigiu que os controladores dos domínios desativassem três sites da PrimeWire. Logo de cara, o primewire.ag foi suspenso, mas a plataforma continuou suas operações usando outro endereço. Além disso, todo conteúdo foi transferido para um novo servidor que, até o momento, não tomou nenhuma medida.

Site da PrimeWire segue funcionando em novo domínio (Inmagem: Reprodução)
Site da PrimeWire segue funcionando em novo domínio (Imagem: Reprodução/ PrimeWire)

Diante dos esforços da PrimeWire em ignorar as decisões da liminar, as empresas pediram ao tribunal uma medida permanente contra as atividades da plataforma e que impediria o surgimento de novos domínios. Eles também pediram permissão para investigar empresas terceirizadas relacionadas à PrimeWire para formular uma reivindicação de indenização mais precisa.

No final das contas, os operadores da plataforma pirata não compareceram ao tribunal para se defenderem. Mesmo assim, eles certamente estão cientes de todo o problema. Em janeiro deste ano, o site já se preparava para as apreensões de domínio e chegou a tomar medidas para evitá-las. Tanto que, na semana passada, a PrimeWire foi “relançada” em um novo domínio (primewire.tf) e comunicou aos usuários que mudanças estão sendo feitas no site.

PrimeWire avisa usuários que mudanças estão sendo feitas para lidar com liminar (Imagem: Reprodução/ PrimeWire)
PrimeWire avisa usuários que mudanças estão sendo feitas para lidar com liminar (Imagem: Reprodução/ PrimeWire)

“Devido à ação legal recente, é possível que os domínios atuais sejam paralisados ou apreendidos. Para evitar que o novo domínio seja suspenso, algumas alterações serão feitas no site para cumprir liminares temporárias e possíveis ações futuras permanentes.”

A PrimeWire não indicou claramente quais são as mudanças, mas qualquer um que buscar no site algum conteúdo descobrirá rapidamente que todos os links para filmes e programas de TV pirateados foram removidos.

PrimeWire estaria evitando punição permanente

A ação dos administradores do site é curiosa. Pessoas já estão lotando os comentários e perguntando pelos links. Assim, o site pode rapidamente morrer como uma plataforma de streaming pirata e se manter como um fórum de discussão e avaliação de filmes e séries. No entanto, ele perderia a maioria dos usuários.

Porém, pode ser que todas essas medidas sejam temporárias. Do jeito que está, a PrimeWire poderia interromper a concessão de uma medida permanente no tribunal. De qualquer maneira, as gigantes do streaming não vão parar. No último sábado, elas reforçaram em notificação à corte que não importa se ainda existe conteúdo pirateado no site para que a medida judicial seja tomada.

Em uma declaração, Jan van Voorn, chefe antipirataria da MPA (Motion Picture Association), afirmou que o novo site primewire.tf é praticamente idêntico às plataformas antigas. Além disso, ele destacou que em 8 de março de 2022, o site ainda continha ao menos alguns conteúdos pirateados. No dia seguinte, todos os links apontados já haviam sido removidos.

Por fim, o que permanece na PrimeWire são botões de “Assistir Agora” e “Download” que redirecionam o usuário para outra plataforma não vinculada e bem suspeita. Nela, é necessário assinar um serviço pago para ter acesso ao conteúdo. A MPA não forneceu evidências de que esse site terceiro também infringiria direitos autorais.

No entanto, a Associação reitera que isso indica a possível reincidência do compartilhamento de conteúdo pirateado, o que manteria o pedido de uma ação permanente contra a PrimeWire. Caso os domínios não sejam derrubados, a MPA quer que a justiça americana os entregue às empresas lesadas, ou ainda que sejam forçadamente desativados.

Com informações: TorrentFreak

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

Canal Exclusivo

Relacionados