Pirataria “fantasma” no home office vira alvo de empresas e da polícia

Regime home office trouxe à tona o uso de software pirata por funcionários e empresas de design, arquitetura e engenharia, por exemplo

Bruno Ignacio
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No sudeste asiático, empresas e autoridades estão enfrentando um problema que se tornou mais evidente durante a pandemia: a chamada “pirataria fantasma”. O novo termo se refere ao uso de software pirata no trabalho remoto. Funcionários das áreas de design, arquitetura e engenharia, por exemplo, usam programas sem licença em seus computadores.

Home office cria (Imagem: Cottonbro/ Pexels)

Nessas condições, a entrega de grandes trabalhos, como projetos de rodovias e edifícios, podem gerar graves consequências para as empresas envolvidas. Agora, a Software Alliance (BSA) está ajudando as autoridades de fiscalização no sudeste asiático a reprimir companhias que usam software não licenciado.

Polícia realiza dezenas de operações na Ásia

Na Malásia, por exemplo, o Ministério do Comércio Interno e Assuntos do Consumidor realizou sua nona operação neste mês com a ajuda da BSA. Entre as empresas visadas nessas investigações então uma companhia de design de interiores e outra de construção. Há nomes também dos setores de engenharia e arquitetura.

Conforme divulgado pela Software Alliance em um comunicado à imprensa, juntas, essas empresas tinham mais de US$ 150 mil em software não licenciado instalado em seus sistemas. Além disso, os policiais também descobriram que a maioria dos computadores usados ​​pelos estagiários das companhias tinha programas pirateados instalados.

Na Tailândia, a BSA recebeu informações de um funcionário de um estúdio de animação que trabalha para uma plataforma global de streaming, cujo nome não foi divulgado. A denúncia foi repassada à Polícia de Crimes Econômicos e Cibernéticos, que realizou uma operação de busca.

As autoridades verificaram as instalações em Bangkok e os policiais perceberam algo interessante: os funcionários que trabalhavam em home office usavam ferramentas de controle remoto para acessar softwares pirateados e hackeados da empresa.

Em 15 dos 20 computadores analisado, foram encontradas cópias não licenciadas do Autodesk Maya, que é usado para efeitos especiais de filmes e animações. O valor estimado do prejuízo gerado pelos softwares piratas somou quase US$ 200 mil.

O nascimento da “pirataria fantasma”

Produtos piratas (Imagem: Peter Dutton/Flickr)
Pirataria (Imagem: Peter Dutton/Flickr)

Tendo em vista o crescente problema de funcionários remotos usando programas pirateados, a BSA rotulou a prática como “pirataria fantasma”. A organização afirma que manter um software não licenciado em casa não é menos grave do que fazer o mesmo no computador do escritório. Há casos em que as empresas podem estar fazendo isso para reduzir custos e outros em que os funcionários agem sozinhos.

Tarun Sawney, diretor sênior da BSA, afirmou no comunicado:

“O ato de acessar remotamente software não licenciado, descrito como ‘pirataria fantasma’, está ocorrendo entre profissionais de design, criação, animação e engenharia na Indonésia, Malásia, Filipinas e Vietnã, para citar alguns países.”

Na prática, o uso de programas pirateados, especialmente nesses setores, podem causar grandes complicações para os funcionários e para as empresas. A BSA exemplifica que, na entrega de projetos de rodovias e edifícios, por exemplo, o uso de programas não licenciados pode gerar sérias consequências e grandes processos judiciais. Além disso, a qualidade do trabalho entregue foi questionada.

“Nenhum criador pode criar um design de qualidade usando software ilegal e quando esses projetos são para estradas, pontes, linhas ferroviárias e infraestrutura, as empresas também correm grandes riscos”, disse Sawney.

Com informações: TorrentFreak

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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