Twitter acusa Musk de esconder informações importantes sobre compra da rede social

Dados dizem respeito à quantidade de bots que a plataforma teria; empresário desistiu de comprar o Twitter alegando que estimativas de usuários reais eram falsas

Yan Avelino
Por
Elon Musk (Imagem: Tesla Owners Club Belgium/Flickr)

Diante do imbróglio sobre a compra do Twitter por Elon Musk, eis um novo capítulo: segundo o time jurídico da rede social, os próprios cientistas de dados do empresário não teriam encontrado muitos bots na rede social. Em julho, o bilionário suspendeu o processo após suspeitar que a quantidade de robôs no Twitter representaria mais de 20% de todos os perfis. A plataforma, contudo, estima um número abaixo dos 5%.

Nesta terça-feira (27), durante uma audiência, advogados do Twitter revelaram que, às vésperas do encerramento do acordo de aquisição, duas empresas contratadas por Musk teriam divulgado suas estimativas quanto ao número de bots na plataforma.

Uma das companhias, a Cyabra, estimou que o Twitter poderia ter cerca de 11% de contas falsas ou robôs. Já a outra, a CounterAction, afirmou que 5,3% do total de contas na rede social seriam bots.

Segundo um integrante do time jurídico do Twitter, as análises das empresas estão “muito alinhadas com as alegações” da plataforma. “Nenhuma dessas análises apoiou o que Musk disse ao Twitter e ao mundo na carta de rescisão que ele entregou em 8 de julho”, disse.

Agora, o Twitter acusa os advogados de Musk de reter intencionalmente os dados durante a disputa na justiça. A plataforma diz que só teve acesso às análises na terça-feira, mesmo tendo procurado o empresário e sua equipe desde os primeiros dias de negociação.

Musk diz que Twitter o enganou

Decidido a dissolver o contrato, o dono da Tesla afirmou, em julho, que estava recuando devido à estimativa de bots na plataforma divulgada publicamente pelo Twitter, que gira em torno de 5%. O magnata disse que o número de contas falsas, robôs e spam seria “muito” superior a 20%.

A rede social entrou com um processo para forçá-lo a concluir a compra e o caso vai para o tribunal de Delaware, nos EUA, no próximo mês. O julgamento está previsto para o dia 17 e deve durar cinco dias.

Musk argumenta que o Twitter teria enganado o público, os investidores e ele “propositalmente” sobre o número de contas reais na rede social. O empresário alega fraude e diz que isso o permite recuar da negociação sem quaisquer custos.

Elon Musk critica bitcoin e indica que Tesla pode vender suas reservas (Imagem: Steve Jurvetson/Flickr)
Musk desistiu de comprar o Twitter em julho deste ano por não concordar com estimativa da empresa. (Imagem: Steve Jurvetson/Flickr)

Ex-funcionário acusou Twitter de mentir sobre bots

No início deste mês, Musk alterou o processo para incluir novas acusações baseadas na fala de Pieter “Mudge” Zatko, ex-chefe de segurança do Twitter.

Entre elas estão a de que o Twitter teria violado um acordo feito em 2011 com a FTC em relação à segurança dos dados dos usuários. Outra acusação alega que a empresa não teria licenças de propriedade intelectual sobre alguns projetos de aprendizado de máquina.

Elon Musk afirma agora que essas questões também corroboram para a saída dele do acordo. No entanto, especialistas jurídicos não estão convencidos de que os argumentos dele sejam fortes a ponto de fazê-lo vencer a disputa judicial.

O Twitter, por sua vez, disse que investigou e abordou todas as alegações levantadas por Zatko enquanto esteve na empresa. Agora, a rede social busca a ligação entre Musk, seus assessores e o ex-chefe de segurança.

Com informações: Financial Times, ArsTechnica

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Yan Avelino

Yan Avelino

Ex-autor

Yan Avelino é natural de Recife (PE) e estuda Jornalismo na UNINASSAU. Foi repórter do Portal Tracklist em 2020 e do MacMagazine, onde cobriu a WWDC em 2021. Também passou pela TV Guararapes, emissora afiliada à RecordTV em Pernambuco, atuando como produtor de reportagem da versão local do Cidade Alerta. No Tecnoblog, foi autor em 2022.

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